Browsing by Author "Sousa, Soraia Guerra"
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- Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de riscoPublication . Sousa, Soraia Guerra; Oliveira, José António Martinez Souto de; Moreira, Ana Lúcia RodriguesIntrodução. A prevalência da depressão nas mulheres é aproximadamente duas vezes superior à dos homens. Estima-se que a prevalência de depressão pós-parto em Portugal seja de 12.4% na semana que se segue ao parto e 13.7% nos três meses seguintes. Vários fatores de risco têm sido investigados com resultados contraditórios que se devem provavelmente à natureza complexa e multifatorial da perturbação. O objetivo deste estudo foi a avaliação da prevalência de sintomatologia depressiva e dos seus fatores de risco em puérperas do Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE. Metodologia. Foi aplicada a Escala de Depressão Pós-parto de Edinburgh em 168 mulheres durante as primeiras 72 horas pós-parto (EPDS1) no setor de internamento de Obstetrícia e novamente após 28 a 32 dias por entrevista telefónica (EPDS2). Junto com a EPDS1 as puérperas preencheram também um inquérito sociodemográfico, a escala de Graffar e a Escala de Satisfação em Áreas da Vida Conjugal (EASAVIC). Resultados. A amostra foi constituída por mulheres com idades entre os 17 e os 42 anos (Média=30.18, SD=5.057). A prevalência de sintomatologia depressiva determinada pela positividade da escala (EPDS>13) foi de 7.1% e de 1.3% para a EPDS1 e EPDS2, respetivamente. As puérperas com história pessoal psiquiátrica tiveram uma maior frequência de EPDS1 e EPDS2 positivas, relativamente aquelas sem história. Uma estrutura familiar uniparental ou reconstituída, história de interrupção da gravidez não especificada, gravidez de risco e classe socioeconómica inferior na Escala de Graffar também estiveram associadas a uma frequência superior de EPDS2 positiva. Por fim, houve ainda uma associação estatisticamente significativa entre uma pontuação inferior na EASAVIC, puérperas multigestas e um nível académico médio/alto e uma EPDS1 positiva. Nenhuma das outras variáveis influenciou a pontuação em nenhumas das avaliações da EPDS. Discussão. A prevalência de sintomas depressivos na amostra foi consideravelmente mais baixa quando comparada com outros estudos em Portugal, particularmente no mês que se seguiu ao parto. O fator de risco mais consistente para uma resposta positiva e, consequentemente, para um maior risco de DPP, foi a presença de história psiquiátrica pessoal, que pode ajudar a identificar mulheres que beneficiariam de um seguimento mais apertado. Uma pontuação inferior da EASAVIC apenas foi significativa nas primeiras 72 horas, enquanto a história de interrupção de gravidez, gravidez de risco e classe socioeconómica baixa foram significativas no final do primeiro mês pós-parto. Por último, conclui-se que nesta população pode ser exequível a utilização da EPDS nas primeiras 72 horas pós-parto para avaliar o risco de DPP no mês subsequente, uma vez que a EPDS2 está relacionada com a EPDS1, permitindo orientar atempadamente as puérperas para o apoio de que necessitam.