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- Risco de Acidente Cerebrovascular e Cardiopatia Isquémica em Doentes com Doença Inflamatória IntestinalPublication . Gonçalves, Marisa da Conceição Correia; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro deA prevalência e incidência da doença inflamatória intestinal têm vindo a aumentar com o passar dos anos, não só em Portugal como também no resto do mundo. A sua etiologia permanece objeto de estudo, gerando controvérsia quanto aos mecanismos envolvidos no seu desenvolvimento e progressão. Associada a esta doença estão diversas manifestações extraintestinais, inerentes à sua componente inflamatória sistémica, dentro das quais se inclui atualmente a doença vascular. Eventos patogénicos como aterotrombose, vasculite, anormalidades da coagulação e anormalidades da função plaquetária contribuem em larga escala para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares nestes doentes. Dados disponíveis atualmente sugerem que os pacientes com doenças inflamatórias sistémicas, como a doença inflamatória intestinal, têm uma prevalência aumentada de eventos cardiovasculares quando comparados com a população em geral, levando a um aumento da morbilidade cardiovascular e suas complicações associadas. A doença inflamatória intestinal em específico, apresenta um aumento modesto no risco de cardiopatia isquémica e acidente cerebrovascular, particularmente no sexo feminino e adultos jovens, ainda que haja uma grande heterogeneidade nos estudos desenvolvidos. Este risco aumentado encontra-se relacionado não só com a inflamação crónica sistémica presente nestes pacientes, como também com o nível de atividade da doença. A importância de realizar esta revisão bibliográfica parte da necessidade de colmatar uma lacuna existente nos estudos de correlação entre doença inflamatória intestinal e eventos cardiovasculares. Alertar os profissionais de saúde para as implicações que a doença inflamatória intestinal pode ter a nível da principal causa de morte em Portugal, sensibilizar para a necessidade de realizar mais estudos prospetivos nesta área e desenvolver normas específicas de abordagem a estes doentes são metas a atingir num futuro recente. É de extrema importância que os especialistas em doença inflamatória intestinal tenham presente esta estreita relação entre a inflamação crónica sistémica associada a esta doença e o risco cardiovascular aumentado, particularmente nos pacientes jovens, de modo a alterarem a abordagem feita a estes doentes nas consultas de seguimento. Devido à falta de normas oficiais e específicas para esta condição, os doentes com doença inflamatória intestinal complicada por cardiopatia isquémica e/ou acidente cerebrovascular, devem ser abordados de acordo com as normas existentes para a população geral, com as devidas precauções de acordo com a sua condição clínica. O risco benefício das terapias aplicadas, seja no tratamento agudo seja na prevenção secundária, deve ser sempre pesado cuidadosamente. Terapia individualizada e estratégias para gestão da doença inflamatória crónica, dos fatores de risco cardiovascular e das comorbidades vão permitir atingir melhores resultados nestes pacientes.
- Talidomida: o fármaco revisitadoPublication . Táboas, Alexandra Cláudia de Sousa; Granadeiro, Luiza Augusta Tereza Gil Breitenfeld; Vedes, Joana Maria MassenaIntrodução: A Talidomida, pequena molécula derivada do ácido glutâmico, começou a ser comercializada na década de 50 com intuitos hipnótico e sedativo e rapidamente se transformou num fármaco de prescrição maciça. Devido ao facto de ser um medicamento não sujeito a receita médica em quase todo o Mundo, acessível por isso à população em geral, integrou uma série de compostos de venda livre destinados ao alívio das cefaleias, ansiedade e vómitos nas grávidas, iniciando-se assim o nascimento exponencial de bebés com diversas malformações congénitas devidas aos efeitos teratogénicos do fármaco. Em 1962, quando já haviam nascido mais de 10.000 bebés com deficiências a ele associados (a chamada "geração talidomida"), o fármaco foi removido da lista dos medicamentos autorizados. Apesar da sua trágica carga histórica, este fármaco ressurgiu recentemente no panorama farmacêutico como uma possibilidade eficaz e promissora no tratamento de várias doenças inflamatórias, autoimunes e neoplásicas, como o Mieloma Múltiplo, dada a sua ação imunomoduladora, anti-inflamatória e anti-angiogénica. A sua reintrodução no mercado veio levantar algumas questões de índole ética e legislativa que viriam a ser resolvidas com a implementação de um apertado sistema de controlo de prescrição, designado como “System for Thalidomide Education and Prescribing Safety” – STEPS. Objetivo: O propósito deste trabalho visa a abordagem das características, da história e da aplicabilidade atual deste fármaco, a partir dum caso clínico real em que a talidomida foi utilizada, com êxito e sem efeitos secundários, no âmbito das suas atuais indicações. Materiais e métodos: Foi revisto o caso clínico da doente em questão, consultados documentos de instituições nacionais (HSM e Celgene) e efetuada uma revisão sistemática do tema a partir da análise de artigos científicos pesquisados em bases de dados internacionais (PUBMED) e em revistas nacionais. Discussão: O plano terapêutico instituído no caso clínico de Mieloma Múltiplo apresentado, foi um regime que combinou a associação clássica de melfalan/prednisolona com a talidomida, tendo a doente entrado em remissão após cerca de um ano e dois meses de terapêutica. Este facto vai de encontro às evidências do potencial terapêutico da talidomida no Mieloma Múltiplo, já previamente descrito em diversos artigos e estudos científicos. Consegue pois perspetivar-se um futuro promissor para um fármaco com uma história trágica.
