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- Eosinofilia como biomarcador na DPOCPublication . Mendonça, Cristiana Inês Salvador; Silva, José Manuel Paulo daA Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, apesar de constituir uma patologia prevenível, é muito comum e corresponde a uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, assumindo-se como um importante problema de saúde pública. Os critérios diagnósticos atuais não captam a complexidade dos diferentes fenótipos inflamatórios que contribuem para a obstrução aérea, característica da doença. Tradicionalmente predominam neutrófilos acompanhados de macrófagos alveolares, linfócitos T e linfócitos B contudo, aproximadamente um terço dos pacientes com doença estável apresenta evidências de inflamação eosinofílica, sendo também registado um aumento no nível de eosinófilos durante exacerbações agudas em até 28% dos casos. A procura por ferramentas diagnósticas minimamente invasivas e de fácil aplicação que possam prever a eosinofilia nas vias aéreas tem-se intensificado, sendo que a contagem de células no sangue periférico, um exame laboratorial simples, poderá identificar estes pacientes. Embora o limiar de eosinófilos associado a relevância clínica esteja atualmente sujeito a debate, elevados níveis sanguíneos de eosinófilos foram associados ao declínio na função pulmonar e a exacerbações mais frequentes todavia, poderão também predizer uma resposta mais eficaz aos corticosteroides a respeito da melhoria da função pulmonar e na prevenção e tratamento de episódios de exacerbação. Por conseguinte, as contagens de eosinófilos parecem ter potencial como biomarcador de prognóstico e terapêutico, apesar de mais estudos conclusivos serem ainda necessários. Como os corticosteroides não são isentos de riscos, várias terapias biológicas direcionadas à inflamação eosinofílica estão em desenvolvimento.
- Características clínicas e funcionais dos fenótipos da DPOC e a sua relevância na abordagem ao doente com DPOCPublication . Gomes, Catarina Pereira; Gomes, Rita Daniela MatosIntrodução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma patologia complexa, com significativa heterogeneidade na apresentação clínica, progressão da doença e resposta à terapêutica entre doentes com o mesmo grau de obstrução ao fluxo de ar. Numa tentativa de abordar esta variabilidade, surgiu o termo “fenótipo”, “atributo ou conjunto de atributos que descrevem diferenças entre os doentes, tendo por base parâmetros clinicamente significativos (sintomas, exacerbações, resposta ao tratamento, taxa de progressão da doença ou mortalidade)”. As Guidelines espanholas para a doença pulmonar obstrutiva crónica surgiram em 2012 e foram as primeiras a introduzir uma abordagem por fenótipos na prática clínica, propondo a seguinte divisão: não-exacerbadores, exacerbadores com enfisema, exacerbadores com bronquite crónica e doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC. O presente estudo tem como objetivo verificar se existem diferenças clínicas e funcionais significativas entre estes 4 fenótipos, por forma a avaliar a pertinência e importância da fenotipagem na abordagem clínica e terapêutica à DPOC. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo retrospetivo de uma amostra de 95 doentes com diagnóstico estabelecido de DPOC, selecionados aleatoriamente a partir do conjunto de doentes seguidos em consulta externa de Pneumologia da Unidade Local de Saúde da Guarda. A definição dos fenótipos teve por base as guidelines espanholas para a doença pulmonar obstrutiva crónica. As diferentes variáveis foram recolhidas através da consulta do processo clínico eletrónico de cada doente. Para a análise estatística dos dados recorreu-se ao software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS), tendo-se realizado uma análise descritiva e inferencial dos resultados, aplicando os testes de Kruskal-Wallis e qui-quadrado. Resultados: Os não exacerbadores foram o fenótipo mais frequente (62.1%), seguindo-se os doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC (15.8%), exacerbadores com enfisema (11.6%) e exacerbadores com bronquite crónica (10.5%). Na comparação entre fenótipos, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no que toca à idade, sexo, carga tabágica, status tabágico e declínio da função pulmonar. Doentes não exacerbadores e com síndrome de sobreposição asmaDPOC demonstraram melhor função pulmonar e melhor capacidade de difusão do monóxido de carbono relativamente aos fenótipos exacerbadores. Exacerbadores com enfisema demonstraram um menor índice de massa corporal, maiores níveis de dispneia e maior necessidade de oxigenoterapia de longa duração. Exacerbadores com bronquite crónica obtiveram um maior índice de massa corporal e piores valores gasimétricos. Doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC revelaram ter mais exacerbações relativamente aos não-exacerbadores, mas menos em relação aos exacerbadores. A terapêutica tripla com broncodilatação dupla e corticoide inalado foi a mais usada em todos os fenótipos, exceto nos não exacerbadores onde a terapia apenas com broncodilatação dupla foi a mais frequente. Todos os indivíduos com síndrome de sobreposição asma-DPOC estavam sob corticoterapia inalada. Conclusões: De forma concordante com outros estudos, os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram diferenças clinicamente relevantes entre os 4 fenótipos analisados, diferenças estas que parecem justificar a fenotipagem para uma abordagem mais personalizada dos doentes com DPOC. Não obstante, é necessária mais investigação para avaliar o curso natural de cada fenótipo e perceber se a abordagem terapêutica baseada nestes está associada a melhores resultados clínicos.
