Browsing by Issue Date, starting with "2022-01-04"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- O processo de turnaround nas PME portuguesasPublication . Saraiva, Graça Maria Ferreira de Oliveira; Ferreira, João José de Matos; Alves, Maria do Céu Ferreira GasparEsta tese, que tem como objetivo analisar o processo turnaround, é constituída por quatro ensaios (um primeiro estudo concetual e três estudos empíricos), através dos quais se procura identificar os fatores explicativos do declínio empresarial nas pequenas e médias empresas (PME) e analisar o papel do sistema de contabilidade e controlo de gestão (SCCG) e das ferramentas digitais na estratégia de recuperação. O primeiro ensaio (Capítulo II), intitulado “O que se sabe sobre o processo turnaround? Uma revisão da literatura”, tem como objetivo explorar a literatura científica existente sobre o turnaround, procurando esclarecer o conceito e aferir a evolução da pesquisa neste campo de investigação. Para alcançar o objetivo proposto, procedeu-se a uma análise do estado da arte relativamente ao processo turnaround, através de uma revisão da literatura. Constata-se que, apesar de mais de quatro décadas de investigação sobre o tema, existe alguma fragmentação e falta de consensos nos diversos estudos. Também se conclui que os fundamentos teóricos aplicados em muitos estudos são insuficientes para a definição de uma teoria ampla e consistente. A opção metodológica utilizada nos Capítulos III e IV corresponde a uma abordagem quantitativa. Para a recolha de dados/evidências foram auscultadas PME portuguesas, através de um inquérito por questionário. No segundo ensaio (Capítulo III), intitulado “Declínio e postura estratégica das PME”, procura-se identificar os fatores que explicam o declínio nas PME, através de uma análise empírica de caráter quantitativo. A generalidade da literatura conceitua o declínio empresarial como indutor do processo turnaround. Neste sentido, procura-se avaliar de que forma o meio envolvente, a postura estratégica e a estrutura organizacional contribuem para o declínio e para o desempenho das PME. Através dos resultados obtidos, chega-se à conclusão que uma postura estratégica empreendedora e uma estrutura organizacional orgânica contribuem positivamente para um melhor desempenho e podem travar o declínio das PME num meio envolvente hostil. Com o terceiro ensaio (Capítulo IV), intitulado “Os Sistemas de Contabilidade e Controlo de Gestão (SCCG) na recuperação das empresas em situação de turnaround”, procura-se aferir qual o papel dos SCCG na estratégia de turnaround das PME, visto que o processo turnaround pressupõe uma mudança estratégica, intrinsecamente relacionada com mecanismos de controlo de gestão. Os SCCG podem mostrar-se fundamentais para a melhoria do desempenho e permitir alcançar o sucesso das PME em dificuldades. Nessa perspetiva, procura-se analisar a forma como são utilizados os SCCG nas empresas em situação de turnaround, analisar o impacto de algumas especificidades dos SCCG no desempenho das empresas em situação de turnaround e averiguar se existem diferenças no papel que é atribuído ao SCCG entre as PME em situação de turnaround e outras PME. Os resultados revelam que há uma menor utilização da informação, proporcionada pelo SCCG, e uma maior ausência de planeamento estratégico formal nas empresas em turnaround, em comparação com as outras PME. No quarto ensaio (Capítulo V), intitulado “Turnaround: o declínio, a estratégia de recuperação, a influência dos SCCG e as implicações da revolução digital”, corresponde a um estudo de caso múltiplo. Este é um estudo qualitativo, com foco em três vertentes: como e porquê as PME declinam, como é que os SCCG contribuem (ou não) para a melhoria do desempenho das PME em situação de turnaround, e como é que as ferramentas digitais contribuem (ou não) para o sucesso das PME em situação de turnaround. Neste estudo, pretende-se complementar e confrontar os resultados obtidos nos estudos apresentados nos capítulos anteriores. Adicionalmente, e face ao atual contexto de transformação digital, também se analisa como é que as ferramentas digitais podem contribuir para o sucesso do processo turnaround. Procura-se comparar casos de sucesso e insucesso, no decurso do processo turnaround, para melhor compreender as causas do declínio e encontrar as estratégias de resposta, assim como avaliar os impactos do SCCG durante o processo turnaround. Os resultados destacam como principal causa interna do declínio a deficiente estratégia de condução de negócios, com ênfase na falta de uma liderança forte, na ausência de controlo de gestão, numa política conservadora e no excesso de centralismo nos órgãos de decisão. Quanto à análise do papel dos SCCG no processo turnaround, concluiu-se que existe evidência que indica que os mesmos poderão funcionar como fator relevante no apoio à implementação das estratégias, no processo turnaround. Nos casos estudados, verifica-se que no início do processo turnaround, os SCCG eram considerados insuficientes. Contudo, na estratégia turnaround comum aos casos de sucesso, foram implementados SCCG adequados. Comprova-se ainda que as empresas em turnaround alteraram os procedimentos e têm vindo a adaptar-se à nova era digital. Para além da agilização dos procedimentos administrativos e do controlo de gestão, da redução de custos nas comunicações, da agilização na comunicação interna e externa, as ferramentas digitais, nalguns casos, tornaram-se essenciais para o desenvolvimento do negócio. Uma vez que foram aplicadas diferentes metodologias nos diferentes ensaios, constata-se que esta tese apresenta resultados empíricos díspares, pois enquanto os resultados da análise quantitativa subestimam a utilização do SCCG formalizado (contabilidade de gestão), no estudo de casos múltiplos, os casos de sucesso indicam que a sua existência é fundamental para articular as principais atividades definidas no plano estratégico. Assim, a contribuição inovadora desta tese está no estudo de diferentes fatores integrantes do fenómeno turnaround, desde a estratégia de gestão face ao declínio à utilização dos SCCG e das ferramentas digitais nas fases de recuperação das PME. Há efetivamente uma carência de estudos em torno do turnaround que congreguem o papel dos SCCG na estratégia de recuperação, assim como o aproveitamento das ferramentas digitais no respetivo processo. Para além dos resultados que esta investigação poderá proporcionar a qualquer investigador que se interesse pelas PME em situação de risco, ou mesmo para a sua prevenção, poderá interessar também a empreendedores, a donos, a gerentes, a gestores das PME portuguesas, e outros potencialmente interessados.