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- Eficácia da Terapia de Manipulação Vertebral na gestão terapêutica de cefaleias: Revisão SistemáticaPublication . Maia, Mónica Sofia Nogueira; Simões, José Augusto Rodrigues; Craveiro, José Filipe MoreiraIntrodução: As cefaleias são uma das principais causas de procura de cuidados médicos a nível mundial e são, também, o problema neurológico que mais causa incapacidade globalmente. O tratamento preconizado para as cefaleias assenta, geralmente, numa combinação de medidas não-farmacológicas e farmacológicas, com maior ênfase nestas últimas. Contudo, esta terapêutica convencional, além de nem sempre permitir alcançar um controlo satisfatório dos sintomas, também acarreta algumas desvantagens, nomeadamente o facto de necessitar de longos períodos de tratamento e de poder apresentar vários efeitos adversos. A alta prevalência das cefaleias, associada à baixa eficácia dos tratamentos convencionais tem conduzido a um aumento considerável da procura por terapias alternativas. Estudos clínicos recentes têm vindo a relatar efeitos benéficos no controlo da dor, resultantes da aplicação da terapia de manipulação vertebral, propondo-a como potencial alternativa na gestão de doentes com cefaleia. Objetivos: Determinar a eficácia e segurança da aplicação de terapias de manipulação vertebral na gestão terapêutica de cefaleias em adultos, com base na evidência científica existente. Metodologia: Foi elaborado e publicado um protocolo com estratégia de investigação na plataforma PROSPERO e realizada uma pesquisa na MEDLINE/PubMed, Cochrane e Scopus de ensaios clínicos publicados em inglês e português, entre 2011 e agosto de 2021. Utilizaram-se as palavras-chave: "spinal manipulation" OR chiropra* AND (headaches OR migraine). A pesquisa, seleção e análise dos artigos foi realizada de forma independente por dois investigadores e um terceiro foi chamado nas situações de desempate. Procedeu-se à análise de viés através das ferramentas RoB 2 e ROBINS-I. Os principais outcomes analisados foram a eficácia da terapia de manipulação vertebral na gestão terapêutica das cefaleias (sobre a intensidade, frequência e duração da dor) e o seu impacto na qualidade de vida dos doentes. Resultados: Na presente revisão foram incluídos doze ensaios clínicos que estudaram a eficácia da terapia de manipulação vertebral na gestão terapêutica de cefaleias, tendo sido utilizados oito Randomized Controlled Trials e quatro não-Randomized Controlled Trials. A terapia de manipulação vertebral parece conseguir reduzir a frequência e intensidade dos episódios de cefaleia, sendo estes resultados verificáveis tanto em pacientes com cefaleias primárias como cefaleias secundárias. Estes resultados foram verificados imediatamente após a aplicação da intervenção em estudo, mas também a longo prazo. Por outro lado, não há informação que permita concluir a existência de benefício terapêutico sobre a duração das crises de cefaleia nem melhoria significativa da qualidade de vida dos pacientes. No entanto, o elevado risco de viés apresentado por alguns dos estudos analisados não pode ser desprezado. Conclusão: A terapia de manipulação vertebral tem potencial para se tornar uma terapia complementar na gestão de doentes com cefaleias, com especial importância na diminuição da frequência e da intensidade dos episódios de cefaleia. No entanto, a existência de um considerável risco de viés na atual evidência científica compromete a sua qualidade e dificulta a sua aplicabilidade clínica imediata. Recomendamos a realização de novos ensaios clínicos com metodologias mais rigorosas e robustas e que permitam introduzir, com mais segurança e de forma definitiva, a terapia de manipulação vertebral na abordagem terapêutica da população que sofre deste distúrbio.
- Avaliação da qualidade da Consulta Aberta de Hipertensão Arterial do Centro Hospitalar Universitário Cova da BeiraPublication . Chesanovskyy, Vadym; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro de; Rodrigues, Manuel de CarvalhoIntrodução: A Consulta Aberta de Hipertensão Arterial foi criada com intuito de melhorar o acesso dos pacientes com HTA a uma consulta especializada de disponibilidade permanente para promover os conhecimentos, controle e tratamento adequado da mesma. Considerando ser um projeto recente e inovador, suscitou grande interesse avaliar a qualidade dos serviços prestados na referida consulta, na perspetiva dos pacientes, assim como encontrar estratégias de melhoria da qualidade do seu funcionamento. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo transversal e descritivo-correlacional, tendo se recorrido à aplicação de questionários aos pacientes que recorreram à consulta, no período de dezembro de 2021 a janeiro de 2022, com 86 questionários incluídos na análise dos dados. Para construção do questionário foram considerados os seguintes indicadores de qualidade: índices de satisfação, impacto sobre os conhecimentos dos fatores de risco de HTA, impacto sobre os sintomas e hábitos de risco, adesão à medicação com base na “Escala de adesão à terapêutica anti-hipertensora de HillBone”. Resultados: A média de idades dos participantes foi de 60,1 anos, com distribuição quase equitativa entre os sexos. Em relação à referenciação, a destacar que 68,6% da amostra foram referenciados pelos profissionais de saúde, seguido de farmácias comunitárias 18,6%. Apenas 1 pessoa foi referenciada através de meios de comunicação social. Observamos altos índices de satisfação global, com uma média de 4.69 valores numa escala de Likert de 5 pontos. Na satisfação por áreas, os maiores índices de satisfação foram obtidos relativamente aos “cuidados de enfermagem” (4,72 valores) e aos “cuidados médicos” (4,64 valores). Obtiveram-se igualmente os melhores resultados na correlação entre a satisfação global e satisfação por áreas, nessas mesmas áreas. Na avaliação do impacto sobre os conhecimentos dos fatores de riscos de HTA, as frequências das respostas “Soube após a(s) consulta(s)” oscilaram de 10,5% para 45,3% entre 6 informações apresentadas. Mais que metade dos fumadores e consumidores de álcool afirmaram ter cessado ou reduzido a intensidade do(s) hábito(s) nocivo(s). Verificamos altos níveis de adesão à medicação (34,4 valores dos 36 possíveis), sendo que 60,3% cumpriram critério de “adesão perfeita”. Conclusões: Podemos concluir que a Consulta Aberta de Hipertensão Arterial presta cuidados de qualidade, na qual os cuidados prestados vão ao encontro das expetativas dos pacientes, o que foi confirmado pelos altos índices de satisfação dos mesmos. Além disso, conseguiu impacto positivo sobre conhecimentos dos fatores e hábitos de risco e demonstrou altos índices de adesão após as consultas.
- Impacto Prognóstico dos Marcadores Inflamatórios em Doentes com Hipertensão ArterialPublication . Soares, Pedro Henrique Roque; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro de; Rodrigues, Manuel de CarvalhoIntrodução: A Hipertensão Arterial (HTA) apresenta uma elevada prevalência a nível mundial e é um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV). É, por isso, um importante e sério problema na saúde pública da atualidade. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, as DCV representavam 29,9% do total de óbitos a nível nacional em 2019, e segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão estima-se que a nível da Europa 30 a 45% da população seja hipertensa. A progressão da HTA pode levar a desfechos como as lesões de órgãos alvo (LOA) e a morte. Por esta razão, encontrar novos métodos e relações que possam antever o desenvolvimento de LOA causadas pela HTA torna-se crucial. Daqui nasce o foco deste estudo: compreender o contexto epidemiológico da HTA, analisar a realidade prática da utilização de biomarcadores no seguimento de doentes hipertensos e, como objetivo principal, avaliar o valor prognóstico de dois marcadores inflamatórios comuns na prática clínica, Proteína C-Reativa (PCR) e Contagem de Leucócitos (CL), na progressão da HTA. Materiais e Métodos: Estudo observacional retrospetivo com recolha e análise de dados relativos a 247 doentes participantes na consulta da Hipertensão do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2021, por meio dos registos clínicos e conforme os critérios de inclusão e exclusão. Foi utilizado o valor médio de CL e PCR, os quais foram calculados através do valor registado em três momentos distintos. Resultados: Da amostra recolhida 51,8% são do sexo masculino e 48,2% do sexo feminino. A idade média foi de 66,17 anos. Um aumento da CL média e PCR média foi significativamente associado com o aumento na probabilidade de ocorrer morte ou desenvolver LOA. Na análise logística ajustada, para o evento morte, por cada 1 mg/dL de PCR média adicional a probabilidade de morte aumentou por 82,7% (p=0,041). Por cada unidade de PCR média ou CL média adicional a probabilidade de desenvolvimento de LOA aumentou por 347,4% (p=0,005) ou 89,6% (p<0,001), respetivamente. Verificou-se também que ambos os marcadores inflamatórios têm uma associação com o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, hipertrofia ventricular esquerda, acidente vascular cerebral/acidente isquémico transitório e doença renal, com exceção do enfarte agudo do miocárdio que apenas mostrou relação com a PCR. Conclusão: O contexto epidemiológico da amostra demonstrou-se próximo dos valores expostos na literatura apreciada. A CL e a PCR, testes facilmente disponíveis e amplamente utilizados na prática clínica, mostraram-se importantes peças para o estudo e o cálculo do risco cardiovascular. Estes resultados suportam a hipótese de que a inflamação aparenta ser um passo crucial no desenvolvimento e progressão da DCV.