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- Adenocarcinoma do Pâncreas e Diabetes Mellitus: Uma relação de dois sentidosPublication . Azevedo, Maria Luís Moreira; Oliveira, Maria Elisa Cairrão Rodrigues; Azevedo, Mariana MoreiraIntrodução: A diabetes mellitus e o adenocarcinoma ductal do pâncreas são duas patologias que, além de partilharem o seu órgão de ação, o pâncreas, e de serem associadas a uma elevada morbimortalidade mundial, possuem, presumivelmente, uma íntima relação, causal e bidirecional, entre elas. Contudo, os mecanismos responsáveis por esta interação de dois sentidos continuam escassamente elucidados e, consequentemente, as oportunidades de prevenção, que esta associação pode permitir, continuam por explorar. Objetivos: Esta dissertação visou analisar a relação causal bidirecional da diabetes mellitus com o adenocarcinoma ductal do pâncreas e, com base nos dados obtidos, averiguar a existência de possíveis oportunidades diagnósticas, de prevenção e de deteção precoce, subjacentes a esta correspondência. Métodos: Para a realização desta dissertação, procedeu-se a duas pesquisas bibliográficas de artigos científicos, ambas nas plataformas PubMed, Scopus e Nature. Para a primeira pesquisa utilizaram-se as seguintes palavras-chave: pancreatic adenocarcinoma AND (diabetes OR hyperglycemia) AND risk factor. Já para a segunda pesquisa bibliográfica utilizaram-se as palavras-chave: pancreatic adenocarcinoma AND (diabetes OR hyperglycemia) AND (screening OR prevention). Resultados: Foram analisados 17 artigos que abordaram a relação entre a diabetes mellitus e o adenocarcinoma do pâncreas e os possíveis mecanismos fisiopatológicos responsáveis. Verificou-se um risco quase duas vezes superior de adenocarcinoma do pâncreas nos diabéticos, por processos inflamatórios, metabólicos e mutacionais, e uma prevalência de diabetes de quase 70% no adenocarcinoma do pâncreas, sugerindo um fenómeno paraneoplásico. Posteriormente, foram analisados 14 artigos que exploraram o leque de oportunidades de prevenção e diagnóstico precoce que a relação dissecada nesta dissertação possibilita, como biomarcadores sanguíneos, ferramentas de apoio à decisão clínica, modelos de predição de risco, testes poligénicos preditivos e nanotecnologia. Conclusão: Constatou-se, efetivamente, uma dualidade de sentidos da relação entre a diabetes mellitus e o adenocarcinoma do pâncreas, por mecanismos metabólicos, inflamatórios, proteómicos e de sinalização. Deste modo, é imperativo estudar e usufruir das oportunidades de prevenção que esta associação fornece e preencher as lacunas na investigação deste tema, com um maior acompanhamento longitudinal e maiores amostras.
- Exposição ao Bisfenol A, um novo fator de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial?Publication . Antunes, João Pedro da Costa; Oliveira, Maria Elisa Cairrão RodriguesIntrodução: Em 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte a nível global, sendo que a hipertensão arterial (HTA) é o principal fator de risco para o seu desenvolvimento. Além disso, a HTA é a principal causa de morte prematura e de anos de vida ajustados à incapacidade (DALYs) em todo o mundo. Apesar da enorme evolução na compreensão desta doença, a prevalência de HTA continua a aumentar, por isso, é fundamental conhecer os seus fatores de risco. Atualmente, a população está exposta a vários produtos químicos sintéticos que podem ter consequências nocivas para a saúde humana. Dentro destes produtos, destacam-se os disruptores endócrinos (EDC´s) que, através da sua ação no sistema hormonal, podem conduzir ao desenvolvimento de várias patologias. Um dos disruptores endócrinos com maior volume de produção em todo o mundo é o bisfenol A (BPA), um estrogénio sintético que tem a capacidade de atuar como antagonista ou agonista dos recetores de estrogénio. Tendo em conta que os estrogénios têm um efeito protetor na regulação da pressão arterial e o bisfenol A tem a capacidade de atuar nestes recetores, será que a exposição a esta substância pode contribuir para o desenvolvimento de hipertensão arterial? Objetivos: Esta revisão bibliográfica visa determinar se existe uma relação entre a exposição ao bisfenol A e o desenvolvimento de hipertensão arterial, através da análise de estudos epidemiológicos observacionais em humanos e estudos experimentais em humanos, animais e in vitro. Métodos: Para a realização desta dissertação realizou-se uma pesquisa bibliográfica nas diferentes bases de dados PubMed, Google e Google scholar, Springer e Elsevier, com a seguinte combinação de termos: bisphenol A OR BPA AND hypertension OR high blood pressure OR arterial hypertension. Resultados: Da pesquisa epidemiológica resultou a análise de 13 artigos, sendo que 10 artigos encontraram uma associação entre a exposição ao BPA e HTA, enquanto que 3 não encontraram qualquer associação. Foram ainda analisados 6 artigos experimentais que descrevem uma interação entre o BPA e mecanismos promotores do desenvolvimento de HTA. Conclusão: Como resultado dos artigos analisados, parece existir uma associação positiva entre a exposição ao BPA humana e o desenvolvimento de HTA. O BPA tem a capacidade de atuar, pelo menos, através de quatro mecanismos de ação: (1) regulação do tónus vascular mediado pela angiotensina II e óxido nítrico (NO; (2) aumento da proliferação de células musculares lisas vasculares; (3) indução de inflamação e stress oxidativo; (4) alterações epigenéticas. Contudo, são necessários mais estudos, nomeadamente de caráter experimental em humanos e cohoort prospetivos, a fim de continuar esta investigação e assumir as conclusões dos mesmos. No entanto, neste momento, é fundamental aumentar a literacia da população sobre esta temática, tal como implementar medidas de saúde pública que limitem a exposição da população a esta substância.
- Expressões artísticas como fenómeno urbano identitário e participativo: Covilhã, um modelo cenográficoPublication . Marques, Joana Raquel de Jesus Berto Martinho; Paiva, Francisco Tiago Antunes; Castro, Ana Rita Martins Ochoa deCidade, memórias, espaço público, identidades, construção de lugar. Podem as expressões artísticas relacionar-se transversalmente com estas dimensões? Qual o seu potencial para as (re)criações de memórias e identidades do indivíduo na cidade atual? A Arte pode ser um lugar de encontro e de relação colaborativa no quotidiano de uma comunidade? Centrando o foco de estudo no caso particular da Covilhã, que carrega em si o peso de uma cidade que, em tempos, foi considerada uma das maiores cidades industriais do país, mas que se nota mudada a partir da globalização. Covilhã enquanto espaço habitado pelo sujeito, mas fraturado e transitivo onde o fazer artístico contemporâneo luta para a manutenção e renovação da memória coletiva urbana da cidade. Investigação feita através de um projeto artístico, um exercício performativo coletivo em lugares da cidade, na forma de percurso. Realizou-se um cruzamento entre as várias expressões artísticas, reinterpretando lugares de uma forma contemporânea, trabalhando a(s) memória(s), enquanto elemento constituinte do sentimento de identidades, individual e coletivo, procurando democratizar a experiência artística e aproximando-a à vida.