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- Análise postural baseada na distribuição de pressão plantarPublication . Dikhtyarenko, Svitlana; Esteves, Maria Dulce Leal; Forte, Pedro Miguel GomesA postura corporal constitui um elemento fundamental na biomecânica do corpo humano, estando associada à funcionalidade, ao equilíbrio e à prevenção de lesões musculoesqueléticas. Alterações posturais podem resultar em sobrecargas articulares e musculares, afetando negativamente a mobilidade, o desempenho motor e contribuindo para o surgimento de dor crónica. A avaliação postural é crucial na identificação de assimetrias ou desalinhamentos osteoarticulares, permitindo delinear estratégias de intervenção mais eficazes e personalizadas, orientadas para a correção dos desequilíbrios identificados. Entre os métodos de avaliação funcional existentes, a baropodometria destaca-se como uma ferramenta objetiva e sensível, capaz de quantificar a distribuição da pressão plantar durante a posição estática e dinâmica. O exercício físico, especialmente quando supervisionado e individualizado, tem sido amplamente reconhecido como uma abordagem terapêutica não farmacológica eficaz na correção das alterações posturais, contribuindo não só para a melhoria do alinhamento postural, mas também para a atenuação da sintomatologia dolorosa associada a padrões de movimento disfuncionais. A presente tese teve como objetivos: (i) comparar os sexos e analisar a magnitude das relações entre assimetrias posturais, composição corporal e distribuição da pressão plantar; (ii) identificar variáveis de composição corporal, posturais e baropodométricas com capacidade explicativa e preditiva dos níveis de dor corporal, e (ii) analisar o impacto de um programa de exercício físico clínico na distribuição da pressão plantar, composição corporal, assimetrias posturais e perceção da dor. O primeiro estudo vai de encontro ao primeiro objetivo. Foram avaliados 77 participantes, 53 mulheres (68,83%, 54.33 anos, ± 19,508) e 24 homens (31,17%, 60,72 anos, ± 16,053) com teste de baropodometria estático (plataforma 'Kinefis Podia') e bio impedância (balança Laica PS5006). Os resultados mostram diferenças significativas para as assimetrias posturais, composição corporal e distribuição da pressão plantar. Foram encontradas correlações positivamente significativas entre a idade e a altura (p<0,05) e correlações positivas entre a idade e outros fatores como o IMC, a massa gorda, a massa magra e parâmetros relacionados com os pés. Este estudo conclui que a distribuição da pressão plantar varia com o sexo e está relacionada com a composição corporal e o nível de dor. No segundo estudo procurou-se integrar variáveis de composição corporal, alinhamento postural e distribuição da pressão plantar, usando algoritmos de machine learning para identificação de preditores dos níveis de dor auto reportada. A amostra constou de 52 participantes de ambos os sexos (homens: n=17, idade: 57,35 anos, ± 16,167; mulheres: n=35, idade: 64,69 anos, ± 18,706). Para completar o protocolo de avaliação postural, foram tiradas quatro imagens de cada participante (plano frontal, plano posterior e dois planos sagitais). Todas as imagens foram analisadas com recurso à plataforma APECS Pro Plus (versão 8.4.11). A dor foi avaliada através da escala numérica de avaliação da dor. Para a análise estatística foram utilizadas comparações entre grupos (teste t de Student) e algoritmos de aprendizagem automática (machine learning). Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre os sexos relativamente à altura, peso, percentagem de massa magra, metabolismo basal, número do calçado, área do pé esquerdo, eixo podal e distâncias entre os centros de pressão plantar (COP) e o centro de massa corporal. Foram ainda observadas diferenças significativas no ângulo dos ombros (p = 0,002). A análise preditiva identificou o desvio lateral do pescoço para a esquerda e o ângulo do joelho esquerdo como variáveis preditoras dos níveis de dor relatados. O terceiro estudo, de desenho experimental, avaliou o impacto de um programa estruturado de exercício físico clínico que consiste numa abordagem com prescrição de exercícios personalizados e monotorizados sobre os parâmetros posturais, a redistribuição da pressão plantar e os níveis de dor numa amostra de 52 adultos, mulheres: 67,3%; (n=35; 64,69 anos, ± 18,706), homens: 32,7% (n=17; 57,35 anos, ± 16,167). Os resultados reportam alterações significativas entre os momentos avaliados (pré e pós-intervenção) (p<0,05), sugerindo que o programa de exercícios clínicos implementado teve um impacto positivo nas variáveis posturais. Os dados revelaram uma melhoria significativa nos alinhamentos posturais, uma redistribuição funcional da carga plantar e uma redução de 41% nos níveis de dor corporal auto referida após a intervenção. Adicionalmente, observou-se um ganho médio de 18% nos parâmetros baropodométricos do pé, ente eles a área de contacto e o ângulo do pé, indicando ganhos funcionais (aumento de massa magra e redução de massa gorda). Os resultados obtidos nos três estudos parecem indicar que alterações posturais estão associadas a padrões disfuncionais de carga plantar e a níveis aumentados de dor corporal, atuando como um fator limitador da função e da qualidade de vida. A introdução de algoritmos de machine learning revelou-se particularmente promissora na identificação de variáveis preditoras de dor, oferecendo novas possibilidades para a individualização da intervenção a realizar. O exercício físico supervisionado, individualizado e específico mostrou-se uma intervenção eficaz e segura, com benefícios estatisticamente significativos na correção de assimetrias posturais, na modulação da distribuição plantar e na atenuação da dor musculoesquelética. Esta tese enfatiza a importância da avaliação postural com uso da baropedometria e de desenho de programas de exercício individualizadas e supervisionadas para a correção postural, com significantes benefícios na mobilidade e qualidade de vida do indivíduo.
