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  • Potenciais inibidores da oncoproteína E6 do HPV para terapia personalizada do cancro do colo do útero
    Publication . Ribeiro, Carolina Alves; Sousa, Ângela Maria Almeida de; Silvestre, Samuel Martins; Passarinha, Luís António Paulino
    O cancro continua a estar no topo das principais causas de morte em todo o mundo, tendo ocorrido em 2020 aproximadamente 10 milhões de mortes devido a essa patologia. Entre os cancros que mais afetam as mulheres em todo o mundo, o cancro do colo do útero (CCU) é considerado o terceiro mais devastador, tendo provocado 341 831 mortes em 2020. A infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV) está intimamente associada ao aparecimento de CCU, sendo por isso considerada como principal fator deste tipo de carcinogénese, nomeadamente a infeção pelos HPV de alto risco. As infeções que podem causar cancro, como é o caso das que são provocadas pelo HPV, são responsáveis por cerca de 30% dos casos de cancro em países subdesenvolvidos. As oncoproteínas E6 e E7 produzidas pelos HPV de alto risco, ligam-se às proteínas supressoras de tumor p53 e proteína do retinoblastoma (pRb), respetivamente, induzindo a sua degradação e impedindo assim as funções de indução de apoptose e de controlo do ciclo celular realizadas por estas proteínas supressoras de tumor. Estes dois processos acabam por culminar na transformação de células normais em malignas e na imortalização destas últimas. Tendo em consideração que as oncoproteínas E6 e E7 são continuamente expressas em células cancerígenas infetadas por HPV, estas tornam-se alvos terapêuticos interessantes para serem inibidos/bloqueados. Embora já existam vacinas profiláticas contra a infeção por HPV (Gardasil ®, Cervarix ® e Gardasil ®-9), o seu caráter é exclusivamente preventivo, não existindo qualquer efeito terapêutico em pessoas já infetadas. Tendo em consideração a falta de métodos terapêuticos adequados e o facto dos agentes quimioterapêuticos existentes serem inespecíficos e originarem efeitos secundários indesejados, torna-se fundamental realizar estudos que se foquem no desenvolvimento de novos agentes anticancerígenos. Recentemente, as moléculas esteroides têm sido amplamente estudadas no desenvolvimento de novos agentes anticancerígenos, incluindo contra carcinomas cervicais. Adicionalmente, estas moléculas apresentam características que as tornam extremamente atrativas para esta área, nomeadamente elevada ação terapêutica e boa biodisponibilidade. Assim, o presente trabalho tem como objetivo estudar pequenas moléculas esteroides das seguintes famílias: 4-azaandrostenos (4a-4g), 4-azapregnenos (7a-7g), derivados arilideno desidroepiandrosterona (DHEA) (8a-8m), epóxidos DHEA (9a-9m) e trióis e trionas DHEA (10a-10f e 11a-11f), no sentido de verificar se podem ser potenciais inibidores da oncoproteina E6 do HPV, impedindo a sua interação com o supressor de tumor p53 nas células do CCU (HeLa HPV18 positivas e CaSki HPV16 positivas), sem afetar a viabilidade das células saudáveis, os fibroblastos normais da derme humana (NHDF). Para isso, realizaram-se primeiramente estudos de docking molecular e estudos de previsão das propriedades de absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade (ADMET), para selecionar os compostos com maior potencial para as avaliações biológicas in vitro. Realizou-se posteriormente o Thermal Shift Assay (TSA), um ensaio que permite avaliar a estabilidade térmica da proteína E6 (de natureza recombinante) na presença e ausência dos compostos selecionados nos estudos in silico, de forma a selecionar os que apresentam maior potencial de serem testados em ensaios usando linhas celulares. Posteriormente, efetuaram-se estudos para avaliar a viabilidade celular, pelo ensaio de brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il) -2,5- difeniltetrazólio (MTT), e determinar a metade da concentração inibitória máxima (IC50) em células saudáveis (NHDF) e cancerígenas (HeLa HPV18, CaSki HPV16). Os resultados mais promissores foram obtidos para os compostos 8h, 10c e 11c que provocaram uma redução mais evidente da viabilidade das células cancerígenas. Estes compostos esteroides reduziram especificamente a viabilidade em células HPV positivas (IC50 38,63 µM (8h), 39,92 µM (10c), 22,01 µM (11c) para células HeLa e 34,30 µM (8h), 38,75 µM (10c) e 26,84 µM (11c) para células CaSki). Além disso, os referidos compostos apresentam citotoxicidade claramente inferior nos NHDF. Desta forma, os resultados obtidos indicam que os compostos 8h, 10c e 11c poderão vir a ser considerados potenciais inibidores da oncoproteína E6 do HPV, representando um possível avanço para terapia personalizada do CCU. No entanto, mais estudos têm de ser realizados para corroborar os resultados já obtidos, nomeadamente a realização de estudos de viabilidade em células HPV negativas, com o intuito de verificar se a seletividade destes compostos se mantém apenas para células HPV positivais.