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- A identidade cultural de um país como fator competitivo do design de modaPublication . Rito, Catarina Vasques; Pereira, Maria Madalena RochaA moda representa a história de um momento das sociedades, a cultura de um povo e reflete importantes influências sociais (Roselle, 1980). O escritor Oscar Wilde escreveu que, de acordo com a sua filosofia de vida, “somente as pessoas fúteis não julgam os outros pela sua aparência, [pois] que o verdadeiro mistério do mundo está no visível e não no invisível” (cf.Wilde, 1890). Por sua vez, afirma Louboutin: “A moda portuguesa ainda não se sente pressionada pela máquina internacional, o que permite uma determinada liberdade criativa que está bem patente nos trabalhos de alguns criadores. Penso, no entanto, que falta identidade à moda portuguesa” (Louboutin, 2011). O designer de calçado francês vai deste modo ao encontro da génese desta investigação que procura perceber se existe uma necessidade de a moda nacional ter uma “identidade”, sabendo que este termo pode significar o seu reconhecimento a nível internacional. Talvez fosse mais correto afirmar que uma “tradição” ou até uma “cultura” sejam, na verdade, um reflexo dos tempos contemporâneos, da era da globalização determinantes na importância das ligações entre uma cultura de Moda e os locais/cidades/países a que pertencem (cf.Gilbert (2000). Veja-se o caso do setor do vinho, um dos exemplos de construção de uma “tradição cultural” na sociedade portuguesa. A investigação em presença, sobre a identidade cultural e a Moda, não pretende analisar uma herança cultural do ponto de vista étnico, folclórico ou popular, pretende sim estudar e perceber, em que medida, o caráter simbólico, presente numa cultura, pode ter uma dimensão funcional, sem perder o sentido. A procura de uma identificação através dos objetos de Moda (vestuário, acessórios, calçado) pode vir a ser interpretada pelo consumidor, independentemente da origem produtiva do mesmo. De realçar ainda o facto de tal percepção por parte do consumidor estar também interligada com a “imagem”, interna e externa, que existe de um determinado país, uma “imagem” que expressa uma ideia de qualidade e de produtividade em determinado segmento que é transmitida globalmente dentro e fora do mesmo (Roth e Romeo, 1992). Assim, para responder e atingir os objetivos propostos foi feita uma revisão bibliográfica sobre o enquadramento sociológico global e das características da moda portuguesa. Recorreuse a uma metodologia não intervencionista e desenvolve-se um projeto de uma plataforma com as diferentes fase de pesquisa, recolha de dados com entrevistas estruturadas a designers de Moda e opinion makers, com a implementação das versōes BETA1 e BETA2 e respetiva validação. Analisaram-se os resultados e respetiva discussão, concluindo-se que a questão da identidade é fulcral à construção da sociedade, no entanto, não se reflete como uma preocupação por parte da grande parte dos designers de Moda nacionais. Esse fator parece não estar diretamente associado à questão de se viver num tempo de globalização, antes uma questão que parece estar ausente da base do conceito e estruturação criativa da maioria dos designers de Moda portugueses, talvez provocado por uma “lacuna na formação obtida” (Cruchinho, 2009). A Moda que nasce dos meios urbanos, como Lisboa e Porto, procura inspiração nas linguagens e estéticas transversalmente universais e não particularmente nacionais. Ideias essas que desejam captar a atenção do consumidor, sem integrar técnicas e materiais tradicionais de referência iconográfica, antes pretendem encontrar uma linguagem que lhes seja única e identificadora do projeto que encabeçam. Se por um lado alguns autores defendem que a cultura é o ponto de partida de um conceito essencial para se perceber o verdadeiro significado do comportamento do consumidor, associado à personalidade de uma sociedade, por outro, as escolhas do mesmo consumidor não estão dissociadas da contextualização cultural em que foram assimiladas.