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- Sonho e Tempo: Aproximações à Relação entre Atenção em Vigília e Sonho Lúcido na Fenomenologia de María ZambranoPublication . Pinto, Ana Raquel Rodrigues Loio; Nascimento, André Barata; Sidoncha, Urbano MestreMaría Zambrano afirma que o fenómeno sonho, geralmente vivido como um estado atemporal e infraconsciente, pode transformar-se numa vivência supratemporal e supraconsciente. O meio que permite esta transformação é a vigília, pois permite à pessoa fazer uso do tempo e da atenção para “decifrar” e “assimilar” aquilo que lhe acontece. Portanto, Zambrano considera que o sonho, que ocorre tanto no sono como em vigília, poderá ser compreendido através da atenção. Por sua vez, a filosofia da mente observou em estudos empíricos que um estado de atenção em vigília pode contribuir para o surgimento da atenção no sonho, durante o sono, tornando o sonho lúcido. E, no Budismo Tibetano, existem técnicas de meditação que permitem obter lucidez no sonho. Neste quadro, é descrita uma relação fenomenológica temporal do vaguear da mente e da atenção em vigília com o surgimento do sonho comum e do sonho lúcido, respetivamente, na fenomenologia do sonho de Zambrano. O significado filosófico desta questão assenta na “descoberta da verdade”, que Zambrano considera ocorrer quando o sonho, do sono e da vigília, é compreendido. De modo semelhante, no Budismo Tibetano a atenção permite a compreensão da natureza da mente, de novo a verdade, sob um certo entendimento. Sugere-se que a obtenção de lucidez no sonho, um estado normalmente infraconsciente, é como um degrau para estados de consciência lúcidos, onde a verdade é descoberta pelo desfazer de imagens que a pessoa toma por verdadeiras. Pode ser encontrado, ainda, um seguimento na vivência desta área descurada da vida da pessoa, do sonho, o que Zambrano denomina de sonho melodia, embora não desenvolva o conceito. Ora, o sonho que tem seguimento será enriquecido por uma vigília em que vigora um certo estado de atenção e que, assim, apreende cada vez mais e, por seu turno, enriquecerá a vigília, porque a sucessão apresenta um sentido mais claro. Deste modo, é proposta a possibilidade de dinamizar a capacidade humana de integrar sonho e vigília, que fica estagnada quando o sonho, que é parte da vida, é esquecido. Procura-se, ainda, ultrapassar esta dualidade de sonho e vigília no sentido psicológico, uma vez que é uma cisão por um lado convencionada e prática, mas que pode funcionar contra a vivência integral do humano.