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- A Orientação Empreendedora das Instituições de Ensino Superior (IES): O Caso das IES Públicas em PortugalPublication . Pacheco, Ana Isabel Gaspar; Ferreira, João José de Matos; Simões, Jorge Manuel MarquesAs universidades têm sido cada vez mais reconhecidas como uma fonte de atividade empreendedora (Etzkowitz, 2001; Rodrigues, Ferreira & Felgueira, 2019) e por desempenharem papéis importantes na sociedade como instituições produtoras e disseminadoras de conhecimento (Guerrero & Urbano, 2012; Schmitz et al., 2017). Desta forma, numa sociedade baseada no conhecimento, as universidades são cada vez mais consideradas iniciadoras do desenvolvimento local, pois podem desempenhar um papel fundamental não apenas para a produção de conhecimento, mas também para sua disseminação e uso para fins comerciais (Guerrero et al., 2015). No entanto, as universidades têm uma identidade própria e como tal apresentam diferentes histórias, tradições e estruturas organizacionais, promovendo diferentes formas de se tornarem empreendedoras (Martinelli et al., 2008; Rodrigues, Ferreira & Felgueira, 2019). Deste modo, Hannon (2013) defende que o contexto competitivo no qual as universidades empreendedoras operam continua a assemelhar-se mais ao enfrentado pelas empresas: global, mutável e difícil de prever. Neste contexto, para Montiel-Campos (2018), as posturas empreendedoras usadas dentro das universidades são explicáveis mediante o uso do construto da orientação empreendedora (OE). Contudo, no contexto das universidades, o construto da OE tem sido ainda pouco explorado. Assim, a presente investigação tem como objetivo geral aferir a influência da OE das universidades, no contexto das IES públicas portuguesas. Deste modo, a presente tese apresenta-se estruturada em três partes. A primeira parte é composta pela introdução, na qual é feito um enquadramento do tema, são definidos os objetivos de investigação, descrevem-se as metodologias e apresenta-se a estrutura da tese. A segunda parte agrega quatro estudos (Capítulos). O primeiro estudo (Capítulo 2), intitulado “A essência da orientação empreendedora das universidades e a sua mensuração”, comporta uma revisão sistemática da literatura de forma a avaliar a pesquisa empírica realizada sobre a medição do construto da OE, com a intenção de identificar como medir a OE das universidades e sistematizar a literatura relativa à essência teórica do conceito da OE e identificar recomendações para pesquisas futuras. Para tal, foi realizada uma pesquisa na base de dados Web of Science sobre a OE e as Instituições de Ensino Superior (IES), onde, mediante uma amostra de artigos foi possível identificar que a maioria dos estudos se prende com três tipos áreas temáticas: i) OE e empreendedorismo académico; ii) OE e universidades empreendedoras; e iii) OE e spin-offs académicas. Foram também sistematizadas as metodologias utilizadas, os instrumentos e escalas utilizadas na medição da OE e as suas respetivas dimensões. Face a estas três grandes áreas temáticas, resultantes da revisão da literatura, definiram-se os três estudos empíricos seguintes (Capítulos 3, 4 e 5). O segundo estudo (Capítulo 3), intitulado “Empreendedorismo académico: mecanismos facilitadores de oportunidades empreendedoras”, tem como objetivo contribuir para uma maior compreensão sobre os mecanismos facilitadores do empreendedorismo académico. Para tal, foi aplicada uma abordagem quantitativa com recurso a questionários, enviados a reitores, presidentes de faculdade, presidentes de politécnico e diretores de escola das IES públicas portuguesas. A amostra foi constituída por 125 respondentes. Os resultados mostram que as universidades orientadas para o empreendedorismo trazem benefícios para as IES através dos seguintes mecanismos: i) mobilização de pesquisa; ii) abordagens não convencionais; iii) nível de cooperação com a indústria; e iv) políticas universitárias. Além disso, as evidencias empíricas mostram que tanto os programas de incubadoras e outras iniciativas de apoio, como os programas de prova de conceito têm um efeito moderador sobre o empreendedorismo académico e beneficiam consequentemente as IES. Estes programas servem de apoio às atividades de transferência de tecnologia nas universidades e ajudam a reduzir a incerteza tecnológica em torno das invenções nas suas fases iniciais de desenvolvimento. O terceiro estudo (Capítulo 4), intitulado “Criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras: a orientação empreendedora é importante?” tem como objetivo contribuir para uma maior compreensão sobre a OE das IES e para criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras e ao mesmo tempo contribuir para o preenchimento de uma lacuna evidenciada na literatura, sobre a necessidade de compreender o papel da OE das universidades mediante evidências empíricas. Recorreu-se a um estudo quantitativo, onde foi aplicado um questionário à mesma amostra que o estudo anterior (reitores, presidentes de faculdade, presidentes de politécnico e diretores de escola das IES públicas portuguesas). Os resultados evidenciam que a OE é extremamente relevante para a criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras, através da inovação, autonomia, assumir riscos e agressividade competitiva. Para além disso, através dos efeitos moderadores da orientação para o mercado e do objetivo de desenvolvimento sustentável, o estudo mostrou que estes efeitos moderadores têm um impacto positivo para a criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras. O quarto estudo (Capítulo 5), intitulado “O papel das instituições de ensino superior e da orientação empreendedora para a criação e desenvolvimento das spin-offs académicas”, tem como objetivo contribuir para uma maior compreensão sobre como a OE das IES potencia a criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas. Foi seguida uma abordagem qualitativa, com recurso a entrevistas semiestruturadas feitas a presidentes de universidades, diretores de escola, diretores de departamento, diretores de cursos de IES públicas portuguesas e a criadores de spin-offs. Os resultados sugerem que as IES desempenham um papel determinante, na criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas, como promotoras do empreendedorismo académico. Para além disso, o estudo revela ainda que as grandes motivações que estão na base para a criação de uma spin-off académica são a realização pessoal, a transferência dos conhecimentos adquiridos nas IES e a procura da independência económica. Por fim, a terceira parte apresenta as conclusões gerais da tese, implicações teóricas e práticas e as linhas de investigação futuras. Assim, de entre outras conclusões, verificou-se que a OE potencia a criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras. Através dos nossos estudos empíricos, também se verificou uma forte dependência entre a OE das IES, o empreendedorismo académico e as spin-offs académicas, ou seja, o empreendedorismo académico é fundamental para as spin-offs académicas, mas ambos têm a OE como essencial para o sucesso e a existência de spin-offs académicas é baseada principalmente na atividade de transferência de conhecimento. Como contributos da tese, destacam-se aqui principalmente quatro contribuições. A primeira contribuição é: a sistematização das metodologias utilizadas (predominantemente quantitativas e qualitativas), bem como os instrumentos de investigação mais utilizados (essencialmente, questionários e entrevistas), as escalas utilizadas para mensurar a OE e as dimensões da OE com maior prevalência. A segunda contribuição, forneceu evidências empíricas do papel desempenhado pelo empreendedorismo académico, relacionando-o com os mecanismos facilitadores do empreendedorismo e com fatores moderadores. Os resultados evidenciaram que os diferentes mecanismos do empreendedorismo académico (mobilização da investigação, não convencionalidade, colaboração da indústria, políticas universitárias) têm uma influência significativa na criação e desenvolvimento de uma universidade empreendedora. Além disso, mostrou-se os efeitos moderadores que os programas de incubadoras e outras iniciativas de apoio, bem como os programas de prova de conceito, têm sobre o empreendedorismo académico. Quanto à terceira contribuição, forneceu evidências empíricas do papel da OE das IES, através dos olhos dos académicos, relacionando a OE com as universidades empreendedoras e também forneceu evidências empíricas relacionando a OE das IES com os fatores moderadores. Com os nossos resultados mostrou-se que apenas quatro dimensões da OE têm uma influência significativa na criação e desenvolvimento de universidades empreendedoras. Além disso, com os nossos resultados também se mostrou como a orientação para o mercado e os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) têm efeitos moderadores no desenvolvimento do empreendedorismo académico. E por último, a quarta contribuição reforçou o papel das IES e do empreendedorismo académico para as spin-offs académicas, nomeadamente para a criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas. Mostrou-se que a OE é relevante para a criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas, e que a realização pessoal, a transferência dos conhecimentos adquiridos nas IES e a procura da independência económica são as principais motivações para se criar uma spin-off académica. Quanto a futuras linhas de investigação, sugeriu-se por exemplo: a) analisar o papel das IES como promotoras do empreendedorismo académico ou averiguar a influência da OE junto de alunos de empreendedorismo das IES; b) que no futuro se conduza uma pesquisa empírica comparativa, estendendo-se a IES de outros países, especialmente outros países europeus e verificar-se as diferenças entre IES de diferentes países, com diferentes estruturas de governo, e com diferentes contextos de governo universitário, bem como com diferentes backgrounds académicos de reitores, presidentes ou diretores; c) a aplicação de outro questionário a docentes que lecionam disciplinas relacionadas ao empreendedorismo e alunos que tenham estas disciplinas, podendo enriquecer os resultados da pesquisa, na medida em que acreditamos que usando uma amostra maior, em vez de uma mais reduzida, ajudará a tornar os nossos resultados ainda mais representativos; d) que estudos futuros usem uma combinação mais diversificada e sofisticada de técnicas analíticas do que as empregadas até o momento, por exemplo, pesquisas que incorporam abordagens qualitativas e quantitativas podem oferecer conhecimento complementar.