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Authors
Abstract(s)
A presente dissertação denominada “Estudo qualitativo das necessidades e
preferências dos Estudantes de Ensino Superior na elaboração de programas de saúde
mental” contribui para avaliar as expectativas, aceitabilidade e preferências
relacionados com programas de saúde mental em estudantes do Ensino Superior. Esta
será apresentada em formato de artigo científico, sendo que irá ser submetido para a
Revista Psicologia, Saúde & Doenças e foi já aceite em formato de comunicação oral no
15º Congresso Nacional em Psicologia da Saúde. Nesta linha, o artigo está escrito em
conformidade com as normas de submissão exigidas pela revista. Para além do artigo
científico, a dissertação é constituída por um apêndice teórico, onde são abordados de
forma mais descritiva e detalhada conceitos e temas relacionados com o objetivo
primordial da investigação, de forma a aprofundar e consolidar os conhecimentos
teóricos presentes no artigo.
A saúde mental é considerada uma baixa prioridade a nível mundial devido ao
estigma e discriminação associados (WHO, 2022). Em Portugal, os dados indicam que
23% das pessoas sofrem de perturbações de saúde mental/psicológica, sendo que
destas, 16.5% sofrem de perturbações de ansiedade e 7.9% de depressão, fazendo de
Portugal um dos países com mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas na
Europa (Ordem dos Psicólogos Portugueses [OPP], 2020).
A prevalência bem como a gravidade dos problemas psicológicos nos Estudantes
de Ensino Superior (EES) tem aumentado, estimando-se que entre 15% a 25% dos
estudantes sofre de algum tipo de problema de saúde psicológica (OPP, 2023). Na
Universidade da Beira Interior observou-se um aumento preocupante nos casos de
ansiedade, depressão e outras questões de saúde mental entre os estudantes, tendo-se
verificado a necessidade de um aumento de consultas de apoio psicológico individual
(UBI, 2020). Este fenómeno não é isolado, sendo uma tendência global, exacerbada
pela pandemia de COVID-19, que trouxe consigo desafios únicos e de stress adicional.
De forma mais específica, em Portugal, os dados apontam que 42.7% dos EES já
experienciaram, pelo menos, um problema de saúde psicológica em algum momento da
sua vida (OPP, 2023).
A universidade, como um ambiente de desenvolvimento intelectual e pessoal,
tem a responsabilidade de promover condições para o desenvolvimento saudável dos
seus estudantes. A OPP defende que é necessário o planeamento de ações que tenham
em vista as necessidades de saúde mental dos estudantes e que aumentem a literacia em saúde psicológica, em especial nos problemas mais frequentemente vivenciados por
esta população como o stress, a ansiedade e a depressão (OPP, 2018).
No entanto, os dados apontam para uma falta de conhecimento relativa às
estruturas de apoio existentes nas Universidades, embora sejam vários os esforços por
parte destas instituições para diminuir/aliviar os problemas de saúde mental dos
estudantes (Braun et al., 2023). De acordo com alguns estudos realizados (e.g. Braun et
al., 2023; Pinto et al., 2016; Samuel & Kamenetsky, 2022; Williams et al., 2022), com o
intuito de compreender as necessidades, motivações, barreiras, expectativas e
preferências dos EES em programas de saúde mental, concluíram que as principais
áreas de interesse e motivação diretamente relacionadas com a saúde mental
mostraram ser a gestão de stress, as dificuldades de sono, o nervosismo nos exames,
problemas de concentração e medos (Braun et al., 2023). Contudo, as principais
necessidades referidas pelos estudantes, foram o autoconceito, o bem-estar, o
planeamento de vida, a tomada de decisão e a gestão do tempo (Pinto et al., 2016).
Neste sentido, esta investigação pretende avaliar as expectativas, aceitabilidade
e preferências relacionados com programas de saúde mental para EES, de forma a
contribuir para a melhoria na implementação de futuros programas de saúde mental
que correspondam às necessidades, motivações, barreiras e preferências salientadas
pelos estudantes.
Os dados foram recolhidos através de uma entrevista semiestruturada e de dois
grupos focais a cinco alunos da UBI (três do género feminino e dois do género
masculino), que consentiram participar no estudo e que procuraram apoio psicológico
dentro da própria Universidade. Esta amostra tinha uma média de idades de 19.7 (M=
19,7; DP=1,70). Os critérios de inclusão consistiam em ser estudante universitário e ter
idade igual ou superior a 18 anos. Quanto aos critérios de exclusão, é de realçar o facto
de não ter estatuto de estudante universitário.
Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da UBI (CE-UBI-Pj-2022-067).
Previamente à participação dos estudantes, que foi voluntária, foram explicados os
objetivos e a finalidade do estudo, bem como a garantia do seu caráter confidencial e
liberdade de escolha na participação e nas respostas, tendo sido sempre assegurado o
anonimato, consentimento informado e confidencialidade.
Os principais resultados obtidos evidenciaram que os EES apresentavam
diversas motivações (académicas, sociais e pessoais) para participar num programa,
tendo considerado que esta participação seria muito útil e referindo como principais
temas que gostariam de ver abordados a prática de uma comunicação assertiva,
técnicas de relaxamento e planeamento eficaz de tarefas e gestão de tempo. Por fim, os estudantes referiram ainda preferências relativas à estrutura e formas de divulgação
dos programas de saúde mental.
As conclusões evidenciam a importância de se investir na saúde mental dos
EES, desenvolvendo mais programas de saúde mental, que contemplem temáticas que
contribuam para fornecer estratégias e ferramentas úteis que os ajudem a lidar com os
problemas que enfrentam, contribuindo consequentemente para combater os elevados
números de perturbações mentais apresentados em contexto académico.
Description
Keywords
Barreiras Estudantes do Ensino Superior Expectativas Motivadores Preferências Programas de Saúde Mental
