Repository logo
 
No Thumbnail Available
Publication

The Function of the Ovaries after Menopause

Use this identifier to reference this record.
Name:Description:Size:Format: 
Tese Elsa Nunes mar 2024_signed.pdf18.79 MBAdobe PDF Download

Abstract(s)

Introduction Removal of ovaries and fallopian tubes at the same surgical time as hysterectomy (prophylactic bilateral salpingo-oophorectomy) is a frequent practice performed with the main objective of preventing ovarian cancer. Although there is consensus that prophylactic bilateral oophorectomy in premenopausal women should not be performed in populations at low risk of ovarian cancer, as it has harmful effects on women's health and increases long-term mortality rates, evidence on the effects of postmenopausal prophylactic bilateral oophorectomy are controversial and this procedure remains a regular practice. Some studies have shown that postmenopausal ovaries continue to produce androgens, which may play an important role in cardiovascular health, bone remodeling, sexual function and cognitive function. The association between estrogen deficiency and osteoporosis is well known. New evidence has also revealed a possible impact of androgens on bone mineral density (BMD). In postmenopausal women, combined treatment with testosterone and estrogen was more effective in increasing BMD than estrogen alone. However, although most studies have revealed an association between endogenous androgens and BMD, particularly testosterone, others have not reported such an association. Estrogen deficit is responsible for vulvovaginal atrophy and higher incidence of postmenopausal dyspareunia. Few studies have evaluated the relationship between androgens and sexual function in postmenopausal women. Androgens appear to play a role in maintaining sexual health, and clinical trials have consistently shown that testosterone therapy improves sexual function in women with hypoactive sexual desire. Estrogen plays an essential role in the brain and postmenopausal women with higher levels of estradiol have better global cognitive function, but some studies have revealed contradictory results. Likewise, the influence of androgens on postmenopausal cognitive function is not well understood. A positive association between verbal learning and memory and physiological concentrations of exogenously administered testosterone has been reported. However, other studies have shown that lower levels of endogenous testosterone are associated with improved cognitive function or have shown no association. Taking into account that, with the increase in average life expectancy, the postmenopausal period is getting longer, it is essential to know the impact that the removal of the ovaries can have on the longevity and quality of life of these women. The present study aims to clarify the effect of postmenopausal bilateral oophorectomy on serum levels of steroid hormones and the impact they have on bone mineral density, sexual function and cognitive function in older women. Materials and methods In the period from January 1, 2017 to June 30, 2019, 203 postmenopausal women consented to participate in the study. All had intact ovaries at the time of menopause and none had been on hormone replacement therapy. Other general exclusion criteria were the presence of ovarian pathology, current or previous treatment with corticosteroids, alcoholism, narcotic dependence and chronic liver or kidney disease. Each participant underwent a blood collection and serum measurements of 17bestradiol (E2), dehydroepiandrosterone (DHEA), testosterone and androstenedione were performed using gas chromatography associated with mass spectrometry (GCMS/ MS). Four cross-sectional studies were performed. In the first study, postmenopausal women undergoing hysterectomy for benign conditions were divided into two groups: 18 women undergoing hysterectomy alone and 11 women undergoing hysterectomy with prophylactic bilateral salpingo-oophorectomy. Differences in hormone levels in both groups were determined. In the second study, 68 women aged over 65 years underwent bone osteodensitometry using the dual-energy X-ray absorptiometry (DXA) technique, and associations between hormone levels and T-score values of the lumbar spine and femoral neck were evaluated, controlling for confounding variables. In the third study, which included 84 sexually active women, associations between hormone levels and scores in the domains of female sexual response assessed by the Female Sexual Function Index (FSFI) questionnaire were evaluated, with adjustment for confounding variables. The fourth study included 147 women who completed the Montreal Cognitive Assessment (MoCA) test to assess cognitive function and determined associations between hormone levels and cognitive function parameters (global cognitive function, executive function, visuospatial ability, short-term memory , attention, concentration and working memory, language, orientation in time and space), controlling for confounding variables.
Introdução A remoção de ovários e trompas no mesmo tempo cirúrgico da histerectomia (salpingo ooforectomia bilateral profilática) é uma prática frequente e realizada com o objetivo principal de prevenir o cancro do ovário. Embora seja consensual que a ooforectomia bilateral profilática na pré-menopausa não deva ser realizada na população de baixo risco de cancro do ovário, por ter efeitos nocivos na saúde da mulher e aumentar as taxas de mortalidade a longo prazo, as evidências sobre os efeitos da ooforectomia bilateral profilática na pós-menopausa são controversas e esse procedimento continua a ser uma prática regular. Alguns estudos demonstraram que os ovários na pósmenopausa continuam a produzir androgénios, que podem desempenhar um papel relevante a nível cardiovascular, na remodelação óssea, na função sexual e na função cognitiva. A associação entre défice de estrogénio e osteoporose é bem conhecida. Novas evidências revelaram também um possível impacto dos androgénios na densidade mineral óssea (DMO). Em mulheres na pós-menopausa, o tratamento combinado com testosterona e estrogénio revelou maior eficácia no aumento da DMO do que o estrogénio isolado. No entanto, embora a maioria dos estudos tenha revelado uma associação entre androgénios endógenos e DMO, particularmente testosterona, outros não reportaram essa associação. O défice de estrogénio é responsável pela atrofia vulvovaginal e maior incidência de dispareunia na pós-menopausa. Alguns estudos avaliaram a relação entre androgénios e função sexual em mulheres na pós-menopausa. Os androgénios parecem desempenhar um papel na manutenção da saúde sexual e os ensaios clínicos demonstraram consistentemente que a terapêutica com testosterona melhora a função sexual em mulheres com desejo sexual hipoativo. O estrogénio tem um papel essencial no cérebro e mulheres pós-menopáusicas com níveis de estradiol mais altos apresentam melhor função cognitiva global, mas alguns estudos revelaram resultados contraditórios. De igual modo, a influência dos andrógenos na função cognitiva pós-menopausa não é bem compreendida. Foi reportada uma associação positiva entre aprendizagem verbal e memória e concentrações fisiológicas de testosterona administrada exogenamente. No entanto, outros estudos revelaram que níveis mais baixos de testosterona endógena estão associados a melhoria da função cognitiva ou não revelaram associação. Tendo em consideração que, com o aumento da esperança média de vida, o período pós-menopausa vai sendo cada vez maior, torna-se fundamental saber o impacto que a remoção dos ovários pode ter na longevidade e qualidade de vida destas mulheres. O estudo apresentado tem como objetivos esclarecer o efeito da ooforectomia bilateral pós-menopausa nos níveis séricos de hormonas esteroides e o impacto que estas têm na densidade mineral óssea, função sexual e função cognitiva das mulheres com mais idade. Materiais e métodos No período de 1 de janeiro de 2017 a 30 de junho de 2019, 203 mulheres pósmenopáusicas consentiram participar no estudo. Todas tinham ovários intactos na altura da menopausa e nenhuma tinha realizado terapêutica hormonal de substituição. Outros critérios gerais de exclusão foram a presença de patologia ovárica, tratamento atual ou prévio com corticóides, alcoolismo, dependência de narcóticos e doenças hepáticas ou renais crónicas. Cada participante foi submetida a uma colheita de sangue e foram realizados doseamentos séricos de 17b- estradiol (E2), dehidroepiandrosterona (DHEA), testosterona e androstenediona, utilizando cromatografia gasosa associada a espectrometria de massa (GC-MS/MS). Foram realizados 4 estudos transversais. No primeiro estudo, mulheres submetidas na pós-menopausa a histerectomia por condições benignas foram divididas em dois grupos: 18 mulheres submetidas a histerectomia isolada e 11 submetidas a histerectomia com salpingo-ooforectomia bilateral profilática. Foram determinadas as diferenças nos níveis hormonais em ambos os grupos. No segundo estudo, 68 mulheres com mais de 65 anos realizaram osteodensitometria óssea pela técnica de absorciometria de raios X com dupla energia (DXA) e foram avaliadas associações entre os níveis hormonais e os valores de T score da coluna lombar e do colo do fémur, controlando as variáveis de confusão. No terceiro estudo, que incluiu 84 mulheres sexualmente ativas, foram avaliadas associações entre os níveis hormonais e as pontuações nos domínios da resposta sexual feminina avaliados pelo questionário Female Sexual Function Index (FSFI), com ajuste para variáveis de confusão. O quarto estudo incluiu 147 mulheres que completaram o teste Montreal Cognitive Assessment (MoCA) para avaliação da função cognitiva e foram determinadas associações entre os níveis hormonais e os parâmetros de função cognitiva (função cognitiva global, função executiva, capacidade visuoespacial, memória de curto prazo, atenção, concentração e memória de trabalho, linguagem, orientação no tempo e no espaço), controlando variáveis de confusão. Resultados No primeiro estudo, a análise revelou níveis hormonais mais baixos no grupo de mulheres submetidas a salpingo-ooforectomia bilateral, quando comparado com o grupo submetido a histerectomia isolada, com diferenças estatisticamente significativas para DHEA (5,8± 3,2 vs 9,4± 4,4 ng/mL; p=0,019) e E2 (0,69± 0,4 vs 1,48± 4,3 ng/mL; p=0,007). O segundo estudo revelou uma associação estatisticamente significativa entre a testosterona e o T score do colo do fémur (p=0,035), mas não da coluna lombar. Nenhuma associação estatisticamente significativa foi encontrada entre as restantes hormonas e os T scores da coluna lombar e colo do fémur. O terceiro estudo revelou uma associação estatisticamente significativa entre androstenediona e função sexual geral (b=1,23, IC 95% [0,37; 1,98], p=0,010), excitação (b=0,19, IC 95% [0,02; 0,37], p=0,034), orgasmo (b=0,33, IC95% [0,15; 0,45], p=0,001) e satisfação (b=0,25, IC95% [0,11; 0,36], p=0,001). Não foram encontradas associações entre as outras hormonas e os domínios avaliados pelo FSFI. No quarto estudo foram encontradas correlações negativas entre E2 e os seguintes domínios cognitivos: função executiva (p=0.024), capacidade visuoespacial (p=0.000) e orientação no tempo e no espaço (p=0.020). Nenhuma associação estatisticamente significativa foi encontrada entre DHEA, testosterona e androstenediona e os diferentes parâmetros cognitivos. Conclusões Este estudo, utilizando uma técnica laboratorial altamente sensível para a quantificação dos níveis séricos de hormonas esteroides na pós-menopausa, demonstrou que a salpingo-ooforectomia profilática realizada após a menopausa diminui a concentração de hormonas esteroides, com diferenças estatisticamente significativas para o DHEA e estradiol. A redução de DHEA observada neste estudo pode ter um impacto ainda maior na redução das concentrações de testosterona e androstenediona ao nível intracelular, de acordo com a teoria da intracrinologia. Os resultados deste trabalho de doutoramento revelaram uma atividade endócrina significativa do ovário na pósmenopausa, bem como uma associação positiva significativa entre testosterona e densidade mineral óssea do colo do fémur em mulheres com mais de 65 anos de idade e uma associação positiva significativa entre androstenediona e vários parâmetros da função sexual em mulheres pós-menopáusicas. Estes resultados devem ser confirmados por estudos com amostras maiores e doseamentos hormonais por técnicas baseadas em espectrometria de massa, para confirmar o impacto das hormonas esteroides na saúde e qualidade de vida das mulheres na pós-menopausa e a relação risco/benefício da conservação dos ovários após a menopausa, para que possa ser realizado um aconselhamento adequado relativamente à realização de ooforectomia bilateral profilática na pós-menopausa.

Description

Keywords

Menopausa Ooforectomia Hormonas Estrogénio Estradiol Androgénios Testosterona Dehidroepiandrosterona Androstenediona Densidade Mineral Óssea Osteoporose Função Sexual Função Cognitiva Demência

Citation

Research Projects

Organizational Units

Journal Issue