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Abstract(s)
O esófago de Barrett resulta da substituição metaplásica do epitélio pavimentoso que
normalmente recobre o esófago distal por epitélio colunar, associada ao refluxo gastroesofágico.
É uma condição pré-maligna através da sequência metaplasia displasia
adenocarcinoma, sendo recomendada a vigilância endoscópica. Contudo a definição de
esófago de Barrett’s não é consensual, o que é um problema relevante pois o número de
doentes em vigilância será diferente consoante se considere ou não a metaplasia intestinal
como um pré-requisito para o diagnóstico. A displasia é o único marcador de risco validado na
prática clínica, mas a concordância intra e interobservador é fraca. Portugal continua a ser
um país de baixa incidência de adenocarcinoma do esófago, desconhecendo-se se tal se
relaciona com uma baixa prevalência ou um baixo risco de cancro do esófago de Barrett.
O objectivo principal desta Tese é determinar a incidência de adenocarcinoma e de displasia
de alto grau numa população de doentes portugueses com esófago de Barrett.
Os objectivos secundários são identificar variáveis demográficas e clínicas associadas à
progressão neoplásica no esófago de Barrett; avaliar o risco de progressão para
adenocarcinoma e displasia de alto grau associado ao diagnóstico de displasia de baixo grau e
indefinido para displasia; avaliar o significado dos segmentos de esófago revestidos por
epitélio colunar sem evidência de metaplasia intestinal.
Dos resultados há a salientar:
1. A incidência baixa de adenocarcinoma (0.9 casos por 1000 doentes/ano de vigilância) e de
displasia de alto grau/adenocarcinoma (3.1 casos por 1000 doentes/ano de vigilância) na
população portuguesa com esófago de Barrett.
2. A extensão do esófago de Barrett como única variável com impacto no risco de displasia
de alto grau/adenocarcinoma. A incidência observada nos segmentos curtos (3cm) foi
muito baixa (0,7 casos por 1000 doentes/ano de vigilância).
3. Concordância intra-observador e inter-observador semelhante (moderada) no diagnóstico
de displasia de baixo grau. Se dois ou mais patologistas concordaram no diagnóstico
prévio de displasia de baixo grau, a taxa de progressão para displasia de alto grau e
adenocarcinoma observada foi muito elevada (62,5% no intervalo de 1 a 8 anos).
4. O esófago revestido por epitélio colunar sem metaplasia intestinal com 2 ou mais
centímetros de extensão (n=15) partilha semelhanças clínicas e endoscópicas com o
esófago de Barrett, excepto que os doentes são mais jovens. A metaplasia intestinal foi
documentada após vigilância média de 7,1 anos. 5. As heterotopias de mucosa gástrica extensas do esófago distal são raras, mas muitas vezes
diagnosticadas como esófago de Barrett. Descrevem-se critérios endoscópicos e
histológicos que os permitem distinguir. Contudo alguns guidelines permitem classificá-las
como esófago de Barrett.
6. A expressão quase universal de vilina, proteína que se localiza no prato estriado, foi
observada no epitélio cárdico de uma população pediátrica com doença do refluxo.
Estes resultados permitem concluir:
1. O baixo risco de adenocarcinoma e displasia de alto grau/adenocarcinoma com esófago
de Barrett aconselha à reavaliação dos intervalos de vigilância actualmente propostos
pelos guidelines, nomeadamente para os segmentos curtos onde intervalos de cinco anos
parecem seguros.
2. A evidência recente da indicação para ablação endoscópica do esófago de Barrett com
displasia de baixo grau confirmada por dois patologistas gastrointestinais experientes é
aplicável no nosso pais .
3. A definição actual de esófago de Barrett ainda não é suficientemente precisa para incluir
todos os doentes em risco de cancro do esófago e para excluir os que não têm risco.
Palavras-chaves: esófago de Barrett, esófago revestido por epitélio colunar, metaplasia
intestinal, adenocarcinoma do esófago, displasia, vigilância.
Description
Keywords
Esófago de Barrett -Vigilância Esófago - Epitélio colunar Esófago - Metaplasia intestinal Esófago - Displasia Esófago - Adenocarcinoma