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Abstract(s)
A escolha deste tema, e não outro, foi, hipoteticamente, o facto de nem sempre a
arquitectura ser observada como uma forma de expressão ou de um ponto de vista artístico,
mas muitas vezes como um “tem que ser construído.” Somos rodeados por arquitectura mas
nem sempre a vivemos da melhor forma, nem sempre sabemos tirar o melhor partido do que
nos rodeia e nem sempre o que nos rodeia é o melhor para nós nem o que nos faz mais
felizes.
Esta realidade é ainda maior para indivíduos portadores de deficiência. Nota-se, hoje
em dia, uma crescente preocupação para que as casas, e não só os espaços comerciais e
públicos, sejam acessíveis a todas as pessoas. O Decreto-Lei nº. 163/2006 de 8 de Agosto,
aprova o regime da acessibilidade aos edifícios e estabelecimentos que recebem público, via
pública e edifícios habitacionais, revogando o Decreto-Lei nº. 123/97, de 22 de Maio.
Pensando nisto, muitos profissionais da área da Arquitectura, Engenharia e Design de
Interiores, desenvolvem os seus projectos levando em conta o desenho universal ou inclusivo.
Design Universal, Total ou Inclusivo, significa "design que inclui" (o contrário de
excluir) e "design para todos". São serviços e ambientes com a finalidade de serem usáveis
pelo maior número de pessoas possível, independente da idade, habilidade ou situação. No
Design Inclusivo, estuda-se uma série de questões que geralmente não são abordadas num
projecto comum, porque neste caso consideram-se todas as possibilidades de uso, por
usuários muito diferentes. Isso inclui questões sociais, históricas, antropológicas, económicas,
políticas, tecnológicas, e principalmente de ergonomia e usabilidade.
Por isso, o design inclusivo não é exclusivo às pessoas portadoras de deficiência. A
aplicação destes princípios pode garantir, por exemplo, que uma mesma pessoa resida na
mesma casa dos 0 aos 80 anos. As necessidades mudam ao longo da nossa vida. Uma casa
inclusiva é por isso uma casa para toda a vida.
Desde sempre que vivemos com, e de espaços e somos todos diferentes, basta
perguntar a um grupo de pessoas qual a casa dos seus sonhos e de certeza que as respostas
serão todas mais ou menos diferentes! Cada vez mais, caminhamos para um mundo em que
mesmo diferentes, todos temos direito à igualdade de oportunidade, e os arquitectos têm um
papel fundamental nesta igualdade. Daqui advém a necessidade de uma arquitectura mais
inclusiva. Projectar sem barreiras e sem obstáculos, tentar com que as minorias sejam parte
integrante de um mundo de igualdades, parece-nos fundamental. Não falamos apenas de
deficientes físicos ou mentais, mas com a esperança média de vida a aumentar cada vez
mais, todos nós de uma maneira ou de outra, vamos ter dificuldades em relação ao espaço
que nos rodeia. Pensar no “projectar para todos” é essencial. Segundo o CEDIPOD (Centro de Documentação e Informação do Portador de
Deficiência), mais ou menos 10% da população de um país em tempos de paz, é portadora de
algum tipo de deficiência. Com base em dados do Censo 2000, o maior número é de
deficientes visuais.
Vivemos numa ditadura visual. Confiamos 100% na veracidade da visão e que esta é a
única tradutora da verdade. E as pessoas que não vêem? Deixam de conhecer a veracidade
das coisas porque não têm visão?
A arquitectura não é somente uma superfície. Não é uma fotografia. Não a podemos
economizar a um papel quando mais tarde ela ocupará um espaço gigante real. A arquitectura
produz ambientes e desperta sensações. Daí não poder ser somente vista, ter que ser sentida!
A visão é apenas uma ferramenta para percepcionar e experienciar a arquitectura.
Um cego sente o espaço pela reverberação do som, a sua voz potencializa a sua
localização, o tacto permite ver mais além das cores. Por isto, podemos afirmar que a
arquitectura não é somente visão: é mão, pé, nariz, boca... Um arquitecto completo não
somente vê, sente!
Esta dissertação tem como principal objectivo analisar a importância da arquitectura
inclusiva na rotina de pessoas invisuais, e mostrar se através dela podemos também melhorar
a qualidade de vida de pessoas com outros tipos de deficiência ou mesmo sem qualquer tipo
de incapacidades. É também propósito motivar a inclusão social e responder à seguinte
questão: “Será a arquitectura exclusiva dos visuais?”. Já que a arquitectura apela a todos os
nossos sentidos porque não trabalhar com diferentes materiais, diferentes níveis de luz,
diferentes cores, diferentes texturas e diferentes sons.
Tendo como fundo a cidade montanha da Covilhã, que pelos seus declives se torna
num local difícil em termos de deslocação pedestre, o projecto final visa ser a proposta de
uma A.C.A.P.O. (Associação para Cegos e Amblíopes de Portugal) que serve um público desta
cidade e da sua envolvente.
Mediante um estudo e análise teórica prévia, realizar-se-á uma proposta de projecto
arquitectónico que motive a inclusão social para todas as pessoas com este tipo de
deficiência. Este projecto terá ainda uma guest-house para qualquer pessoa cega ou amblíope que queira conhecer ou visitar a cidade.
Description
Keywords
Design inclusivo Estimulação sensorial Terapia Snoezelem Percepção do espaço