Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
2.14 MB | Adobe PDF |
Authors
Abstract(s)
O desenvolvimento de uma investigação sobre um país como Angola reveste-se de alguns
aspectos muito particulares não só pela vastidão geográfica, como, de igual modo, pela
diversidade cultural, linguística e histórica de que é portador, onde línguas e culturas de
origem africana e europeia se entrecruzam, tentando, em simultâneo, delimitar espaços e
mentalidades. Pretendendo encontrar soluções advindas desta problemática, vários trabalhos
têm vindo a lume, no sentido de proporem caminhos considerados mais adequados em prol de
uma sã harmonia.
Nesta perspectiva, a abordagem da temática linguística angolana sugere alguma prudência:
primeiro, por ser uma área sensível que envolve questões de identidade individual ou
colectiva; segundo, por se tratar de uma sociedade de tipo pluralista, onde coabitam povos
com línguas e culturas próprias e, consequentemente, indivíduos que tentam manter as suas
identidades. No seio desta osmose cultural e linguística se vem realizando a língua
portuguesa, que, desde a sua introdução no século XV, passando pela proclamação como
língua oficial em 1975, até à actualidade, tem vindo a conhecer um processo de expansão
territorial, com dinâmicas de contornos algo irreversíveis. Em consequência do processo
expansional, observa-se a acentuação do contacto da mesma língua com indivíduos residentes
em zonas outrora de “exclusividade” das denominadas línguas nacionais de origem africana,
tendo como efeito um aumento galopante do número de falantes maternos e não maternos.
Perante as evidências, numa altura em que se perspectiva o futuro da “nação” angolana
através de distintas iniciativas políticas, sociais, académicas e outras, envolvendo entidades
específicas, problematizar os mitos que ainda pairam sobre o passado e o presente da língua
portuguesa, visando perspectivar o seu futuro, não é apenas legítimo e imperioso, como é,
igualmente, desafiador. O percurso para a materialização do desafio gira, assim, em torno de
quatro questões centrais: nacionalização da língua portuguesa, democratização de ensino
(bilinguismo), consciência de assunção e distribuição da frequência do seu uso.
Deste modo, antes de partirmos para a análise baseada em métodos quantitativos e
qualitativos, propusemos, como ponto de partida, por um lado a problemática das etnicidades
angolanas e a relação estabelecida entre língua e sociedade, tendo como pano de fundo o
exame do panorama linguístico angolano e as funções da língua portuguesa em Angola
respectivamente, e, por outro a trajectória da língua portuguesa em busca da nacionalização.
Constatamos, ainda que os resultados suscitem prudência quanto a generalizações em termos
nacionais, a existência de um processo em curso, que pode emergir na nacionalização da
língua portuguesa a curto, médio ou longo prazo. Tal constatação deriva do facto de os
resultados fornecidos pela empiria revelarem uma clara tendência de assunção da língua portuguesa, a par de uma frequência cada vez mais generalizada do uso desta, assim como de
uma consciência de cooperação recíproca entre esta e as suas congéneres de origem africana.
Finalmente, propomos para investigações futuras a confirmação da tendência anunciada, com
recurso à investigação empírica mais abrangente, de maior representatividade nacional,
albergando, em proporcionalidade, não apenas falantes de língua portuguesa em situação de
língua materna ou segunda, mas, de igual modo, as duas principais zonas habitacionais da
população angolana: zona rural e urbana.
Description
Keywords
Língua portuguesa - Angola Conciência linguística - Angola
Citation
Publisher
Universidade da Beira Interior