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O exercício da arquitectura não se resume aos actos directamente envolvidos nas fases de concepção, de projecto. Para que ela possa ser bem aceite e cumpra integralmente
a sua função, é fundamental que se perceba o seu alcance, se conheça o seu destinatário e as expectativas que nela recaem para uma fruição plena e sustentável.
A casa, elemento fundamental na vida do Homem, face visível do nosso código social
e moral, evolui com a cultura daqueles que a utilizam mas nem sempre no caminho desejado,
de harmonia entre o mundo social e o mundo natural. É hoje por demais evidente a alteração da face do país. A “ausência de uma afirmação arrogante de personalidade, um sentido íntimo de decoro e modéstia” (Barata, 1989) características da arquitectura vernácula, têm vindo a ser substituídas por uma necessidade de ostentação e vaidade que se materializam
em formas ornamentais exageradas, diversa volumetria e por vezes exuberante composição
dos elementos arquitectónicos, degenerando a natureza da arquitectura de um modo geral.
Atribuiu-se essa responsabilidade aos emigrantes mas constata-se que é uma
tendência extensiva a uma vasta faixa da sociedade. Ao contrário do uso atribuído à casa nas sociedades industrializadas e terciarizadas, mero objecto de consumo, um número considerável de portugueses vê nela um forte desejo de individualismo, independência e autonomia e serve-se dela para ostentar estes valores, como se as matérias e os objectos fossem portadores de uma mensagem a ser decifrada. Recorrentemente se abdica da função primária de abrigo, adequado ao nosso corpo e ao nosso espírito, para dar primazia à vaidade,
ao sacrifício da moda, à urgência de suscitar inveja e manifestar poder.
Uma eloquente manifestação destas alterações é o fenómeno do “anexo”, objecto de estudo do presente trabalho e cuja proliferação surge como uma âncora para a qual é
transferida de forma significativa a dinâmica familiar.
Desta forma, os anexos - estes sim, correspondendo às necessidades dos seus
utilizadores - não representam a imagem mas antes a alma daqueles que os povoam. A casa
deveria, sem dúvida, constituir o lugar de confiança, onde o esforço pedido pelas horas
passadas no exterior, a protecção física face às inclemências da natureza permitisse a
descontracção geral da nossa vigilância.
Mas, por outro lado, para o bem e para o mal e contrariamente ao que se possa
pensar, esta realidade não deixa de ser uma forma de expressão do povo e da sua cultura.
Esta dissertação pretende ser um contributo para uma reflexão sobre tais inquietações, baseando-se na realização de trabalho de campo em duas áreas distintas, a saber: Braga e Bragança.
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Espaço de fruição Casa
