ICI - Instituto Coordenador da Investigação
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O ICI integra Unidades de Investigação que exerçam as suas atividades na UBI e que tenham sido classificados com notação igual ou superior a Bom pelos painéis internacionais de avaliação periódica designados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
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Browsing ICI - Instituto Coordenador da Investigação by advisor "Rosa, José Maria da Silva"
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- Metamorfoses da rivalidade miméticaPublication . Meruje, Márcio Miguel Alexandre; Rosa, José Maria da SilvaA investigação aqui desenvolvida recorre à teoria mimética de René Girard e visa reconhecer o nexo existente entre a violência e o desejo nas sociedades contemporâneas. Estas sociedades, ao contrário das sociedades tradicionais do passado, apresentam-nos o sacrifício cruento como ilegítimo, dando lugar a uma violência política que revela hoje, ainda assim, possíveis ligações às estruturas arcaicas do passado. Porém, a violência dita geradora de sentido é hoje praticamente inexistente e encontra-se agravada pela inexistência de estruturas que a dotem de sentido. Existe portanto o que Girard diz ser uma efusão de novos desejos à escala mundial e que coloca o Homem num novo paradigma, distinto daquele que existia no passado. O homem encontra-se hoje, na sua vida social e política, perante uma crise antropológica fundamental, graças à tomada de consciência das estruturas que o regulam. Deste modo, ao tentar ainda dar coesão às estruturas sociais, cada vez mais individuais, como forma de manter a existência de diferenças que regulamentam a sociedade, o Homem dá conta da crise que atravessa. O nosso estudo tem como operador a teoria mimética de René Girard, estabelecendo uma ligação das noções presentes nesta teoria com a filosofia política. É com a publicação da sua última obra Battling to the End que Girard entra pela primeira vez no campo da filosofia política e das noções de violência política, exportação da violência, mediação interna à escala mundial, que são um novo desafio para o pensamento político atual. A teoria mimética, ainda que na sua génese não seja uma teoria política, ganha progressivamente voz no campo da filosofia política ao tratar Clausewitz nesta última obra mas, também, por se constituir como uma chave de leitura para a teoria política, como se lê em autores como Paul Dumouchel, Jean-Pierre Dupuy, Eric Gans, entre outros. A violência política e a exportação da violência, por exemplo, demonstram que a teoria mimética possibilita trazer concetualmente algo de novo ao campo do atual pensamento político. Damos progressivamente conta de que esta violência, distinta da das comunidades arcaicas mas ainda marcada por estas, apresenta um caráter particularmente novo — a sua imprevisibilidade — além de um novo tipo que escapa a qualquer forma estruturada — o terrorismo. Girard, ao dar-nos conta da imprevisibilidade, convoca-nos a refletir sobre o modo como a violência permeia quase todos os meandros da vida social. Socorrendo-nos assim de vários autores da filosofia política, apresentaremos algumas das linhas possíveis de diálogo acerca desta face imprevisível que a violência — supostamente — não tinha no passado.
- O rol de quantas máscaras usei ...: a referencialização identificativo da personagem na narratia ficcional de José RégioPublication . Ascensão, Maria José Marcelino Madeira da; Magalhães, Gabriel Augusto Coelho; Rosa, José Maria da SilvaA abranger toda a narrativa ficcional regiana está o uso da máscara de Régio: numa vertente específica, a das personagens que constrói e que, de forma engenhosa, peculiar e vária designa ou referencializa; numa vertente mais globalizante, a do nome próprio que o autor adopta para assinar a sua obra literária. A presente tese de doutoramento visa, por conseguinte, o processo de disfarce consubstanciado nestas duas vertentes. Deste modo, num primeiro momento e inequivocamente mais lato, estabelece-se uma análise da referencialização identificativa das personagens existentes na narrativa ficcional regiana. Neste âmbito, são visados grupos de designadores específicos, de carácter nominal ou morfossintático, que referencializam personagens e estigmatizam as temáticas regianas da genuinidade vs falsidade, da originalidade vs vulgaridade, da individualidade vs colectividade e da criatividade vs falsa intelectualidade. Por fim, numa segunda e sucinta conjuntura, estuda-se a referencialização que respeita o criador literário, no contorno ficcional de personagens escritores que se presentificam na narrativa ficcional e no âmbito real do próprio José Régio. Deste modo, e visando a globalidade do trabalho desenvolvido denuncia-se, então, a par de um processo evidente de disfarce, a presença inequívoca da vocação da e para a sinceridade que tanto José Régio cultivara na sua obra.
- Teatro da Encarnação: educação em tempos de barbáriePublication . Saldanha, Marcelo Ramos; Rosa, José Maria da Silva; Domingues, José António DuarteA presente tese tem o intuito de proporcionar um estudo acerca da vivência teatral denominada Teatro da Encarnação que, a partir da comunhão criativa entre a Filosofia de Michel Henry, a Pedagogia de Paulo Freire e o Teatro de Augusto Boal, se propõe como uma experimentação pedagógica de superação da barbárie, esse insuportável desinvestimento na vida que promove o desmoronamento da cultura ou de nossa civilização. Compreendemos que as marcas da redução galilaica, alvo da denúncia henryana, legou-nos um crescente movimento de abstração conceitual e mecanização da transmissão de conhecimento, que teve como consequência direta o mutismo, manifesto tanto nos baixos quanto nos altos níveis de aquisição de saber, que, em sentido freireano, toma forma na negativa de dizer sua própria palavra. Negativa que, segundo entendemos, é proveniente da impossibilidade de encontrar essa mesma palavra, já que esta lhe é oferecida e não gerada na vida. Será em face desse mutismo aniquilador da capacidade crítica que o Teatro da Encarnação buscará oferecer resposta pautada na corpropriação, fazendo do humano atuante um co-proprietário do mundo, ao ponto de sentir-se potente para alterar esse mesmo mundo pela via afetiva. Dessa forma, a tese que aqui nos propomos a defender é a de que o atual modelo galilaico/cartesiano chegou ao seu esgotamento e demonstrou não corresponder aos saberes da vida e tampouco poder oferecer possibilidade de acréscimo cultural, de forma que cabe estabelecer um novo caminho, para o qual propormos o Teatro da Encarnação, por ser um teatro do lúdico e do sensível. Essa é a possibilidade que aqui defenderemos pela via filosófica/pedagógica.