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Metamorfoses da rivalidade mimética

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Abstract(s)

A investigação aqui desenvolvida recorre à teoria mimética de René Girard e visa reconhecer o nexo existente entre a violência e o desejo nas sociedades contemporâneas. Estas sociedades, ao contrário das sociedades tradicionais do passado, apresentam-nos o sacrifício cruento como ilegítimo, dando lugar a uma violência política que revela hoje, ainda assim, possíveis ligações às estruturas arcaicas do passado. Porém, a violência dita geradora de sentido é hoje praticamente inexistente e encontra-se agravada pela inexistência de estruturas que a dotem de sentido. Existe portanto o que Girard diz ser uma efusão de novos desejos à escala mundial e que coloca o Homem num novo paradigma, distinto daquele que existia no passado. O homem encontra-se hoje, na sua vida social e política, perante uma crise antropológica fundamental, graças à tomada de consciência das estruturas que o regulam. Deste modo, ao tentar ainda dar coesão às estruturas sociais, cada vez mais individuais, como forma de manter a existência de diferenças que regulamentam a sociedade, o Homem dá conta da crise que atravessa. O nosso estudo tem como operador a teoria mimética de René Girard, estabelecendo uma ligação das noções presentes nesta teoria com a filosofia política. É com a publicação da sua última obra Battling to the End que Girard entra pela primeira vez no campo da filosofia política e das noções de violência política, exportação da violência, mediação interna à escala mundial, que são um novo desafio para o pensamento político atual. A teoria mimética, ainda que na sua génese não seja uma teoria política, ganha progressivamente voz no campo da filosofia política ao tratar Clausewitz nesta última obra mas, também, por se constituir como uma chave de leitura para a teoria política, como se lê em autores como Paul Dumouchel, Jean-Pierre Dupuy, Eric Gans, entre outros. A violência política e a exportação da violência, por exemplo, demonstram que a teoria mimética possibilita trazer concetualmente algo de novo ao campo do atual pensamento político. Damos progressivamente conta de que esta violência, distinta da das comunidades arcaicas mas ainda marcada por estas, apresenta um caráter particularmente novo — a sua imprevisibilidade — além de um novo tipo que escapa a qualquer forma estruturada — o terrorismo. Girard, ao dar-nos conta da imprevisibilidade, convoca-nos a refletir sobre o modo como a violência permeia quase todos os meandros da vida social. Socorrendo-nos assim de vários autores da filosofia política, apresentaremos algumas das linhas possíveis de diálogo acerca desta face imprevisível que a violência — supostamente — não tinha no passado.

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Teoria Mimética René Girard Violência Terrorismo Antropologia Cultural

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