Browsing by Author "Massano, Rita Maria Bento"
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- Reminiscência: O caso do Bairro Portugal NovoPublication . Massano, Rita Maria Bento; Pinto, Luis Miguel de Barros MoreiraDepois do 25 de abril de 1974 formou-se o projeto SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), que trouxe à discussão assuntos que antes eram quase desconhecidos ao cidadão comum, como políticas de habitação social e o direito a habitação. Formaram-se brigadas de arquitetos e engenheiros que percorreram Portugal numa interessante experiência com condições socioculturais singulares, em busca de soluções arquitetónicas para pessoas com poucas condições económicas e/ou marginalizadas. Os moradores eram uma peça tida como fundamental, e um dos princípios fundamentais era que estes fossem integrados e acompanhassem todo o processo de projeto e construção. Foram várias as localidades abrangidas por esse processo, mas, na minha dissertação, vou abordar principalmente o caso da cidade de Lisboa, com especial incidência no Bairro Portugal Novo. Localizado nas Olaias, freguesia do Areeiro, começou a ser construído nos anos 80 para alojar moradores dos “comboios” (habitações informais, vulgo barracas) que se encontravam implantadas nas proximidades da Qta. do Monte Coxo e do Vale Areeiro. Para a gestão e manutenção das habitações do bairro constituiu-se uma cooperativa habitacional (Cooperativa Portugal Novo), que acabou por abrir insolvência. Com isto, o bairro foi deixado ao abandono, sem nenhum tipo de gestão municipal ou privada, tanto dos edifícios habitacionais como dos espaços comuns, e a responsabilidade pela resolução do problema foi sendo empurrada entre o Estado, a Câmara Municipal, os moradores e a Cooperativa. O abandono das entidades responsáveis levou a que o local fosse um alvo fácil para atos isolados de criminalidade, somando o estereótipo subjacente aos bairros de habitação social. Com uma localização privilegiada, bem no centro da cidade, acabou por ser circundado por outras construções (os edifícios das Olaias e mais tarde, os Serviços Sociais da CML), tendo ficado quase impercetível a quem cruza as ruas circundantes. Houve já várias tentativas de municipalização e até já existe uma associação formada pelos moradores. Mais do que simplesmente reabilitar os edifícios habitacionais, é necessário arranjar formas dos moradores gerarem liquidez para terem autonomia para reabilitar, dinamizar o bairro. Da mesma forma, também, dar visibilidade a estes territórios, para que os órgãos de poder sejam pressionados a atuar. Assim, espaços comunitários e de lazer, para uso das comunidades, são chamativos para pessoas exteriores ao bairro e para, consequentemente, valorização da comunidade que habita o bairro.