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- Conhecimentos e atitudes dos estudantes de Medicina da UBI em relação às pessoas trans e às suas necessidades em saúdePublication . Cardoso, Mariana Santos Macedo; Moutinho, José Alberto Fonseca; Rodrigues, Carla Susana Tovim; Nunes, Sara Monteiro Morgado DiasIntrodução: Pessoas LGBTQIA+ enfrentam disparidades documentadas na assistência médica, e estas são experienciadas de forma mais acentuada por pessoas trans. Um dos fatores na sua origem é a falta de acesso a profissionais com formação nesta área. Estudantes de medicina e médicos apresentam lacunas de conhecimento comprovadas na assistência à saúde LGBTQIA+ devido a instrução escassa da temática. Conhecer a perceção dos atuais alunos de medicina sobre o tema, poderá despoletar estratégias para melhorar os futuros currículos de formação médica. Objetivos: O objetivo principal desta investigação é perceber quais os atuais conhecimentos dos alunos de Medicina da Universidade da Beira Interior sobre as particularidades dos cuidados a pessoas trans e formular contributos para melhorar a formação dos profissionais de saúde em diversidade de género e sexualidade. Métodos: O presente estudo é transversal, baseado na recolha de respostas a um inquérito anónimo em formato GOOGLE FORMS enviado, através do email institucional da faculdade, a todos os estudantes de medicina da FCS-UBI, acessível entre 22 de setembro e 2 de novembro de 2023. No total, foram obtidas 221 respostas. O questionário elaborado é constituído por duas partes: a primeira, elaborada pelos autores e não validada, tem como objetivo avaliar os conhecimentos dos estudantes sobre necessidades de saúde da população trans e a segunda pretende avaliar as atitudes para com homens e mulheres trans com recurso à escala EARHMT, validada para português por Ana Raquel Machado Guimarães em "A study about attitudes toward transgender: a transparent hate or a colourful love?". Resultados: Obtiveram-se 221 respostas, das quais 95 (43%) correspondiam a alunos dos 5º e 6º anos. Do total, 177 (80%) identificaram-se como do género feminino, 42 (19%) do masculino e 2 (1%) não binários. Em relação à orientação sexual, 186 (84%) referiram ser heterossexuais, 19 (9%) bissexuais e 8 (4%) homossexuais. Os inquiridos relataram um desconhecimento total em relação a vários tópicos, incluindo: 65 (29,4%) sobre os tipos de cirurgias de reafirmação de género, 67 (30,3%) os tipos de hormonoterapia para reafirmação de género, 144 (65,2%) sobre as recomendações para o rastreio do cancro do colo do útero e do cancro da mama, em trans masculinos, e 150 (67,9%) desconheciam as recomendações para o rastreio do cancro da próstata em trans femininos. Quanto à formação, 162 (73,3%) alunos referiram que receberam nenhuma ou escassa formação sobre a população LGBTQIA+ durante todo o curso, e 84% declararam que não tinham recebido qualquer tipo de instrução em cuidados de saúde específicos para a população trans. A maioria dos estudantes de medicina não demonstrou atitudes negativas para com a população trans e 76% considerou que seria importante a sua abordagem na formação académica. Conclusão: Os estudantes de medicina da UBI reportaram um nível de conhecimentos médicos muito insuficiente para a prestação cuidados de saúde a pessoas trans, o que sugere necessidade de reajustar o curriculum da formação médica nesta área.