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- A construção da agenda noticiosa sobre saúde na televisão em países de língua oficial portuguesaPublication . Giacomelli, Tâmela Medeiros Grafolin; Serra, Joaquim Mateus PauloNos anos 1980, a epidemia de uma estranha doença que se espalhou pelo mundo, sem considerar contextos culturais, econômicos e sociais, começou a alimentar um campo de estudo até então limitado: o da comunicação em saúde. A velocidade e a forma como o vírus HIV/SIDA/AIDS era transmitido trouxe destaque para o papel dos meios de comunicação social não apenas na gestão de crises sanitárias, como também observamos recentemente com a pandemia do vírus Sars-CoV-2 (Covid-19), mas também na preparação, na literacia do público em cuidados diários com a saúde. Nesses contextos, vimos a capacidade da televisão de alcançar o público de forma mais abrangente, unindo imagem e som. A presente pesquisa tem como ponto de partida a percepção de algumas lacunas no estudo da comunicação em saúde voltado para as realidades dos países de língua oficial portuguesa. Nesse sentido, debruçamo-nos, especificamente, sobre o jornalismo, na área da comunicação em saúde, praticado em Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, visando compreender como acontece a construção da agenda noticiosa nesses territórios. Para tal tivemos em conta a avaliação dos critérios de noticiabilidade mais utilizados, com foco nos valores-notícia de seleção. Como objeto de pesquisa, selecionamos os jornais televisivos do chamado “horário nobre” das emissoras públicas de televisão dos seis países de expressão oficial portuguesa, justamente por a televisão se tratar de um dos meios de maior alcance considerando a realidade de oferta e consumo dos meios de comunicação social de cada local. Para respondermos às questões propostas pela pesquisa, optamos pela utilização de dois métodos complementares, o da Análise de Conteúdo (AC) e da entrevista em profundidade semiestruturada. Através do método do mês construído, recolhemos 173 peças jornalísticas televisivas, entre os meses de maio e agostos de 2023, sobre as quais aplicamos o método da análise de conteúdo categorial para avaliar os temas abordados, formatos utilizados, enquadramento, fontes de informação, valores-notícia e o que chamamos de materiais de apoio (vídeos, áudios, entrevistas, fotografias, etc). Para complementar as informações recolhidas dessa forma, entrevistamos jornalistas de quatro, dos seis países investigados, procurando relacionar os dados obtidos com a aplicação dos dois métodos. A partir dos dados analisados, observamos que, embora os valores-notícia de “Relevância”, “Novidade/Atualidade” e “Amplitude/Impacto” tenham se destacado de forma consistente em todas as emissoras analisadas, existem variações importantes de acordo com o contexto político, social e econômico de cada país. Também observamos o predomínio do uso das fontes oficiais, da reportagem como formato mais utilizado, assim como o das imagens profissionais dentre os materiais de apoio. Compreender as características das peças como um todo, assim como as informações obtidas com as entrevistas, auxiliou-nos a perceber não apenas as semelhanças transnacionais no uso dos valores-notícia, mas também as especificidades de cada país em termos de prioridades editoriais, contextos políticos e pressões institucionais. O estudo mostrou ainda que, embora as emissoras públicas desempenhem um papel crucial na mediatização dos temas de saúde, elas enfrentam desafios significativos em termos de autonomia editorial, pluralidade de fontes e adaptação às novas dinâmicas midiáticas.