LabCom. IFP - Comunicação Filosofia e Humanidades
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Browsing LabCom. IFP - Comunicação Filosofia e Humanidades by Subject "Agostinho"
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- Da Fealdade e da Beleza no/do Mundo. Gnose, Antignose e Monstros em Santo AgostinhoPublication . Rosa, José Maria SilvaÉ bem conhecido o arreigado esquema gnóstico-maniqueu que, para valorizar a salvação da alma, tem de demonizar e tornar má a criação do mundo. O jovem Agostinho, em Cartago, ávido ouvinte dos “mistérios do acerca do princípio, do meio e do fim”, conheceu bem o mito maniqueu e as consequências que este tinha no que respeita ao estatuto ontológico do mundo (globus horribilis), fabricado pela astúcia de um “Pai das Luzes” apanhado de surpresa e incapaz de derrotar as Trevas num combate singular. Produzido assim a partir de uma mistura espúria (Contra Fort., 1: de cuius commixtione cum malo et tenebrarum gente mundus sit fabricatus), a natureza material está aí como prisão da alma, véu denso que a impede de reconhecer a sua origem luminosa e celeste, e de regressar à sua pátria. Em vez de espelho cristalino e trampolim, a natureza é opacidade e armadilha. É igualmente bem conhecido o esforço ingente do Agostinho convertido para, contra manicheos, recuperar a bondade ontológica de toda a criação (v.g., De ordine, De Natura Boni, De Genesi ad litteram, Contra Epistulam quam vocant “Fundamenti”, etc.). Mas nem por isso deixam alguns de observar que Agostinho, por supostamente “nunca ter lavado as mãos dos mistérios de Manés”, ficou de tal modo abismado na soteriologia da alma, que se desinteressou pelo mundo (Sol., I,2,7: Deum animam scire cupio. - Nihilne plus? - Nihil omnino). Ora, importa reavaliar a justeza deste remoque à luz não só daqueles textos de Agostinho, mas inclusive dos que mais colocam o drama da alma no centro, como é o caso de Confessiones. Não é aqui precisamente (X, 66, 9) que Agostinho coloca a beleza do mundo como correlato primeiro da ‘intencionalidade’ da alma? «Interrogatio mea, intentio mea, responsio eorum, species eorum.»