LabCom. IFP - Comunicação Filosofia e Humanidades
Permanent URI for this community
Browse
Browsing LabCom. IFP - Comunicação Filosofia e Humanidades by Title
Now showing 1 - 10 of 227
Results Per Page
Sort Options
- À Mesa da Vida. Comunidade e comensalidade em Michel HenryPublication . Rosa, José Maria SilvaUma das mais recentes propostas de leitura dos textos bíblicos, em especial dos evangelhos, a chamada teologia narrativa, apresenta a comunidade e a comensalidade como lugares privilegiados de revelação e de relação evangélicas. Foi à mesa, durante as refeições, que Jesus proferiu algumas das suas mais significativas palavras e teve gestos absolutamente reveladores da Vida superabundante em que vivia. Foi também à mesa que operou a inversão entre uma hospitalidade formal, exterior e protocolar, de um fariseu como Simão (Lc 7, 36-50), gestos sociais exangues da vida, e a hospitalidade vital e originária das lágrimas e dos perfumes de Maria Madalena, ajoelhada aos pés dessa mesma mesa. E foi ainda à mesa – será preciso recordá-lo? – no pathos da Última Ceia, que Jesus enlaçou num único e mesmo logos de vida quer a narrativa de uma comunidade escatológica quer as realidades vitais por excelência do pão e do vinho de todos os dias: «Tomai e comei todos…; tomai e bebei todos…; fazei isto em memória de mim». É para nós significativa a comum orientação (apesar de tudo o que as separa, pois não ignoramos as críticas de Michel Henry às pretensões da Teologia Filosófica) entre «Palavras de Cristo»; e «Encarnação. Para uma Filosofia da Carne», leu ele próprio ainda mais radicalmente os evangelhos, muito em particular o evangelho de São João. M. Henry vê aí, 'in actu exercito', por antecipação e em abundância, o cumprimento da inversão da Filosofia tradicional, na sua matriz fenomenológica grega e husserliana.
- À sombra de Nietzsche. Uma reflexão sobre as ‘Culturas em Movimento’Publication . Rosa, José Maria SilvaÀ primeira vista, parece difícil conjugar em simultâneo as noções de Cultura e de Movimento. Com efeito, o sentido clássico de Cultura, na demanda de um critério determinante daquilo que merece e deve ser cultivado (desde os agri da agricultura até às letras do espírito, passando por tudo o que, no entremeio, que implicava a puericultura), acaba por introduzir um critério absoluto, não-cultural, seja ele natural seja divino (dimensões que amiúde se equivalem como no estoicismo) a fim de fundar o juízo de valor subjacente à definição de tudo o que se considera ser Cultura.
- O “a-fazer” da verdade como desafio ético em AristótelesPublication . Amaral, AntónioNo campo humano do prático [τὸ πρακτόν], não se trata apenas de “aprender a fazer uma acção”, mas também de que aprendemos fazendo [ποιοῦντες μανθάνομεν], no suposto de que o fazer [τò ποιεῖν] constitui a mediação privilegiada pela qual e na qual o agir [τò πράττειν] atesta e manifesta por si mesmo uma narrativa prévia e refractária a qualquer discurso sobre isso. Desde a emergência individual da disposição ética até à manufactura comum da decisão política, Aristóteles revela em que medida o agir diz-me naquilo que faço e me faço…
- A-teísmo, anti-teísmo e hiper-teísmo: antecedentes gregos na trilogia “Apolo-Orfeu-Dioniso”Publication . Amaral, AntónioQuando falamos de «religião» no contexto da cultura grega, importa precaver-nos de indesejáveis contaminações interpretativas. Desde logo, aquilo que o homem grego pressente e assume experienciadamente como crença religiosa não coincide exactamente com aquela ideia de fides que, a partir do influxo cristão da cultura medieval, se sedimentou lexicalmente como fé. Apesar de tudo, ou talvez por isso mesmo, não há, na cultura grega, fenómenos que possamos apodar de anti-religiosos. Poderá haver, e há sem dúvida, formas de mimese, transferência e substituição de procedimentos religiosos por sucedâneos mais ou menos plausíveis e convincentes. Poderá também haver, e há, um espectro matizado de atitudes aparentemente desfiguradoras do religioso, desde o mais ostensivo e interesseiro pragmatismo até à mais oportunista superstição. Desta feita, credulidade e incredulidade, fascínio e temor, respeito escrupuloso pelos deuses e livre iniciativa não apenas para deles dispor, mas também para os satirizar e caricaturar, para os miniaturizar e aprisionar no arriscado jogo de espelhos dos interesses humanos, não anulam mas amplificam o horizonte grego da experiência religiosa.
- Acácia Maria Thiele: Territórios interditos no femininoPublication . Herberto, LuísAcácia Thiele é provavelmente uma dos artistas contemporâneas portuguesas, cujo trabalho é definitivamente mais provocativo, dada a natureza crua e explícita da exploração da própria nudez. Estruturado em referências que exploram linguagens visuais do erótico, o seu trabalho é no entanto eficaz nas questões de género que enuncia nos territórios interditos em que se move.
- O Admirável Mundo das Notícias: Teorias e MétodosPublication . Correia, João CarlosEspelho de anos de aulas em Teoria da Notícia, o livro "O Admirável Mundo das Notícias" pretende ser uma manual onde se encontre uma abordagem medianamente aprofundada da literatura disponível sobre Estudos Jornalísticos. Apesar da sua intenção primeira de auxiliar alunos e investigadores não abdica de assumir as perplexidades de um tempo de mudança que afecta o campo jornalístico, descrito como em crise mas também como rico em oportunidades transformadoras. Assim, além dos temas que normalmente são esperados num Manual deste género ( os métodos de análise do discurso noticioso, a produção das notícias, as fontes, as rotinas, o profissionalismo jornalístico, a objectividade e os efeitos das notícias), introduzem-se problemas novos que resultam das modificações que se fazem sentir no espaço de visibilidade mediático: os desafios tecnológicos, as mutações sociais e a emergência de correntes que desafiam os modelos tradicionais e canónicos de jornalismo.
- O adultério feminino mediado pelo olhar de Monique Rutler ou o charme discreto de uma burguesia republicana e falsa-moralista.Publication . Pereira, Ana CatarinaA década de 90 seria um período marcante na História do Cinema Português. Uma democracia recentemente conquistada (1974), a entrada do país na União Europeia (1986) e a tentativa de promulgação de medidas que fomentassem a igualdade de oportunidades, geravam debate e questionamento. Alguns dos mais densos filmes então estreados — de Teresa Villaverde, Pedro Costa, Margarida Gil, João Canijo, Solveig Nordlund ou João César Monteiro — revelam distanciações fracturantes, enquanto denunciam os inúmeros problemas que asfixiam determinados segmentos da sociedade. As imagens de crianças e adolescentes que crescem e que são educadas num país de instabilidade face ao novo, subúrbios marginalizados e injustiças perenes seriam dominantes na cinematografia daqueles anos. Neste contexto, Monique Rutler decide realizar um filme de época. Olhando o passado, questionou o presente e perspectivou um futuro que poderia retroceder, caso não se prestasse a devida atenção aos poderes instituídos e se consentisse no tratamento discriminatório de mulheres e operários. Depois de intensas pesquisas, a cineasta franco-portuguesa revelou novamente a história de Adelaide Coelho da Cunha, filha do fundador do jornal Diário de Notícias, e primeira mulher de um dos seus directores, internada e sujeita a tratamentos psiquiátricos indevidos, por ter escolhido viver um amor adúltero. A denúncia deveria ter suscitado o escândalo e a consternação, motivado o público e conhecido uma maior distribuição pelas salas de cinema. Todavia, a terceira longa-metragem de Monique Rutler parece ser, em todos os sentidos possíveis, uma história maldita. Estreado comercialmente no ano de 1992 em apenas três salas do país, o filme não foi além dos 2706 espectadores.[1] Por outro lado, sendo uma das mais marcantes narrativas sobre a condição feminina num determinado período da História de Portugal, é também uma das mais esquecidas. O propósito deste artigo é assim o de chamar a atenção para a invisibilidade de um caso verídico de graves atentados a princípios éticos e deontológicos — não apenas universais, mas também, e particularmente, dos profissionais de saúde. [1] Dados fornecidos pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).
- Agenda dos Cidadãos: jornalismo e participação cívica nos media regionais portuguesesPublication . Correia, João Carlos; Canavilhas, João; Morais, Ricardo; Sousa, João Carlos; Carvalheiro, José RicardoSinopse O campo do jornalismo tem vindo a ser atravessado, nas últimas décadas, por reflexões teóricas e experiências que visam melhorar o relacionamento entre os públicos e a vida comunitária, tentando incentivar esses mesmos públicos a participar no debate das questões de interesse colectivo. Sob a influência de elementos teóricos projectados pela teoria da democracia deliberativa, pela reflexão comunitarista e pela obra de John Dewey e também das transformações tecnológicas que incentivam a interactividade, o jornalismo implica hoje uma referência ao reforço da participação dos públicos na cidadania e ao papel que o jornalismo pode desenvolver no reforço dessa participação (Dewey, 2004; Mesquita, 2003; Dahlgren & Sparks, 1991). Simultaneamente, o jornalismo público tem-se afirmado como um movimento que visa ultrapassar alguns contextos de crise que dificultaram o relacionamento entre o jornalismo e a vida cívica, nomeadamente a orientação exclusivamente dirigida para o mercado, o reforço da tendência conhecida pela fusão do entretenimento com a informação (infotainment), o incremento das soft news, e a excessiva dependência de fontes oficiais e de rotina. Neste contexto, o projecto “Agenda dos Cidadãos: jornalismo e participação cívica nos media portugueses”1 surgiu com o objectivo fundamental de identificar, fomentar e experimentar práticas jornalísticas que contribuam para reforçar o compromisso dos cidadãos com a comunidade e a deliberação democrática na esfera pública, numa perspectiva de fortalecimento da cidadania, seguindo o exemplo do chamado jornalismo público e, eventualmente, outras formas de jornalismo comunitário (Glasser, 1999; 2002). A ideia orientadora fundamental do projecto foi a análise da possibilidade de substituir uma agenda determinada, maioritariamente, por definidores primários, por uma agenda em que também se desse visibilidade às questões de interesse público identificadas pelos públicos dos media (Charity, 1995).
- Antero e a filosofia como vertigemPublication . Amaral, AntónioNo seu adensamento catabático, descensional, a experiência anteriana da vertigem repercute simetricamente a intensi
- António Campos, o paradigma do documentárioPublication . Penafria, ManuelaEnquanto cineasta, António Campos (Leiria, 29 de Maio de 1922 - Figueira da Foz, 7 de Março de 1999) segue o seu caminho afastado dos movimentos e movimentações do cinema português, estando a sua filmografia situada entre 1957 e 1993 . António Campos faz um percurso solitário, seja por dificuldades em aceder a materiais e equipamentos para os quais não possuía recursos financeiros, seja por dificuldade de diálogo com os centros urbanos por onde circulavam as influências e as tomadas de decisão. Qualquer que seja a razão, temos sempre de acrescentar uma boa dose de preservação da sua própria autonomia. Nas palavras do próprio: "Escolhi o caminho da marginalidade. Gostei das minhas luzes, do meu “charriot”: da câmara, o tripé - a independência ... "António Campos fazia questão em ter liberdade de movimentos para poder fazer o que bem entendia, assumindo-se como único responsável das suas decisões. O seu percurso foi feito à sua própria custa, ultrapassando dificuldades, em especial, financeiras. A falta de apoios a que várias vezes se referiu era feita num tom misto de queixa e de orgulho. Afirma o realizador: "gosto de liberdade no meu trabalho. E, se é certo que fui aprendendo com os meus erros, o que me deixa tranquilo é que fui eu próprio quem os pagou.”