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- The role of healthcare professionals in tobacco controlPublication . Ravara, Sofia Belo; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro de; Aguiar, PedroA epidemia tabágica é uma das principais causas de morbilidade e morte prematura e continua a expandir-se globalmente. O tabagismo é também a principal causa evitável de morte. No entanto, mudar o paradigma é possível. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a principal estratégia para travar a epidemia passa por contrariar as táticas da indústria do tabaco através da implementação de políticas para regular as atividades desta indústria. Acresce que é também crucial sensibilizar e educar a opinião pública sobre os riscos para a saúde associados ao consumo do tabaco e envolver ativamente a sociedade civil no controlo do tabagismo. A perceção dos riscos do tabaco pela população e as normas sociais relativas ao tabagismo mudam lentamente ao longo do tempo. Por tal motivo, é necessário uma liderança firme e uma ação sustentada de saúde pública. Os profissionais de saúde, educadores, decisores políticos, governos, organizações não-governamentais (ONGs), os media e a sociedade em geral devem trabalhar conjuntamente, numa parceria concertada para promover as melhores práticas de controlo de tabagismo e diminuir a aceitação social do tabaco. Entre os vários atores sociais envolvidos no ativismo político de controlo de tabaco, os profissionais de saúde têm um papel crucial a desempenhar. Todos os profissionais de saúde, e muito especialmente os médicos, devem ser exemplos e líderes de saúde pública, comportando-se como modelos sendo “não fumadores”; educando a população sobre os riscos do tabaco e da exposição ao fumo ambiental de tabaco (FAT) e os benefícios da cessação tabágica; promovendo a cessação; identificando sistematicamente os fumadores na prática clínica, aconselhando-os a parar de fumar e apoiando a cessação; e, por último, intervindo no processo da negociação política da implementação das medidas de controlo do tabaco, influenciando a decisão. Em Portugal, a prevalência de tabagismo, avaliada nos inquéritos nacionais de saúde e outros inquéritos à população geral, mostra que o consumo de tabaco é elevado em muitos grupos etários, além de ter aumentado substancialmente nas mulheres dos 15 aos 70 anos ao longo das últimas três décadas. Acresce que o consumo aumentou recentemente nos jovens. Além disso, apenas uma minoria dos fumadores atuais expressa o desejo de cessar de fumar ou recorre ao tratamento de cessação tabágica. Estas tendências sublinham a necessidade de uma estratégia nacional de controlo de tabagismo efectiva e sustentada. Em 2012, foi aprovado um programa nacional de prevenção e controlo de tabaco, o que é certamente uma oportunidade para avançar o controlo do tabagismo em Portugal. No entanto, sem um financiamento adequado e a participação plena da sociedade civil e sua capacitação, o plano dificilmente conseguirá alcançar os objetivos. Entre os vários atores sociais, os médicos e os profissionais de saúde portugueses deverão ser modelos como não fumadores e líderes de saúde pública e de ativismo político na prevenção e controlo do tabagismo. No entanto, é escasso o conhecimento do comportamento tabágico dos médicos portugueses e do seu envolvimento no controlo de tabagismo. Neste contexto, o projeto de investigação conduzido nesta tese teve como objetivo explorar o envolvimento no controlo do tabagismo dos profissionais de saúde portugueses e, em particular dos médicos, e a associação deste envolvimento com a mudança da norma social em relação ao tabaco, descrevendo as tendências do comportamento tabágico entre os médicos e os profissionais de saúde, assim como as suas atitudes e crenças em relação ao FAT e às políticas de espaços livres de fumo, e por último investigar a sua participação em atividades de prevenção e controlo do tabaco. Foram também investigados os fatores associados com as atitudes de controlo de tabagismo e com a participação dos médicos e profissionais de saúde em atividades de controlo do tabagismo. As atitudes e crenças em relação à exposição ao FAT e às políticas de proteção ao FAT foram estudadas como medidas indiretas robustas das normas sociais respeitantes ao tabaco. Com efeito, de acordo com a literatura científica, estas medidas estão fortemente relacionadas com o apoio às políticas de prevenção e controlo de tabagismo e com a mudança da norma social a favor da diminuição da aceitação social do tabagismo. O consumo de tabaco e a formação em tabagismo foram sistematicamente explorados como as principais variáveis independentes, uma vez que o consumo do tabaco e a falta de formação são considerados as principais barreiras que travam o envolvimento dos profissionais de saúde no controlo do tabagismo. Foi investigado se os médicos portugueses se comportam como modelos não-fumadores, fumando menos do que a população em geral, relatando uma maior motivação para cessar de fumar, ou deixando de fumar mais cedo do que a população geral. Além disso, foi investigado se os médicos portugueses atuam como líderes de saúde pública, seja relatando atitudes mais positivas e maior apoio às políticas de proteção à exposição do FAT do que a população geral ou de que outros profissionais de saúde, seja participando ativamente em atividades de controlo de tabagismo. Finalmente, foi avaliada a associação entre o envolvimento dos profissionais de saúde e dos médicos no controlo do tabagismo e a mudança da norma social em relação à exposição ao FAT.