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- Porque vós trabalhais, não é verdade?:Publication . Marinho, Lina Raquel de Oliveira; Nascimento, André Barata; Soares, Jorge CoelhoO objetivo deste trabalho é (re)pensar a significação ética da realização do caráter político nas relações, que é próprio ao domínio comum-público. Esta reflexão parte com Hannah Arendt, que ocupa um lugar privilegiado nesta Tese, e abre diálogo com outros autores, escolhidos e julgados pertinentes para dar conta desta questão central. De saída, trata-se de compreender, sob o olhar desta autora, as dimensões elementares da sua teoria acerca da vita activa: trabalho (labour), obra (work) e ação (política), primeiramente do lugar mais inaugural do seu próprio pensamento e, então, conforme as representações históricas, segundo Dominique Méda, e a própria genealogia secularizada do capitalismo, segundo Max Weber, em relação a estas dimensões. Estamos assujeitados a uma vida contemporânea comprimida em trabalho (labour), pelas vias de um capitalismo hegemônico, cada vez mais imaterial e das emoções, tal como nos explicitam autores como André Gorz e Byung-Chul Han. Somos por excelência uma sociedade de trabalhadores e consumidores, cujas crises mais estruturais dizem respeito à constante liberação de um trabalho ‒ a partir dos pretendidos e desejáveis avanços de produtividade ‒ que foi concebido enquanto função social das nossas próprias relações. Atualmente consumimos empregabilidade para trabalhar, enquanto presenciamos, sem trabalho propriamente, o esvaziamento de significação da vida, assim concebida. Antes mesmo que o sujeito pudesse se emancipar politicamente, foi o trabalho na sociedade do capitalismo, por ele mesmo, que se emancipou, adquirindo desde um cunho ético de dever até uma valoração extremamente positivada. Sob o traço metodológico de interlocuções ‒ uma atitude deliberada de pesquisa que se propõe estar junto com as vozes da resistência e a ouvi-las ‒, este trabalho ilustra ou coloca em evidência alguns dos epicentros de alternativas outsiders que reverberam para as bordas ondas ambivalentes de possibilidades de rupturas e de saídas e superação desta lógica, como a Comunidade Noiva do Cordeiro, em Belo Vale/Minas Gerais/Brasil; a Comunidade de Tamera, em Portugal; e o movimento europeu sociopolítico do Decrescimento. Estas iniciativas outsiders fazem denunciar as fissuras e brechas mais sintomáticas das contradições da sociedade do trabalho no capitalismo, enquanto expõem sua genuína práxis de caring democracy and work. Este trabalho é uma espécie de peça anárquica a denunciar a urgência sintomática de devolvermos ao nosso domínio público o seu caráter político a partir do diálogo que tem de participar da ação política. Por outras palavras, a partir de narrações de fato de representatividade subjetiva e a partir de uma ética da disponibilidade dos sujeitos ao encontro, tal como compreendido pelo filósofo Martin Buber. Um dialogar, por sua vez, que convoca à revelação do “quem que age” do lugar das “emoções que nos fabricam” (íntimo) e do “governo destas” (contingência). Uma política que é o próprio acontecer daquilo que temos em plena igualdade: a diferença.