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- Caracterização e valorização de compostos bioativos de plantas silvestres e micropropagadas de Lavandula stoechas subsp. luisieri e Pterospartum tridentatum na conservação pós-colheita de frutosPublication . Domingues, Joana Lopes; Gonçalves, José Carlos Dias Duarte; Duarte, Ana Paula Coelho; Sousa, Fernanda Maria Grácio Delgado Ferreira deA crescente valorização de produtos naturais na alimentação tem ganho importância na comunidade científica, cada vez mais a investigação se tem direcionado para o desenvolvimento de conceitos inovadores sustentáveis ao nível alimentar e não só. Esta tendência generalizada pela sociedade de procurar, usar e consumir o que é natural deve-se não só à partilha do conhecimento científico para a sociedade, como também à urgente preocupação em mudarmos os nossos hábitos a nível alimentar, mas também à sustentabilidade dos processos industriais. As plantas aromáticas e medicinais (PAM) têm ganho especial atenção, a importância dos seus usos tradicionais tem vindo a ser confirmada, na maioria das vezes, em estudos de caracterização das propriedades biológicas. Os extratos e óleos essenciais (OEs) de PAM têm apresentado bons resultados em termos de atividades antioxidante e antimicrobiana, sendo a sua potencial aplicação na conservação de alimentos perecíveis, como é o caso de frutas e vegetais frescos, apresentando resultados promissores na substituição de conservantes químicos sintéticos e na redução do desperdício alimentar, devido à extensão de conservação dos alimentos. A Lavandula stoechas subsp. luisieri (Rozeira) Rozeira (Lsl) e a Pterospartum tridentatum L. Willk (Pt) são dois endemismos da flora portuguesa, sendo bastante referenciados em estudos etnobotânicos. Os seus extratos e OEs têm revelado resultados importantes na caracterização das suas propriedades biológicas. O presente estudo procura desenvolver protocolos de propagação in vitro destas espécies por sistemas de biorreatores de imersão temporária (BIT) e caracterizar os compostos fenólicos e voláteis dos extratos de plantas silvestres, recolhidas nas diferentes fases fenológicas e com origem em BIT. Nestes subprodutos, pretende-se avaliar as suas propriedades biológicas, nomeadamente a atividade antioxidante, antimicrobiana e a citotoxicidade. Foram realizados ensaios de conservação pós-colheita de medronho e cereja, onde, neste último, em cerejas, foram também elaboradas e caracterizadas formulações de revestimentos edíveis com incorporação de OE de Lsl. Os resultados dos ensaios de micropropagação de Lsl e Pt revelaram boas propriedades biométricas e morfológicas, obtendo taxas de multiplicação próximas ou superiores às obtidas no sistema convencional. A caracterização de extratos aquosos de Lsl revelou a presença maioritária de ácido rosmarínico em todas as fases fenológicas da planta, sendo que no extrato de BIT os compostos maioritários foram os ácidos cafeico e rosmarínico. Nos extratos aquosos de Pt os compostos fenólicos maioritários foram a rutina e quercetina, enquanto o extrato de BIT foi caracterizado por ácido elágico e rutina como compostos maioritários. Os resultados dos constituintes voláteis dos OEs de Lsl permitiram observar uma variação no perfil volátil nas diferentes fases fenológicas, sendo a fase da floração caracterizada por possuir maior teor de acetato de trans-α-necrodilo, nomeadamente no OE das folhas. Neste trabalho foi possível obter OE com origem em plantas no tratamento de BIT, sendo que o perfil volátil do OE apresentou como composto maioritário o acetato de trans-α-necrodilo, revelando alguns constituintes com maior teor comparativamente às plantas silvestres, como o α- e β-pineno, a cânfora, o acetato de lavandulilo e o viridiflorol. Os resultados permitiram concluir que os extratos aquosos e OE de Lsl e o extrato aquoso de Pt apresentaram atividade antioxidante pelos métodos testados, conferindo-lhes propriedades de potencial de aplicação como conservante. O OE de Lsl revelou potencial citotóxico em todas as concentrações testadas, enquanto nas concentrações mais baixas testadas o extrato aquoso de Pt não revelou citotoxicidade em células de fibroblastos. A atividade antimicrobiana foi confirmada no OE de Lsl, apresentando um largo espectro de ação antibacteriano e antifúngico. Foram isolados leveduras e fungos filamentosos de medronho no ensaio de conservação, permitindo a identificação de 57% dos isolados ao nível do género e espécie, destacando os géneros mais representativos como Alternaria, Cladosporium, Penicillium, Aspergillus, Aureobasidium e Saccothecium. No ensaio de conservação de cereja as formulações de revestimentos à base de quitosano e OE de Lsl apresentaram propriedades mecânicas adequadas, assim como a sua aplicação em frutos permitiu reduzir a carga microbiana inicial, contribuindo para a sua conservação e tempo de vida útil. Em suma, os extratos e OE das plantas estudadas revelaram propriedades interessantes para possível aplicação como agentes conservantes em formulações alimentares e/ou como componentes de embalagens, no entanto, validações futuras serão necessárias de forma a complementar estes resultados para o desenvolvimento de produtos bioativos na conservação de alimentos.