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Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Adverse Childhood Experiences (ACEs) are stressful events of a traumatic nature that
occur in the first 18 years of an individual’s life (APA, 2023) and can result in physical and
mental health struggles throughout the life course. ACEs can lead to psychological distress
(PD) that manifests mainly through depressive and anxious symptoms (Ridl et al., 2020;
Silveira & Pereira, 2023), resulting in the deterioration of one’s psychological well-being.
However, according to the literature, individuals may experience positive psychological
changes following ACEs, as referred to as PTG (posttraumatic growth), by re-establishing
their perceptions about themselves, and perceptions of the outside world (Quan et al.
2022).
Very few studies have examined the relationships between ACEs, PD and PTG, specially
on an adult sample in Portugal. Therefore, this Dissertation and the study developed aim
to assess impact of ACEs on PD and PTG, to determine the mediating effect of PTG
between ACEs and PD, as well as to explore the mutual influence of these variables in an
adult sample, in Portugal. This study used an online survey that included a
sociodemographic questionnaire, The Portuguese-language version of the Family Adverse
Childhood Experiences Questionnaire to assess the report of ACEs; The Kessler
Psychological Distress Scale (K10) to assess depressive and anxious symptomatology and
The Postraumatic Growth Inventory for the Portuguese Population to assess the report of
PTG. The sample consists of 521 participants aged between 18 and 80 years (mean = 31.32,
SD = 12.28).
Emotional abuse was the most reported ACE (59.7%) and women and sexual minorities
presented more Total ACEs and Total PD, while older and heterosexual people showed
more PTG. Total ACEs were positive and significant predictors of Total PD. Factor 2 of
PTG "Change in the Perception of the Self and Life in General" was the strongest predictor
of a lower perceived psychological distress. Total PTG did not mediate the relationship
between Total ACEs and Total PD.
The results demonstrate that PTG is not a protective factor against the long-term impact
of ACEs on mental health. Therefore, it’s crucial to alert professionals to early mental
health interventions with children, adolescents and families to ensure an adjusted development as well as therapeutic approaches to help individuals repair their trauma,
thus promoting and improving the well-being and quality of life of populations.
As Experiências Adversas na Infância (EAI) são acontecimentos stressantes de natureza traumática que ocorrem nos primeiros 18 anos de vida de um indivíduo que contribuem para a ausência de relações familiars seguras e estáveis (APA 2023). As EAI não só causam um impacto negativo na altura em que ocorrem mas também mais tarde, contribuindo para dificuldades psicossociais, comportamentos de risco, bem como para problemas de saúde física e psicológica, na vida adulta. Deste modo, a exposição às EAI tem repercurssões imediatas ao nível individual e familiar, mas também a longo prazo, prejudicando o desenvolvimento adaptativo das crianças e jovens. Neste sentido, tem-se constatado um investimento no conhecimento teórico das EAI nos últimos anos, que se traduz no aumento do reconhecimento atribuído à relevância desta linha temática (Struck et al., 2021). Literatura recente tem vindo a demonstrar uma associação entre as EAI e saúde mental, particularmente o seu impacto no distress psicológico (DP). O DP assenta em sofrimento emocional manifestado através de stress, sintomatologia depressiva, ansiógena e somática (Agbaje et al., 2021). Esta sintomatologia é usualmente acompanhada por sentimentos de tristeza, baixa auto-estima (Agbaje et al., 2021), cansaço, tristeza, infelicidade, perda de interesse, tensão e agitação (Belay et al., 2021). No entanto, alguns autores argumentam que após o confronto com experiências de vida adversas ou circunstâncias de vida complicadas, é possível que os indivíduos experienciem crescimento pós-traumático (CPT) que se traduz na ocorrência de mudanças psicológicas positivas assentes em três dimensões: (1) Maior abertura para novas possibilidades e maior envolvimento em relações interpessoais, (2) Mudança na perceção do self e da vida em geral e (3) Mudança Espiritual (Resende et al., 2008). Estas mudanças psicológicas ocorrem a partir da assimilação e acomodação do contraste provocado pelas EAI, mediante o reestabelecimento das perceções que os sujeitos têm acerca de si mesmos e do mundo (Quan et al., 2022). Com o passar do tempo, as pessoas reconstroem as suas crenças e superam os seus níveis de funcionamento anteriores, percecionando benefícios comparativamente aos seus modos de funcionamento prévios ao confronto com a adversidade (Tedeschi & Calhoun, 1996). Tendo em consideração as repercurssões negativas e significativas a longo prazo das EAI na saúde mental, esta dissertação apresentada em formato de artigo científico procurou, através do estudo desenvolvido, avaliar o impacto das EAI no DP e no CPT, determinar o efeito mediador do CPT entre as EAI e o DP, bem como explorar a influência mútua destas variáveis numa amostra de adultos, em Portugal, dada a escassez de investigações sobre este tópico. A recolha de dados foi realizada via online, através de um site construído para o efeito, entre setembro e novembro de 2023. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico; a Versão Portuguesa do Family Adverse Childhood Experiences Questionnaire para avaliar a prevalência de das EAI; a Kessler Psychological Distress Scale (K10) para avaliar sintomatologia depressiva e ansiógena e o Postraumatic Growth Inventory (PTGI) para a população portuguesa, para avaliar os relatos de CPT. A amostra consiste em 521 participantes com idades compreendidas entre os 18 and 80 anos (média = 31.32, DP = 12.28), dos quais 345 são mulheres (66.2%), 166 são homens (31.9%) e 10 se identificam como “outros” (1.9%). As EAI mais reportadas foram o abuso emocional (59.7%) e a negligência emocional (52.1%) e quase todas as categorias de EAI se correlacionaram de forma significativa (p <.001; p < 0.05). As EAI Total e o DP Total apresentaram uma correlação positiva e significativa (r = .218) e a depressão e ansiedade apresentaram uma correlação positiva, forte e significativa (r = .769). As mulheres e minorias sexuais relataram níveis mais elevados EAI Total e DP Total, enquanto que indivíduos mais velhos e heterossexuais relataram níveis superiors de CPT Total. As EAI Total demonstraram ser preditores positivos e significativos de DP Total (ß = .181; p = <.001) e o fator 2 do CPT “Mudança na perceção do self e da vida em geral” foi o maior preditor de uma menor perceção de DP Total (ß = -.337; p = <.001). O CPT Total não mediou a relação entre as EAI Total e o DP Total (-.012 a .023). Os resultados demonstram que as EAI têm um impacto nos sintomas depressivos e ansiógenos da amostra e que o CPT não é um fator protetor dos impactos negativos a longo prazo das EAI na saúde mental dos indivíduos. Estes resultados alertam os profissionais do campo da saúde mental para a importância do desenvolvimento de intervenções precoces com crianças e adolescentes e de forma a garantir um desenvolvimento ajustado, bem como de intervenções terapêuticas que ajudem os indivíduos a reparar os seus traumas, promovendo e melhorando o bem-estar e a qualidade de vida das populações.
As Experiências Adversas na Infância (EAI) são acontecimentos stressantes de natureza traumática que ocorrem nos primeiros 18 anos de vida de um indivíduo que contribuem para a ausência de relações familiars seguras e estáveis (APA 2023). As EAI não só causam um impacto negativo na altura em que ocorrem mas também mais tarde, contribuindo para dificuldades psicossociais, comportamentos de risco, bem como para problemas de saúde física e psicológica, na vida adulta. Deste modo, a exposição às EAI tem repercurssões imediatas ao nível individual e familiar, mas também a longo prazo, prejudicando o desenvolvimento adaptativo das crianças e jovens. Neste sentido, tem-se constatado um investimento no conhecimento teórico das EAI nos últimos anos, que se traduz no aumento do reconhecimento atribuído à relevância desta linha temática (Struck et al., 2021). Literatura recente tem vindo a demonstrar uma associação entre as EAI e saúde mental, particularmente o seu impacto no distress psicológico (DP). O DP assenta em sofrimento emocional manifestado através de stress, sintomatologia depressiva, ansiógena e somática (Agbaje et al., 2021). Esta sintomatologia é usualmente acompanhada por sentimentos de tristeza, baixa auto-estima (Agbaje et al., 2021), cansaço, tristeza, infelicidade, perda de interesse, tensão e agitação (Belay et al., 2021). No entanto, alguns autores argumentam que após o confronto com experiências de vida adversas ou circunstâncias de vida complicadas, é possível que os indivíduos experienciem crescimento pós-traumático (CPT) que se traduz na ocorrência de mudanças psicológicas positivas assentes em três dimensões: (1) Maior abertura para novas possibilidades e maior envolvimento em relações interpessoais, (2) Mudança na perceção do self e da vida em geral e (3) Mudança Espiritual (Resende et al., 2008). Estas mudanças psicológicas ocorrem a partir da assimilação e acomodação do contraste provocado pelas EAI, mediante o reestabelecimento das perceções que os sujeitos têm acerca de si mesmos e do mundo (Quan et al., 2022). Com o passar do tempo, as pessoas reconstroem as suas crenças e superam os seus níveis de funcionamento anteriores, percecionando benefícios comparativamente aos seus modos de funcionamento prévios ao confronto com a adversidade (Tedeschi & Calhoun, 1996). Tendo em consideração as repercurssões negativas e significativas a longo prazo das EAI na saúde mental, esta dissertação apresentada em formato de artigo científico procurou, através do estudo desenvolvido, avaliar o impacto das EAI no DP e no CPT, determinar o efeito mediador do CPT entre as EAI e o DP, bem como explorar a influência mútua destas variáveis numa amostra de adultos, em Portugal, dada a escassez de investigações sobre este tópico. A recolha de dados foi realizada via online, através de um site construído para o efeito, entre setembro e novembro de 2023. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico; a Versão Portuguesa do Family Adverse Childhood Experiences Questionnaire para avaliar a prevalência de das EAI; a Kessler Psychological Distress Scale (K10) para avaliar sintomatologia depressiva e ansiógena e o Postraumatic Growth Inventory (PTGI) para a população portuguesa, para avaliar os relatos de CPT. A amostra consiste em 521 participantes com idades compreendidas entre os 18 and 80 anos (média = 31.32, DP = 12.28), dos quais 345 são mulheres (66.2%), 166 são homens (31.9%) e 10 se identificam como “outros” (1.9%). As EAI mais reportadas foram o abuso emocional (59.7%) e a negligência emocional (52.1%) e quase todas as categorias de EAI se correlacionaram de forma significativa (p <.001; p < 0.05). As EAI Total e o DP Total apresentaram uma correlação positiva e significativa (r = .218) e a depressão e ansiedade apresentaram uma correlação positiva, forte e significativa (r = .769). As mulheres e minorias sexuais relataram níveis mais elevados EAI Total e DP Total, enquanto que indivíduos mais velhos e heterossexuais relataram níveis superiors de CPT Total. As EAI Total demonstraram ser preditores positivos e significativos de DP Total (ß = .181; p = <.001) e o fator 2 do CPT “Mudança na perceção do self e da vida em geral” foi o maior preditor de uma menor perceção de DP Total (ß = -.337; p = <.001). O CPT Total não mediou a relação entre as EAI Total e o DP Total (-.012 a .023). Os resultados demonstram que as EAI têm um impacto nos sintomas depressivos e ansiógenos da amostra e que o CPT não é um fator protetor dos impactos negativos a longo prazo das EAI na saúde mental dos indivíduos. Estes resultados alertam os profissionais do campo da saúde mental para a importância do desenvolvimento de intervenções precoces com crianças e adolescentes e de forma a garantir um desenvolvimento ajustado, bem como de intervenções terapêuticas que ajudem os indivíduos a reparar os seus traumas, promovendo e melhorando o bem-estar e a qualidade de vida das populações.
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Keywords
Crescimento Pós-Traumático Distress Psicológico Eai Infância Saúde Mental