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Authors
Abstract(s)
The global prevalence of substance use and its severe health, social, and economic consequences remain significant public health concerns. The continuous emergence of new psychoactive substances (NPS), alongside the widespread use of traditional drugs, exacerbates the challenges faced by forensic and clinical toxicologists. These substances often evade conventional detection methods due to their rapid evolution, posing significant risks to users and complicating monitoring efforts. Understanding substance use patterns and their impacts is essential for informing prevention strategies, shaping public policies, and implementing harm reduction initiatives.
Hair analysis has emerged as a powerful tool in toxicological investigations, offering unique advantages over traditional biological matrices such as blood and urine. Its extended detection window enables the assessment of chronic and historical drug use, while its resistance to adulteration ensures reliability. As a non-invasive collection method, hair analysis facilitates large-scale studies, making it particularly suitable for exploring poly-drug use and evaluating the prevalence of both classical drugs and NPS across diverse populations. Quantitative hair analysis complements self-reported data, addressing discrepancies and enhancing the accuracy of substance use research. [...]
O uso de substâncias psicoativas tem-se tornado uma crescente preocupação em saúde pública, tanto em termos de prevalência como pelos desafios associados à deteção, monitorização e impacto nas políticas públicas. O surgimento de novas substâncias psicoativas (NPS, do inglês New Psychoactive Substances), juntamente com o consumo de drogas clássicas, apresenta um cenário desafiador para toxicologistas, autoridades legais e profissionais de saúde. Essas substâncias são frequentemente caracterizadas por modificações estruturais rápidas e intencionais, destinadas a contornar legislações existentes, o que dificulta a sua inclusão em métodos de triagem convencionais. Além disso, o consumo concomitante de múltiplas drogas e a presença de adulterantes em amostras de drogas adicionam complexidade à compreensão das dinâmicas de consumo e às estratégias de intervenção em saúde pública. Na última década, o consumo de substâncias psicoativas apresentou tendências preocupantes a nível global, com particular destaque para a canábis, a cocaína, os opioides, as anfetaminas e o ecstasy. Em 2022, mais de 292 milhões de pessoas utilizaram drogas, refletindo um aumento de 20% em relação à década anterior. A canábis continua a ser a droga mais consumida mundialmente, com 228 milhões de utilizadores. Os opioides seguem-na, com 60 milhões de utilizadores, seguidos pelas anfetaminas (30 milhões), cocaína (23 milhões) e ecstasy (20 milhões). Segundo dados do “Relatório Europeu sobre Drogas de 2023”, a situação é igualmente alarmante na Europa. A cocaína é a droga estimulante ilícita mais utilizada, tendo sido consumida por cerca de 1,3% (3,7 milhões) dos adultos europeus (15-64 anos). Relativamente às NPS, estas têm sido alvo de preocupação crescente em termos de saúde pública. Em 2022, foram registadas pela primeira vez 41 novas drogas através do “Sistema de Alerta Rápido” da União Europeia, elevando o número total de NPS monitorizadas para 930. Neste grupo estão incluídos os canabinóides sintéticos, catinonas sintéticas, e novos opioides sintéticos, entre outras. Estes compostos, frequentemente vendidos sob a forma de pós ou comprimidos com aparência semelhante, aumentam o risco de consumo inadvertido de substâncias desconhecidas, potencialmente mais perigosas. A integração dos mercados de NPS e de drogas ilícitas tradicionais está a criar desafios, como a mistura de canábis com canabinóides sintéticos, estimulantes com catinonas e cetamina, ou novos opioides sintéticos misturados com heroína. Esta convergência aumenta a complexidade dos padrões de consumo e os riscos associados, tornando mais desafiadoras a identificação e a gestão dos efeitos adversos. Tendo em conta que uma parte deste trabalho foi feito com amostras procedentes do Brasil, importa referir dados epidemiológicos relativos ao consumo destas substâncias neste país. O consumo de substâncias psicoativas apresenta padrões distintos da Europa. A cocaína é uma das drogas mais consumidas, com estimativas indicando que milhões de brasileiros utilizam esta substância. A cetamina, embora menos prevalente, tem registado um aumento no seu consumo, especialmente entre jovens adultos em ambientes urbanos. Em resposta a este panorama global, é imperativo monitorizar e analisar as tendências emergentes no consumo de drogas, fornecendo informações cruciais para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e estratégias de intervenção direcionadas, e ainda desenvolver metodologias para a deteção destas substâncias. A amostra de cabelo é uma amostra alternativa de grande importância em toxicologia, destacando-se as suas vantagens em relação a outras amostras biológicas, como sangue, urina ou saliva. Estas vantagens tornam a análise de cabelo uma ferramenta de grande utilidade, tanto em toxicologia clínica como forense, para estudos epidemiológicos, forenses e clínicos, permitindo a avaliação do consumo de substâncias durante períodos alargados. Uma das principais vantagens da análise de cabelo reside na sua capacidade de fornecer uma janela temporal de deteção significativamente mais ampla para substâncias químicas. Ao contrário da urina ou do sangue, onde os compostos são excretados rapidamente do organismo, as substâncias químicas incorporadas no cabelo permanecem estáveis por mais tempo. Este fenómeno ocorre porque os fármacos, metabolitos ou toxinas são incorporados ao cabelo durante o seu crescimento, sendo depositados na estrutura capilar de forma permanente. Assim, a análise do cabelo permite a deteção do uso de substâncias ao longo de semanas ou até meses, dependendo do comprimento, oferecendo uma janela de deteção consideravelmente maior em comparação com outras matrizes biológicas, como a urina, que reflete o consumo apenas nas últimas 24 a 72 horas. Além disso, a colheita de cabelo é um procedimento não invasivo, o que representa uma vantagem significativa em comparação com o sangue ou a urina, proporcionando maior conforto e aceitação por parte do indivíduo. O processo consiste na remoção de uma pequena quantidade de cabelo, geralmente da região do vértex posterior, pois esta é a zona em que o crescimento capilar é mais constante, e ainda, onde causa menor desconforto estético ao indivíduo. Adicionalmente, a colheita de cabelo apresenta um baixo risco de adulteração, o que a torna mais fiável do que a urina ou saliva, que são suscetíveis a manipulação. Estas características tornam a análise capilar uma ferramenta altamente precisa e fidedigna para a avaliação do consumo de substâncias. Em contexto clínico, a análise de cabelo pode ser utilizada para monitorizar a adesão ao tratamento em pacientes que recebem terapias de substituição, como no caso do tratamento com metadona ou outros opioides, ou ainda para a deteção do consumo de drogas ilícitas em contextos de reabilitação. Em estudos epidemiológicos, a análise permite avaliar a exposição a substâncias ao longo de períodos mais alargados, o que é crucial para compreender os padrões de consumo de drogas em grandes populações. No domínio da toxicologia forense, a análise de cabelo assume uma importância ainda maior, já que possibilita a investigação de intoxicações e a análise do histórico de consumo de substâncias em contextos legais, tais como acidentes de viação, homicídios ou outros crimes. A estabilidade das substâncias no cabelo torna esta matriz biológica uma excelente escolha para determinar o histórico de consumo de drogas ou outros compostos tóxicos, mesmo após períodos prolongados, o que não é viável com outras matrizes biológicas. [...]
O uso de substâncias psicoativas tem-se tornado uma crescente preocupação em saúde pública, tanto em termos de prevalência como pelos desafios associados à deteção, monitorização e impacto nas políticas públicas. O surgimento de novas substâncias psicoativas (NPS, do inglês New Psychoactive Substances), juntamente com o consumo de drogas clássicas, apresenta um cenário desafiador para toxicologistas, autoridades legais e profissionais de saúde. Essas substâncias são frequentemente caracterizadas por modificações estruturais rápidas e intencionais, destinadas a contornar legislações existentes, o que dificulta a sua inclusão em métodos de triagem convencionais. Além disso, o consumo concomitante de múltiplas drogas e a presença de adulterantes em amostras de drogas adicionam complexidade à compreensão das dinâmicas de consumo e às estratégias de intervenção em saúde pública. Na última década, o consumo de substâncias psicoativas apresentou tendências preocupantes a nível global, com particular destaque para a canábis, a cocaína, os opioides, as anfetaminas e o ecstasy. Em 2022, mais de 292 milhões de pessoas utilizaram drogas, refletindo um aumento de 20% em relação à década anterior. A canábis continua a ser a droga mais consumida mundialmente, com 228 milhões de utilizadores. Os opioides seguem-na, com 60 milhões de utilizadores, seguidos pelas anfetaminas (30 milhões), cocaína (23 milhões) e ecstasy (20 milhões). Segundo dados do “Relatório Europeu sobre Drogas de 2023”, a situação é igualmente alarmante na Europa. A cocaína é a droga estimulante ilícita mais utilizada, tendo sido consumida por cerca de 1,3% (3,7 milhões) dos adultos europeus (15-64 anos). Relativamente às NPS, estas têm sido alvo de preocupação crescente em termos de saúde pública. Em 2022, foram registadas pela primeira vez 41 novas drogas através do “Sistema de Alerta Rápido” da União Europeia, elevando o número total de NPS monitorizadas para 930. Neste grupo estão incluídos os canabinóides sintéticos, catinonas sintéticas, e novos opioides sintéticos, entre outras. Estes compostos, frequentemente vendidos sob a forma de pós ou comprimidos com aparência semelhante, aumentam o risco de consumo inadvertido de substâncias desconhecidas, potencialmente mais perigosas. A integração dos mercados de NPS e de drogas ilícitas tradicionais está a criar desafios, como a mistura de canábis com canabinóides sintéticos, estimulantes com catinonas e cetamina, ou novos opioides sintéticos misturados com heroína. Esta convergência aumenta a complexidade dos padrões de consumo e os riscos associados, tornando mais desafiadoras a identificação e a gestão dos efeitos adversos. Tendo em conta que uma parte deste trabalho foi feito com amostras procedentes do Brasil, importa referir dados epidemiológicos relativos ao consumo destas substâncias neste país. O consumo de substâncias psicoativas apresenta padrões distintos da Europa. A cocaína é uma das drogas mais consumidas, com estimativas indicando que milhões de brasileiros utilizam esta substância. A cetamina, embora menos prevalente, tem registado um aumento no seu consumo, especialmente entre jovens adultos em ambientes urbanos. Em resposta a este panorama global, é imperativo monitorizar e analisar as tendências emergentes no consumo de drogas, fornecendo informações cruciais para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e estratégias de intervenção direcionadas, e ainda desenvolver metodologias para a deteção destas substâncias. A amostra de cabelo é uma amostra alternativa de grande importância em toxicologia, destacando-se as suas vantagens em relação a outras amostras biológicas, como sangue, urina ou saliva. Estas vantagens tornam a análise de cabelo uma ferramenta de grande utilidade, tanto em toxicologia clínica como forense, para estudos epidemiológicos, forenses e clínicos, permitindo a avaliação do consumo de substâncias durante períodos alargados. Uma das principais vantagens da análise de cabelo reside na sua capacidade de fornecer uma janela temporal de deteção significativamente mais ampla para substâncias químicas. Ao contrário da urina ou do sangue, onde os compostos são excretados rapidamente do organismo, as substâncias químicas incorporadas no cabelo permanecem estáveis por mais tempo. Este fenómeno ocorre porque os fármacos, metabolitos ou toxinas são incorporados ao cabelo durante o seu crescimento, sendo depositados na estrutura capilar de forma permanente. Assim, a análise do cabelo permite a deteção do uso de substâncias ao longo de semanas ou até meses, dependendo do comprimento, oferecendo uma janela de deteção consideravelmente maior em comparação com outras matrizes biológicas, como a urina, que reflete o consumo apenas nas últimas 24 a 72 horas. Além disso, a colheita de cabelo é um procedimento não invasivo, o que representa uma vantagem significativa em comparação com o sangue ou a urina, proporcionando maior conforto e aceitação por parte do indivíduo. O processo consiste na remoção de uma pequena quantidade de cabelo, geralmente da região do vértex posterior, pois esta é a zona em que o crescimento capilar é mais constante, e ainda, onde causa menor desconforto estético ao indivíduo. Adicionalmente, a colheita de cabelo apresenta um baixo risco de adulteração, o que a torna mais fiável do que a urina ou saliva, que são suscetíveis a manipulação. Estas características tornam a análise capilar uma ferramenta altamente precisa e fidedigna para a avaliação do consumo de substâncias. Em contexto clínico, a análise de cabelo pode ser utilizada para monitorizar a adesão ao tratamento em pacientes que recebem terapias de substituição, como no caso do tratamento com metadona ou outros opioides, ou ainda para a deteção do consumo de drogas ilícitas em contextos de reabilitação. Em estudos epidemiológicos, a análise permite avaliar a exposição a substâncias ao longo de períodos mais alargados, o que é crucial para compreender os padrões de consumo de drogas em grandes populações. No domínio da toxicologia forense, a análise de cabelo assume uma importância ainda maior, já que possibilita a investigação de intoxicações e a análise do histórico de consumo de substâncias em contextos legais, tais como acidentes de viação, homicídios ou outros crimes. A estabilidade das substâncias no cabelo torna esta matriz biológica uma excelente escolha para determinar o histórico de consumo de drogas ou outros compostos tóxicos, mesmo após períodos prolongados, o que não é viável com outras matrizes biológicas. [...]
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Cabelo Drogas de abuso Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa em tandem (LC-MS/MS) Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa em tandem (GC-MS/MS) Microextracão em seringa empacotada (MEPS) Monitorização de drogas Substâncias Psicoativas Toxicologia Forense Hair analysis Drugs of abuse Liquid chromatography-tandem mass spectrometry (LCMS/ MS) Forensic toxicology