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- Sobre a Possibilidade da Resistência à Banalização do MalPublication . Mendes, Luís Filipe Fernandes ; Santos, José Manuel Boavida dosDepois de, no julgamento de Eichmann, em 1961, serem relatadas as histórias de algumas pessoas que resistiram ao Mal no III Reich, Arendt procurou explicar como foi possível que esses indivíduos preservassem a capacidade de distinguir o Bem do Mal sem o apoio da normatividade externa e, apesar das enormes pressões, tenham resistido ao Mal. O nosso propósito é, justamente, investigar a possibilidade da resistência à banalização do Mal, para a qual se requer a capacidade de julgar e uma fonte de motivação independentes da normatividade externa, a partir das propostas de Kant, Arendt e Kierkegaard. Neste trabalho, não seguimos a ordem cronológica. Na primeira parte, abordamos as propostas de Kant e de Arendt. Na segunda parte, abordamos a de Kierkegaard. Procuramos mostrar que as propostas de Kant e Arendt são antagónicas, visto que Kant confia especialmente na capacidade legisladora da razão, enquanto Arendt defende que não precisamos de princípios ou regras para distinguir o Bem do Mal. Por sua vez, Kierkegaard foca-se no problema da motivação, sublinhando que nem todos os indivíduos consideram que a diferença entre Bem e Mal é o mais importante. A proposta de Kierkegaard tem elementos que também encontramos nas de Arendt e de Kant, mas fornece-nos uma alternativa a ambas. A visão-de-vida ética, centrada na ideia de Bem, que se concretiza numa forma de amor (compaixão), assegura a motivação para resistir à banalização do Mal, mas aqueles que vivem segundo visões-de-vida estéticas dão mais importância a outras preocupações. O desespero pode motivar o sujeito a transitar de uma visão-de-vida para outra, mas a transição para a visão-de-vida ética depende sempre de uma decisão, e esta não é um mero resultado de razões ou motivações anteriores, pois só se concretiza no esforço contínuo para conferir à interioridade a forma de compaixão.