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- Redescobrir os antigos mitos gregos através do novo olhar de Sophia de Mello Breyner em Geografia (1967) e Dual (1972)Publication . Manso, JoséNo Livro Sexto (1964), Sophia de Mello Breyner apresenta-nos um belíssimo texto que prenuncia um novo rumo temático para a sua poesia: «Ressurgiremos ainda sob os muros de Cnossos/ E em Delphos centro do mundo». Na sequência da morte da mãe, e refugiando-se em duas viagens retemperadoras à Grécia, que ela tanto amava, a poetisa inspira-se em paisagens e motivos helénicos, como nunca o fizera até então. E assim nascem os dois livros seguintes, Geografia (1967) e Dual (1972). E são principalmente os mitos em torno de Cnossos, com o seu labirinto e o seu Minotauro, e de Delfos que Sophia mais explora e reinterpreta nestas duas coletâneas.
- A epopeia bíblica de Arátor: entre a imitatio e a inuentioPublication . Manso, JoséEm 544, o poeta latino Arátor apresenta e dedica ao papa Vigílio a Historia apostolica, epopeia bíblica baseada nos Atos dos apóstolos e centrada nos heróis cristãos Pedro e Paulo. Arátor reconstrói em verso a narrativa de Lucas, mas não hesita em se afastar dela, por omissão ou amplificação, para conceder todo o protagonismo aos heróis do seu poema. Num discurso frequentemente argumentativo, o poeta faz a defesa dos valores cristãos e combate as heresias do seu tempo, sobretudo quando se debruça sobre questões como a tipologia bíblica ou o batismo. Assim, seguindo o caminho de Juvenco e Sedúlio, Arátor escolhe uma matéria bíblica que trata sob o signo da imitatio e da inuentio em relação ao texto dos Atos.
- As mulheres da Eneida: desafios inglórios à hegemonia do homemPublication . Manso, JoséObra-prima da literatura latina e paradigma da literatura ocidental, a epopeia de Virgílio mostra-nos um mundo onde o domínio do homem é quase absoluto – só os deuses conseguem, e nem sempre, contrariar a vontade e a determinação dos heróis. Com efeito, a abertura do poema, Arma uirumque cano, deixa claro que o enfoque é dado ao poder do homem (uirum) numa das áreas em que assume natural prevalência sobre o sexo feminino, a guerra (arma). Não obstante, ao longo do enredo, algumas mulheres contrariam e desafiam essa hegemonia masculina, sendo apresentadas pelo Mantuano como mulheres de um poder e determinação tais que colocam em causa decisões tomadas pelos homens. Entre elas conta-se naturalmente Dido, que, a par do fracasso no amor, representa a derrota e a extinção do povo cartaginês pelo poder romano, simbolizado por Eneias. Ora, o desafio de Dido à hegemonia do herói masculino tem como desfecho o seu trágico suicídio. Caso paralelo é o de Amata, que contraria a decisão de Latino, destinando a filha Lavínia a Turno e negando-a a Eneias. Aponta-se para alguma igualdade entre marido e mulher, se não em poder pelo menos em ousadia, mas também aqui a vontade feminina não prevalece e o destino de Amata é o mesmo do da rainha de Cartago. O suicídio em ambos os casos simboliza per se a impotência da mulher face ao homem, mesmo quando ela possui os meios e a determinação para afrontar o elemento masculino, seja em questões políticas, familiares ou bélicas. E relativamente às últimas é inevitável focar o caso de Camila, a mulher guerreira que sobressai no campo de batalha. Mas é a morte e não a glória que espera a heroína, pois nas armas sempre o homem exerceu e continuaria a exercer o seu domínio.
- A Missão, de Roland Joffé: o heroísmo jesuíta e a vilania colonial no destino dos GuaranisPublication . Manso, JoséNos meados do século XVIII, Espanha e Portugal celebram um acordo sobre as suas fronteiras junto às cataratas do Iguaçu, sem terem em conta os direitos dos índios Guaranis, entretanto, protegidos pelas missões jesuítas. É este o cenário histórico do filme de Roland Joffé, A Missão, cuja mensagem maniqueísta, que opõe a vilania colonial ao heroísmo jesuíta, nós analisamos em maior detalhe neste estudo.
- Arátor: História apostólica – a gesta de S. PauloPublication . Manso, JoséNo século VI, o poeta latino Arátor escreveu, baseada nos Actos de Lucas, a epopeia bíblica Historia apostolica, cujo segundo livro exalta a gesta apostólica de Paulo. Além de engrandecer do herói cristão, o poeta medita sobre questões como a tipologia bíblica e o baptismo.
- Estratégias retóricas na poesia trovadoresca de D. DinisPublication . Manso, JoséQuando em 1325, o pranto «Os namorados que trobam d’amor», dedicado à morte de D. Dinis, anuncia o catastrófico desaparecimento dos trovadores e jograis pressente-se que a tradição lírica galego-portuguesa, cujo auge fora atingido com o monarca, entra em inexorável declínio. Se o longo reinado de D. Dinis (1279-1325) foi marcante do ponto de vista cultural, merece-nos especial relevo a sua veia poética: as cantigas dionisíacas, quer em termos quantitativos (137 poemas) quer estéticos, ocupam lugar cimeiro numa tradição poética importada da Provença e que marcou a literatura portuguesa até meados do séc. XIV. Estas cantigas servem-se de processos específicos da lírica galego-portuguesa, parcialmente codificados na fragmentária Arte de trovar, e que as superiorizam em relação às demais. Podemos constatá-lo na perfeição com que o rei-trovador faz uso do denominado dobre; na construção das cantigas de atafinda, de que a composição «Que soidade de mia senhor hei» é talvez o melhor exemplar; ou ainda na refinada elaboração das cantigas paralelísticas, como «Ai flores de verde piño». Assim, pronunciar-nos-emos sobre a elocutio na poesia de D. Dinis, tendo em vista a sua força e estratégia persuasivas. Concretamente, analisaremos como os processos formais objetivam, nas cantigas de amor, a conquista do afeto e a retribuição amorosa por parte da dama e, nas cantigas de amigo, o regresso do amado e a suplantação dos obstáculos à relação amorosa. E não olvidaremos o facto curioso de que nalguns poemas é manifestada, como estratégia argumentativa, a condição régia deste trovador que, a exemplo do avô materno, o célebre Afonso X, o Sábio, se notabilizou numa tradição literária que legou a Portugal os melhores textos poéticos da Idade Média.