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Teixeira, Eduardo Filipe Magalhães

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  • O Pós-Carreira dos Jogadores Profissionais de Futebol Portugueses: Estudo dos Impactos Sociodemográficos e Epidemiológicos
    Publication . Teixeira, Eduardo Filipe Magalhães; Vicente, António Manuel Neves; Silva, Carlos Manuel Marques da
    A tese de doutoramento teve como propósito conceptual investigar os impactos sociodemográficos e epidemiológicos decorrentes da carreira profissional no futebol e a forma como estes afetam a qualidade de vida (QdV) dos ex-jogadores portugueses no póscarreira. Deste modo, desenvolveram-se cinco estudos científicos para a persecução dos seguintes objetivos: 1) construir e validar um instrumento capaz de reunir dados sobre o percurso holístico dos ex-jogadores que suportasse a realização dos estudos subsequentes; 2) caracterizar retrospetivamente os impactos sociodemográficos e profissionais da carreira; 3) avaliar a QdV dos ex-jogadores no pós-carreira; 4) caracterizar e qualificar o término da carreira dos ex-jogadores e compreender, consequentemente, quais foram as experiências e adaptações vivenciadas no período pós-carreira; 5) quantificar a incidência de lesões graves ocorridas durante a carreira e aferir sobre os seus impactos no domínio físico da QdV no pós-carreira. Participaram nos estudos 84 ex-jogadores com carreiras profissionais concluídas entre 1988 e 2018. Os instrumentos utilizados foram o “guião de entrevista para o estudo dos impactos da carreira desportiva na qualidade de vida dos exjogadores portugueses”, contruído e validado a partir do estudo 1, e o questionário WHOQL-Breff, versão validada para a língua portuguesa. A carreira profissional é intensa, absorvente e com características sociodemográficas e epidemiológicas que podem impactar negativamente na QdV dos jogadores a médio e longo prazo. A duração da carreira foi de 15.2 ± 2.1 anos, com uma representação média de 6.6 ± 2.9 clubes. Os ex-jogadores com maior nível competitivo tiveram carreiras mais longas em comparação com os que jogaram maioritariamente nas divisões inferiores. Praticamente 37% dos ex-jogadores realizaram formação académica e 62% formação técnica. Os que finalizaram a carreira no período mais recente (2005-2018) e os que jogaram em níveis competitivos mais baixos (segundas divisões e/ou não internacionais) tenderam a apostar mais na formação académica. Apesar destes resultados, verificou-se que os ex-jogadores apresentam uma avaliação positiva da sua QdV no pós-carreira. Contudo, quanto maior é a qualificação académica, melhor são os resultados da QdV geral e da QdV no domínio físico. Já a incidência de lesões graves ao longo da carreira associa-se negativamente ao domínio físico da QdV, ou seja, a cada lesão grave contraída há uma diminuição da perceção de QdV no domínio físico. Outra conclusão relevante é que 35% dos ex-jogadores mencionaram dilemas adaptativos ao pós-carreira. O imediato enquadramento profissional, maioritariamente ligado ao futebol, e o suporte social da família, parecem ter contribuído para minimizar o efeito negativo da carência do planeamento do pós-carreira. Os exjogadores que planearam o final da carreira num espaço temporal mais alargado (>24 meses) obtiveram uma transição com maior sucesso. Já a nível epidemiológico as lesões foram a principal causa para o término involuntário da carreira (29.8%). Os relatos dos exjogadores demonstram um cenário mais alarmante do que o sugerido pela avaliação percetiva da QdV, ou seja, metade dos ex-jogadores depara-se com problemas físicos diretamente associados à carreira. A partir das evidências obtidas nos vários estudos, sugere-se a implementação de programas e serviços de apoio que possam contribuir para minimizar os potenciais impactos negativos da carreira profissional e, consequentemente, otimizar a qualidade de vida dos ex-jogadores no pós-carreira.