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- Capacidade de absorção e desempenho em inovação em empresas familiares brasileirasPublication . Ferreira, Glória Charão; Ferreira, João José de Matos; Zahra, Shaker A.Em ambientes cada vez mais dinâmicos e competitivos, a capacidade de adquirir e explorar o conhecimento externo - isto é, a capacidade de absorção (ACAP, Cohen & Levinthal, 1990) - é crucial para as empresas familiares (EF) inovarem e manterem-se competitivas (Kotlar et al., 2016). Por outro lado, verifica-se que apesar de se observar um nível de conhecimento mais aprofundado sobre temas como sucessão, conflitos, governança e desempenho financeiro, existem tópicos que ainda não foram adequadamente explorados no campo de estudos sobre EF (Cabrera-Suárez et al., 2001; Kellermanns & Eddleston, 2004; Miller et al., 2013; Nordqvist et al., 2014). Dentre essas oportunidades de investigação, destaca-se a exploração de aspectos vinculados à ACAP e desempenho em inovação. Assim, esta investigação tem como objetivo analisar a capacidade das empresas familiares de absorver informações relevantes do ambiente externo, e de incorpora-las em suas atividades inovadoras e, consequentemente, analisar que repercussões têm no seu desempenho em inovação. Busca-se ainda compreender se, e em que medida, a diversidade geracional na gestão da empresa se configura como um importante recurso para as empresas aqui retratadas. Para alcançar este objetivo optou-se por um estudo quantitativo, cujos dados foram recolhidos por questionário enviado via correio eletrônico e dirigidos aos gestores das empresas brasileiras, nomeadamente aquelas sediadas no Estado do Rio Grande do Sul e cadastradas na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS, 2015), onde constam 10.980 empresas inscritas. Nesta fase inicial, verificou-se que 2.975 empresas não possuíam contato de e-mail, sendo uma condição necessária para a coleta dos dados. Assim, chega-se ao número de 8.005 empresas com e-mail, para as quais foi enviado o link do inquérito. Obteve-se o retorno de 273 empresas, das quais 241 foram consideradas EF. Para obter maior rigor em estimar um tamanho mínimo da amostra, avaliou-se o poder estatístico do tamanho da amostra, sendo esta do tipo “a priori”, com uso do programa G*Power 3.1.9.2 (Faul et al., 2007). A recolha dos dados ocorreu entre outubro de 2015 e janeiro de 2016. A amostra é composta por 241 EF. Utiliza-se o software SmartPLS para a modelagem de equações estruturais. Os resultados deste estudo permitem reconhecer a ACAP como um importante preditor do desempenho em inovação das EF. Em particular, os resultados sugerem que a capacidade de absorção potencial (PACAP) tem um efeito positivo e significativo na capacidade de absorção realizada (RACAP). Também verifica-se um efeito positivo e significativo da PACAP no desempenho em inovação incremental e, da mesma forma, da RACAP no desempenho em inovação radical. Contrariamente ao esperado, os resultados apontaram que a diversidade geracional na gestão das EF não é um fator moderador significativo entre ACAP da empresa e o seu desempenho em inovação. O estudo acrescenta à literatura de três maneiras. Primeiro, o estudo analisa a prática de aquisição, assimilação, transferência e aplicação de conhecimento em EF, que representam 90% de todas as empresas brasileiras (Leone, 2005). Uma vez que essas empresas precisam desenvolver capacidades tecnológicas com o objetivo de crescimento e desenvolvimento (Zahra et al., 2007), oferecem um cenário interessante para estudar a relação entre ACAP e desempenho em inovação. Em segundo lugar, este estudo esclarece os efeitos dos diferentes componentes da ACAP sobre o desempenho em inovação incremental e radical das EF. Consequentemente, os resultados podem promover a conscientização dessas empresas de seu próprio contexto e, a partir disso, utilizarem essas informações para acelerar a criação de novas capacidades. Finalmente, o estudo explora o impacto do envolvimento familiar (ou seja, o número de gerações envolvidas na gestão da empresa) sobre a relação entre sua ACAP e o seu desempenho em inovação, o que possibilita compreender como essas empresas desenvolvem suas capacidades tecnológicas para criar valor, o que contribui para o debate sobre a inovação em EF. Relativamente às implicações do estudo para a prática empresarial parece aconselhável o fomento de uma cultura de inovação. Entretanto, para que isso seja viável as EF precisam explorar o potencial de inovação de todos os envolvidos promovendo a experimentação, utilizando mecanismos de integração social que facilitem e estimulem, de forma contínua, sua capacidade de aquisição e assimilação, bem como de transformação e aplicação de conhecimento. É igualmente recomendável que tal cultura seja estimulada no ambiente familiar, na medida em que a proximidade da família com o negócio poderá suscitar um novo olhar em relação aos conflitos existentes em sua dinâmica. Com essa mudança de perspectiva, abre-se caminho para o desenvolvimento de capacidades dinâmicas que são fundamentais para o seu crescimento e sua longevidade.