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Fatores de influĂȘncia individuais, psicossociais e relacionais para a ocorrĂȘncia de gravidez na adolescĂȘncia em Portugal Continental

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O reconhecimento da importĂąncia dos contextos individuais e relacionais/afectivos das adolescentes na construção das trajectĂłrias de desenvolvimento (in)adaptativas contribuiu para a exploração do impacto dos aspectos individuais, relacionais e sociais, no seio dos quais sobressaem algumas variĂĄveis que se tĂȘm mostrado passĂ­veis de conduzir a uma gravidez na adolescĂȘncia. Os resultados da investigação empĂ­rica apontam no sentido de que a gravidez precoce ocorre sobretudo em adolescentes que vivem em situaçÔes desfavorecidas do ponto de vista social, econĂłmico e pessoal, nomeadamente no que toca a situaçÔes de pobreza, baixos nĂ­veis educacionais e condiçÔes adversas ao longo da sua trajectĂłria desenvolvimental. Os dados disponĂ­veis salientam uma tendĂȘncia consistente, nas Ășltimas duas dĂ©cadas, para um decrĂ©scimo da gravidez na adolescĂȘncia em Portugal Continental. Apesar da evolução positiva deste indicador no panorama nacional, este continua a ser bastante desfavorĂĄvel, sendo um problema social incontornĂĄvel na actualidade. NĂŁo obstante a relevĂąncia, tanto teĂłrica como prĂĄtica deste fenĂłmeno e o crescente interesse pela sua investigação, sĂŁo ainda escassos ou inexistentes os estudos portugueses que incluam as diversas regiĂ”es geogrĂĄficas do paĂ­s. Com a presente dissertação, pretendemos contribuir com conhecimento especĂ­fico relativo Ă s grĂĄvidas adolescentes nas vĂĄrias regiĂ”es geogrĂĄficas de Portugal Continental e comparar adolescentes grĂĄvidas e jovens que nĂŁo se encontram grĂĄvidas, procurando identificar variĂĄveis individuais, psicossociais e relacionais que, nas diferentes regiĂ”es, contribuam para compreender a ocorrĂȘncia de gravidez precoce. MĂ©todo: A amostra deste estudo Ă© constituĂ­da por 630 adolescentes, sendo 306 grĂĄvidas adolescentes (GA) e 324 adolescentes sem histĂłria de gravidez (ASHG). Foram caracterizados os contextos individuais, psicossociais e relacionais das adolescentes (nomeadamente o contexto familiar na infĂąncia e no momento actual). A recolha de informação foi obtida atravĂ©s de diversas fontes (respostas das grĂĄvidas, questionĂĄrios de auto-resposta e informaçÔes dos processos clĂ­nicos das grĂĄvidas). Ao longo do estudo, foram tidas em conta, e cumpridas, as orientaçÔes referentes aos princĂ­pios Ă©ticos na investigação cientĂ­fica com população adolescente. Resultados: Dos resultados do estudo empĂ­rico, destacam-se os seguintes, de forma transversal a todas as regiĂ”es: as adolescentes com histĂłria de gravidez (GA) pertencem a nĂ­veis socioeconĂłmicos baixos e referem uma elevada frequĂȘncia de ocorrĂȘncia de gravidez na adolescĂȘncia na famĂ­lia. O grupo das grĂĄvidas tem proporcionalmente um maior nĂșmero de adolescentes nĂŁo caucasianas, com vĂĄrias jovens que pertencem Ă  etnia cigana e a minorias Ă©tnicas (negra/africana). A maioria das adolescentes grĂĄvidas possui um baixo nĂ­vel de escolaridade e uma taxa de abandono escolar muito elevada. Consequentemente, tĂȘm menos habilitaçÔes literĂĄrias e expectativas escolares e profissionais mais baixas. Os companheiros das adolescentes grĂĄvidas possuem habilitaçÔes escolares baixas, maioritariamente ao nĂ­vel da escolaridade obrigatĂłria ou inferiores, e muitos deles nĂŁo frequentam o sistema de ensino. A maior parte das grĂĄvidas adolescentes nĂŁo usou contraceção antes de engravidar e difere significativamente do grupo de adolescentes sem histĂłria de gravidez (ASHG) ao apresentarem idades mais precoces de iniciação sexual. A realçar que as diferenças regionais reportam sobretudo ao estado civil atual, sendo as jovens das regiĂ”es Norte, Centro e LVT maioritariamente solteiras, enquanto as da regiĂŁo Sul predominantemente casadas/uniĂ”es de facto. As jovens grĂĄvidas da regiĂŁo Sul possuem habilitaçÔes literĂĄrias significativamente mais baixas do que as das regiĂ”es Norte e LVT. Relativamente ao agregado familiar, as jovens das regiĂ”es Norte e Centro relatam que viveram a sua infĂąncia em agregados predominantemente intatos, enquanto na regiĂŁo LVT os agregados nĂŁo intatos e outros (sem os pais) revelam-se mais frequentes do que nas restantes regiĂ”es do paĂ­s. As jovens grĂĄvidas da regiĂŁo Sul apresentam conhecimento de um nĂșmero significativamente menor de mĂ©todos contracetivos quando comparadas com as jovens das restantes regiĂ”es. Finalmente, sĂŁo as jovens da regiĂŁo Norte que revelam com maior frequĂȘncia a utilização de contraceção, prĂ©via Ă  gravidez, em oposição Ă  regiĂŁo Sul, onde a nĂŁo utilização de contraceção se revelou mais frequente. Na regiĂŁo de LVT verifica-se uma maior proporção de jovens que recorrem Ă  interrupção voluntĂĄria da gravidez. ConclusĂ”es: De uma forma global, os resultados encontrados sugerem que a gravidez e a parentalidade adolescentes nĂŁo constituem um foco de preocupação para muitas destas famĂ­lias, nem para o contexto social em que se inserem. Muitas destas jovens recebem aprovação e apoio da mĂŁe, porque muitas delas tambĂ©m foram grĂĄvidas adolescentes, tornando a maternidade precoce, um fenĂłmeno normal nos contextos sociais em que vivem. Os modelos familiares, as condiçÔes socioeconĂłmicas adversas e o elevado abandono escolar sĂŁo outros factores que potenciam as possibilidades de ocorrĂȘncia de gravidez precoce, nesta população. Este estudo constitui um importante contributo para o inĂ­cio e/ou aprofundamento da investigação cientĂ­fica sistemĂĄtica das especificidades regionais relativas aos contextos de influĂȘncia da ocorrĂȘncia de uma gravidez precoce. Ao mesmo tempo, possibilita o planeamento de intervençÔes clĂ­nicas e educacionais, que visam prevenir ou minorar as consequĂȘncias da gravidez na adolescĂȘncia, adaptadas Ă  realidade nacional, atendendo, porĂ©m, aos aspectos especĂ­ficos de cada regiĂŁo.

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Gravidez na adolescĂȘncia - Portugal Gravidez na adolescĂȘncia - Aspectos regionais - Portugal Gravidez na adolescĂȘncia - Factores de risco Gravidez na adolescĂȘncia - Contextos de influĂȘncia

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