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A cidade como sistema: o papel do arquitecto
| dc.contributor.advisor | Domingues, José António Duarte | |
| dc.contributor.author | Batista, Celina Rebelo da Silva | |
| dc.date.accessioned | 2014-09-08T12:02:40Z | |
| dc.date.available | 2014-09-08T12:02:40Z | |
| dc.date.issued | 2011 | |
| dc.date.submitted | 2011 | |
| dc.description.abstract | Pela primeira vez na histĂłria, metade da população vive em cidades. O ano de 2008 foi reconhecido pela United Nations Population Division como o ano do milĂ©nio urbano. Estudos efectuados por esta mesma organização revelam que o ritmo de urbanização continua a aumentar. Em 2030 a população da terra, agora com 6.6 biliĂ”es de habitantes, vai crescer cerca de 1.5 biliĂ”es e quase todos viverĂŁo em cidades. Posto isto, algumas questĂ”es se levantam: qual o impacto desta movimentação no crescimento exponencial nĂŁo controlado das cidades? De uma forma mais directa: como deve a arquitectura passar a ver esta transformação? O crescimento, e os prĂłs e contra resultantes do mesmo, promovem o avanço da globalização. A mesma globalização que em tempos servia apenas como troca de bens, serviços, cultura, a um nĂvel comercial global, poderĂĄ, na actualidade, ter um impacto cada vez mais pessoal. Os avanços na comunicação, a internet, as viagens cada vez mais ao alcance de todos, a migração econĂłmica e a disseminação global de todo o tipo de cultura, unem cada vez mais pessoas com identidades diferentes criando sistemas cada vez mais complexos. Como diz Terry Eagleton: "temos vindo a mudar a partir de uma cultura nacional com um conjunto Ășnico de regras para um sortimento variadoâ. PoderĂĄ o ser humano adaptar-se ao que o rodeia sem se transformar, sem perder a sua identidade e a base cultural que o criou, estaremos preparados para criar novas culturas. Como diz LĂ©vi-Strauss: "As culturas nĂŁo desaparecem, elas misturam-se com outras, e dĂŁo origem a uma outra culturaâ. Partindo do princĂpio que toda a organização do mundo tem uma base igual, inĂcio esta tese com o estudo dos sistemas. O ser humano como ser racional sempre teve a capacidade, desde os primĂłrdios dos tempos, de sobreviver Ă solidĂŁo e de poder debater-se com a mesma, vivendo em sociedade, no entanto, e porque com a evolução do tempo as necessidades, as prioridades e, as mais-valias, o ser solitĂĄrio passou a odiar a tal denominada âsolidĂŁoâ. Ă um facto adquirido que o ser necessita da troca de sensaçÔes para se afirmar, para se manter, para ser algo, e necessita reciprocamente dos que o rodeiam. Por isso nos juntamos, formamos ruas e depois aldeias, e o processo de crescimento vai-se perpetuando sem que se tenha noção. Esta necessidade de associativismo, nem sempre perceptĂvel, estarĂĄ presente em todos os momentos da nossa vida, desde aos mais rotineiros aos mais espontĂąneos. Somos dependentes do padeiro, do carteiro, do electricista, e estes sĂŁo reciprocamente dependentes de nĂłs. Todo o agrupamento de seres que, de uma forma intencional ou ponderada, formando um grupo interligado como uma malha denomina-se de sistema (Luhmann, 1999). Quase tudo no mundo se comporta como um sistema, os sistemas racionais, como a sociedade, criados pela aglomeração civilizada e natural gerada por vĂnculos e movimento aleatĂłrio de pessoas com os mesmos interesses, credos e culturas comuns, entre outros. Um mesmo indivĂduo pode movimentar-se por vĂĄrios sistemas, trĂĄz informação, cria informação, transforma gostos, transmite gostos, numa troca contĂnua. NĂŁo se geram sistemas sem a definição de um sentido de solidĂĄriedade e identidade em torno de um conjunto de definiçÔes, ou sem uma ponderação passada com vista ao futuro. Da mesma forma que nĂŁo se geram vĂnculos sem pontos de igualdade e desigualdade sem se fixarem margens de interacção interiores e exteriores, numa conexĂŁo dotada de sentido de acçÔes que se referem umas Ă s outras, e que sĂŁo delimitĂĄveis no confronto com um ambiente. O crescimento dos mesmos sistemas observou-se recentemente, quando milhares de pessoas iniciaram o processo migratĂłrio para as cidades com a perspectiva de um padrĂŁo de vida mais elevado. O que Ă© que acontece quando a população ultrapassa a resposta das infra-estruturas que compreendem a cidade? O que acontece quando a cidade deixa de responder aos estĂmulos do sistema? A segunda parte da tese inicia com o capĂtulo âDa cidade ao serâ, introduz as interacçÔes dos sistemas entre eles e o meio que os rodeia. E a forma como essas interacçÔes actuam em cada um deles, seja o meio seja o objecto. O sistema provoca sempre um efeito-reacção, basta existir quebra num dos elementos para gerar fragmentação nessa estrutura e indirectamente no sistema. Uma observação cuidada dos sistemas na actualidade revela que muitos deles que mantinham uma malha com sucesso, tĂȘm vindo a sofrer danos gerados pelo meio exterior ao mesmo, ou gerados por seres existentes no interior do mesmo. Por sua vez, quanto maior Ă© o sistema mais danos estruturais se observam. Como controlar essa fragmentação? O que a gera? O porquĂȘ desses danos pode ser explicado por padrĂ”es de interacção normal, ou seja, as cidades grande compreendem mais pessoas, mais formas de pensar mais culturas, mais passados diferentes em busca de futuros diferentes. Como responder positivamente a todas as expectativas? Por onde devemos começar a observar esses danos estruturais e a subsequente fragmentação? AtravĂ©s daquilo que os prĂłprios sistemas criam, como as suas edificaçÔes? Como diz Aldo Van Eyck, a casa deve ser como uma cidade ou nĂŁo serĂĄ uma casa, da mesma forma que uma cidade deve ser como uma grande casa ou nĂŁo Ă© uma verdadeira cidade. Desta forma nada explĂcita melhor a existĂȘncia de um sistema no espaço que um aglomerado habitacional. Desta forma simples de criação de aglomerados, aliada Ă convergĂȘncia de pontos de igualdade ou desigualdade entre seres, nascem os povoados, as aldeias, as vilas, as cidades, as metrĂłpoles. E estas sĂŁo, sem dĂșvida, o espelho e o espaço de recolha de todos os sistemas. Se hĂĄ uma ruptura no sistema gerador do espaço, nĂŁo estaremos a afectar o espaço? E por sua vez, um espaço mal gerado nĂŁo afectarĂĄ o sistema? Com o passar do tempo, o Arquitecto afastou-se de algumas doutrinas, alguns decidiram criar arquitectura por arquitectura. Parafraseando IgnasĂ Sola-Morales, a arquitectura Ă© consubstancial Ă cidade, estĂĄ fora de dĂșvida. Que a cidade seja sĂł uma Arquitectura pode ser uma afirmação muito mais problemĂĄtica. A hipĂłtese sobre a qual queremos trabalhar Ă© algo mais modesta que o acerto de LeĂłn Battista Alberti, para quem a cidade nĂŁo era outra coisa mais que uma grande arquitectura e para quem cada arquitectura podia entender-se como una pequena cidade. Nos nossos dias, toda a problemĂĄtica da ecologia, do impacto de factores como a insegurança, segundo alguns resulta do crescimento desregulado da cidade, devemos voltar Ă s origens e procurar novas respostas? Neste ponto serĂĄ pertinente dar o exemplo de um sistema no qual a interacção entre objecto sistema se torna perfeito, o caso das colĂłnias de formigas e o seu formigueiro capazes de criar uma sociedade, construir as suas cidades, e manter a sua malha ou estrutura que a denomina como sistema coeso ao longo do seu perĂodo de duração. Daqui sobressalta outra questĂŁo, porque Ă© que seres irracionais vivem em harmonia com o todo e a nossa sociedade nĂŁo? Em que ponto Ă© que elas sĂŁo bem-sucedidas criando espaços generalistas com respostas que actuam individualmente e a nĂvel geral se superam e se mantĂȘm, e o ser humano nĂŁo? Compreender o impacto da ideia dos sistemas na cidade e da cidade nos sistemas torna-se uma tarefa necessĂĄria e importante. Como dizia Lewis Tomas, âa cidade Ă© a maior concentração possĂvel de seres humanos, na qual todos exercem tanta influĂȘncia na mesma como a influĂȘncia que sĂŁo capazes de suportarâ. Por isso, talvez se deva estudar os sistemas que nascem a uma velocidade vertiginosa Ă frente dos nossos olhos, a associação interespecĂfica que compreende a relação cidade â sistema, e o papel do arquitecto como planeador de espaços, responsĂĄvel por dar uma resposta cada vez mais rĂĄpida para a resolução de problemas urbanĂsticos. Como pode um arquitecto passar a criar espaços para mais e diferentes pessoas, responder a diferentes gostos? Seguindo a linha de raciocĂnio de Aldo Van Eyck, talvez a resposta ao problema esteja na nossa âcasaâ, espaço infinito, mas Ăntimo que reflecte um pouco de cada um de nĂłs, as nossas vivĂȘncias, a nossa educação, a nossa cultura. E tal como diferentes culturas geram diferentes sistemas directamente, diferentes âcasasâ formam uma cidade. Esta funciona segundo uma associação interespecĂfica com o sistema. Qualquer acontecimento adjacente a um dos ramos implica danos no ramo contrĂĄrio. Uma fragmentação no sistema produz uma fragmentação na cidade, um crescimento no sistema produz crescimento na cidade, uma mudança na cidade produz uma mudança no sistema. Desta forma, o Arquitecto vai ter um papel importante nĂŁo sĂł na forma como actua na criação de espaços, mas indirectamente, na criação, na uniĂŁo, e perpetuação de um sistema. A questĂŁo focal aqui serĂĄ entĂŁo a seguinte: qual o impacto do Arquitecto e o seu peso na sociedade? E a constatação do facto que a arte de projectar nĂŁo assenta na actualidade apenas em si mesma, mas na uniĂŁo de diferentes ciĂȘncias, como um sistema. | |
| dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10400.6/2229 | |
| dc.language.iso | por | por |
| dc.subject | Arquitecto - Cidade - Sociedade | por |
| dc.subject | Arquitecto - Cidade - Espaço | por |
| dc.subject | Arquitecto - Cidade - Lugar | |
| dc.subject | Arquitecto - Cidade - Urbanismo | |
| dc.title | A cidade como sistema: o papel do arquitecto | por |
| dc.type | master thesis | |
| dspace.entity.type | Publication | |
| rcaap.rights | openAccess | por |
| rcaap.type | masterThesis | por |
| thesis.degree.discipline | Arquitetura | por |
| thesis.degree.level | Mestre | por |
| thesis.degree.name | Dissertação apresentada à Universidade da Beira Interior para a obtenção do grau de mestre em Arquitectura | por |
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