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- Transplante de Microbiota FecalPublication . Costa, Jennifer Fontebasso; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro de; Maio, António Gonçalves Candeias da GuerraO trato gastrointestinal humano é colonizado por numerosas espécies de bactérias (a microbiota) que têm como função auxiliar a digestão, assistir na disponibilização de nutrientes, facilitar a maturação do epitélio do cólon e proteger de patógenos oportunistas. Fatores ambientais como a dieta, os probióticos, vírus e fármacos (principalmente os antibióticos) podem alterar esta composição, levando à disbiose, situação na qual as bactérias comensais não conseguem controlar as patogénicas. Esse desequilíbrio faz parte do processo patogénico de diversas doenças intestinais, como a síndrome do intestino irritável, doença celíaca e doença inflamatória intestinal. Estudos recentes revelaram que também têm influência em patologias extraintestinais como a obesidade, a síndrome metabólica e cardiovascular, a alergia, a asma, doenças neuropsiquiátricas como o autismo e o mal de Parkinson, e até no processo de envelhecimento. Atualmente, muitas pesquisas e estratégias terapêuticas estão focadas na compreensão da patogénese e na restauração do balanço do ecossistema intestinal. Uma destas estratégias é o transplante de microbiota fecal, procedimento que muda diretamente a microbiota intestinal, com o objetivo de normalizar a sua composição com consequente benefício terapêutico. Apesar de existirem relatos do uso desta técnica no século IV, só em 2013 foi elaborado um estudo randomizado que provou que o transplante fecal era mais eficaz que o uso de antibióticos em algumas doenças. Recentemente, esta técnica foi aprovada para o tratamento de infeções recorrentes e refratárias por Clostridioides difficile, com taxas de cura na ordem dos 90 por cento. Esta revisão sistemática tem como objetivo reunir as novas informações sobre o transplante de microbiota fecal, sistematizar as técnicas existentes, os métodos, riscos e benefícios associados, a sua aplicabilidade e sucesso terapêutico. Para isso fez-se uma pesquisa bibliográfica com recurso a banco de dados da plataforma PubMed, bem como a literatura técnica que se considere relevante.
- Barriers to Access to Care EvaluationPublication . Dionísio, Rita Ferreira; Simões, José Augusto Rodrigues; Caetano, Inês Rosendo Carvalho e SilvaIntroduction: Despite the rising prevalence of mental illness, studies show that there is a delay in the access to mental health care. This delay can be due to many factors that have been studied. The aim of this study is to validate an instrument in Portugal that identifies the main barriers to seeking mental healthcare in patients with a mental illness so that it is possible to find strategies to overcome them. Methods: A translated version of Barriers to Access to Care Evaluation (BACE-3) was included in a survey that was filled in by patients with mental illness attending appointments in primary and specialized care. Other scales were included, such as Illness and Help-Seeking Behavior Scale (IHSBS), an adaptation of the 36-Item Short-Form Health Survey (SF-SP) and the Stigma Scale (SS). Results: The sample consisted of 202 participants. We obtained a Cronbach’s a of 0.95 both for all the BACE-3 items and the treatment stigma subscale. BACE-3 and its subscales presented a significant positive correlation with the SS with correlation coefficients of 0.57 (p < 0.001), 0.66 (p < 0.001) and 0.42 (p < 0.001), respectively. A negative significant correlation was found between the physical health component of SFSP scale, and the BACE-3 scale (rs = -0.23, p = 0.006), the stigma-related (rs = -0.16, p = 0.043), and the non-stigma related items (rs = -0.26, p = 0.001). Regarding the psychological health component of the SF-SP scale, a significant negative correlation was found, with BACE-3 (rs = -0.22, p = 0.009) and with stigma-related items (rs = -0.21, p = 0.009). Discussion: The scale being studied showed good validity. However, due to the small sample size, further studies will be needed to do a test-retest evaluation. Conclusion: The European Portuguese version of BACE-3 scale effectively evaluates the main barriers to access to mental healthcare in people with mental illness.
- Perceção das utentes do CHUCB sobre o autoexame da mamaPublication . Pinheiro, Soraia Filipa Martins; Moutinho, José Alberto FonsecaDe acordo com a organização mundial de saúde (OMS), em 2018, o cancro foi a segunda principal causa de morte no mundo, destacando-se o cancro da mama, o mais comum entre o sexo feminino, nomeadamente em Portugal. Apesar de o autoexame da mama (AEM) ser considerado uma estratégia preventiva secundária, não existem estudos que confirmem a eficácia do mesmo. Esta investigação tem os seguintes objetivos: (i) descrever fatores sociodemográficos e relacioná-los com a perceção (conhecimento, atitude e prática) do AEM; (ii) descrever os fatores de risco do cancro da mama e relacioná-los com a realização do AEM e (iii) avaliar o conhecimento, atitudes e frequência em relação ao AEM e relacioná-los com a qualidade da prática do mesmo. Os dados foram recolhidos através de questionário original, aplicado entre janeiro e outubro de 2019. A amostra, de conveniência, de carácter semi-aleatório, é constituída por 100 mulheres (35-60 anos), utentes do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB). A idade média das mulheres inquiridas foi de 47,51 ± 9,22 anos e 76,8% possuem companheiro. A análise estatística foi de natureza descritiva e comparativa (Teste quiquadrado). Das variáveis consideradas destacam-se a atividade física (p=0,031), pois influência positivamente e de forma significativa a qualidade do AEM; o conhecimento genético (p=0,000); a atitude das mulheres (p=0,007) face ao AEM e a sua frequência (p=0,035), pois nas mulheres com atitude positiva e que realizam o AEM mensalmente, a qualidade do exame do AEM é superior. As evidências emergentes deste estudo reforçam a hipótese de que a ineficácia do AEM na redução da mortalidade possa estar associada à “baixa” qualidade na execução do mesmo. Para além disso, foi observado que muitas mulheres inquiridas não possuem uma boa perceção do AEM, pois apesar do conhecimento (awareness) ser comum entre as mulheres, a atitude e a prática ficaram aquém do desejável.
- Microquimerismo Fetal e Saúde da MulherPublication . Afonso, Ana Rita Martins; Moutinho, José Alberto FonsecaIntrodução: O microquimerismo é caracterizado pela presença de células de um indivíduo num outro geneticamente diferente. Na mulher, a gravidez é a principal causa de microquimerismo natural pelo fluxo bidirecional existente entre mãe e feto. O papel biológico deste fenómeno é intrigante e desafiador, particularmente no impacto que tem na saúde da mulher, uma vez que poderá estar associado à reparação tecidual, assim como na génese e proteção para determinadas patologias. Objetivos: Pretendeu-se efetuar uma revisão da evidência científica atual no que diz respeito às implicações que o microquimerismo fetal pode ter na saúde da mulher, nomeadamente quanto à reparação tecidual, às doenças auto-imunes e cancro. Metodologia: Foi realizada pesquisa bibliográfica e revisão de literatura científica recorrendo principalmente às plataformas PubMed, Cochrane e UpToDate. Resultados: O microquimerismo fetal melhora a reparação tecidual, pelo que a mulher beneficia com a transferência desse material genético. No entanto, no que toca às doenças auto-imunes e ao cancro, os seus efeitos não foram convergentes. Relativamente às doenças auto-imunes, durante a gravidez, verificou-se que o microquimerismo fetal parece melhorar a sintomatologia e promove o seu agravamento no período pós-parto, assim como a sua exacerbação. Também o microquimerismo fetal tem sido associado ao aparecimento de novas patologias auto-imunes. No que diz respeito ao cancro da mama, o efeito protetor é evidente, contrariamente ao cancro do colo do útero. Conclusão: a evidência científica atual sugere que o microquimerismo fetal afeta a saúde da mulher, no entanto, ainda estão por esclarecer muitas das suas implicações, pelo que é necessária mais investigação na área.
- Conhecimento da população da Covilhã sobre Suporte Básico de Vida na Paragem CardiorrespiratóriaPublication . Sousa, Ana Sofia Seixas de; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro de; Sá, Juliana Marília Pereira deIntrodução: A Paragem Cardiorrespiratória fora de ambiente hospitalar é um acontecimento frequente, tornando essencial a atuação de quem a testemunha. Revelase, portanto, necessário aferir os conhecimentos da população sobre Suporte Básico de Vida para que sejam tomadas as medidas adequadas para a capacitação da população. Objetivos: Avaliar o conhecimento teórico da população da Covilhã relativo à atuação numa situação de paragem cardiorrespiratória e determinar a sua conexão com a participação em formações de Suporte Básico de Vida e os fatores sociodemográficos. Materiais e Métodos: Estudo observacional transversal, com participação de 455 adultos residentes no concelho da Covilhã, através do preenchimento de um questionário com nove perguntas de escolha múltipla. Resultados: A maioria das pessoas inquiridas (56%) nunca participou em formações de Primeiros Socorros ou de Suporte Básico de Vida. Nenhum participante respondeu corretamente a todas as perguntas e 93 participantes (20,4%) não acertaram em nenhuma pergunta do questionário. Apenas 11% dos inquiridos respondeu corretamente a mais de metade do questionário. A média do número de respostas corretas foi 2,16 respostas, num total de 9 perguntas. Os participantes sem formação em Suporte Básico de Vida não acertaram em mais do que 5 perguntas por questionário. As pessoas com mais de 60 anos, reformados e com menor nível de escolaridade foram os que apresentaram menor taxa de formação prévia em Suporte Básico de Vida e menor conhecimento. Ter formação em Suporte Básico de Vida estava associado a um maior número de respostas corretas no questionário (p<0,001). Contudo, a mediana do número de respostas corretas das pessoas com formação prévia foi apenas 3 respostas corretas, e a mediana nos indivíduos sem formação foi 1 resposta correta. Os inquiridos com formação há mais de 10 anos apresentaram menor conhecimento teórico acerca do protocolo de atuação numa situação de paragem cardiorrespiratória, em comparação com aqueles com formação há menos de 10 anos. Somente 17,3% dos indivíduos reconheceu a respiração anormal como forma de apresentação da paragem cardiorrespiratória, sendo que este reconhecimento não se relacionou com a realização de formação prévia. Conclusão: Através da análise dos questionários obtidos, conclui-se que o conhecimento dos padrões de tratamento em Suporte Básico de Vida num grupo de adultos residentes no concelho da Covilhã é escasso, com uma média de 2 respostas corretas nas 9 perguntas de conhecimento teórico. Apesar de o conhecimento ser maior nas pessoas com formação em Suporte Básico de Vida, o número mediano de respostas corretas dos inquiridos com formação não alcançou a metade das perguntas do questionário. Torna-se imperativo sensibilizar a população para o reconhecimento e atuação precoce numa paragem cardiorrespiratória. Recomenda-se a recertificação dos cursos de formação para Suporte Básico de Vida de forma a consolidar as competências.
- Hiperplasia de Células de TokerPublication . Ramos, Rui António Costa; Moutinho, José Alberto FonsecaAs células de Toker são células epiteliais localizadas na camada basal da epiderme do mamilo de prevalência rara, estimada em cerca de dez por cento. Mais raramente, estas células são encontradas em número aumentado, fenómeno conhecido como hiperplasia de células de Toker. A presença de células de Toker na mama é uma ocorrência natural, benigna e que geralmente não condiciona alterações cutâneas do complexo areolo-mamilar nem se associa a achados clínicos significativos. Os casos publicados na literatura sobre a hiperplasia de células de Toker na mama são escassos. Alguns autores relatam esta entidade no contexto de Doença de Paget mamária, Doença de Paget extramamária, Disqueratose Pagetóide e Papulose de Células claras, sendo interpretada como um achado incidental na biópsia de pele dessas condições. Apresenta-se um caso confirmado de hiperplasia de células de Toker mamilar, com pelo menos 17 anos de evolução, com lesão cutânea associada e sem patologia mamária subjacente, ocorrido no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira. Enfatiza-se a necessidade de incluir esta rara entidade no diagnóstico diferencial das lesões eczematosas do mamilo.
- A Epigenética na CarcinogénesePublication . Ferreira, Gabriel Gonçalves de Carvalho; Moutinho, José Alberto FonsecaCom os avanços na compreensão da forma como os mecanismos epigenéticos regulam diversos processos celulares, tem-se percebido também que a epigenética, particularmente a metilação do DNA, as modificações das histonas e o RNA não codificante, tem um papel preponderante na formação e desenvolvimento de tumores. Como tal, focando no cancro da próstata e no cancro da mama, este trabalho pretende compreender de que forma a epigenética contribui para a formação de tumores malignos e como esse conhecimento tem contribuído para avanços na abordagem à doença, fazendo, para isso, uma revisão da literatura existente sobre o tema. No cancro da próstata, a suspeita inicial é feita através do toque retal ou da medição dos níveis de PSA, o que permite fazer um diagnóstico precoce, mas com o problema de uma baixa especificidade. Visto que existem alterações epigenéticas desde o início da doença, essas alterações têm sido usadas para o desenvolvimento de novas ferramentas de diagnóstico que consigam prever com mais certeza o comportamento que o tumor terá, havendo resultados promissores. Além disso, contribuiu também com a descoberta de novos alvos terapêuticos, embora ainda haja um longo caminho. No cancro da mama, também a nível do diagnóstico e da avaliação do prognóstico tem havido avanços, com muitos métodos baseados em alterações epigenéticas a conseguirem diferenciar entre os diferentes tipos e a conseguirem uma boa estratificação do risco. A nível da terapêutica, embora a falta de especificidade e o excesso de toxicidade sejam um problema, existem resultados promissores, nomeadamente no que toca a sinergias entre drogas epigenéticas e quimioterapia convencional. Apesar de todas as dificuldades que ainda existem, não há dúvida que o desenvolvimento dos conhecimentos sobre o epigenoma farão parte do futuro da abordagem ao cancro.