FAL - DL | Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento
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- A historicidade em A Selva de Ferreira de CastroPublication . Sivi, João Filipe; Pereira, António dos SantosO presente trabalho faz uma leitura do romance A Selva, da autoria do escritor português Ferreira de Castro (1898-1974), na perspetiva histórica em alusão à obra sob receção em contexto angolano. Ferreira de Castro é um dos mais reconhecidos romancistas portugueses do século XX. A Selva, de igual modo às anteriores obras de Ferreira de Castro, é um livro com enorme qualidade literária na atualidade, dada a dimensão geográfica, sociológica do seu autor e de suas obras. Este trabalho pretende analisar a obra e observar a sua receção no contexto angolano. Nesse contexto, o grupo-alvo, numa primeira instância, os estudantes do terceiro ano de especialidade Linguística/Português, afetos à Universidade Katyavala Bwila, conhecem a obra e o seu autor pelo facto do romance ter merecido uma receção internacional e estar traduzido em mais de quinze línguas. Toda a obra de Ferreira de Castro constitui um importante documento social e um espelho da realidade da vida contemporânea; a narrativa mostra ao mundo a intensa dramaticidade e o quotidiano de vidas injustiçadas. Por outro lado, face ao panorama cultural do país, qualquer ideia, identificada com a literatura portuguesa do século XX, não pode ignorar Ferreira de Castro. Dos quarenta e um alunos do terceiro ano, grupo-alvo do nosso estudo, nove conhecem o autor e já leram as obras, fazendo uma percentagem de 22% em relação aos trinta e dois inquiridos, que afirmam o contrário com uma percentagem de 78%. Para os que conhecem o autor, os romances mais lidos são: A Selva (1930); A Missão (1954); O Voo das trevas (1927) e Emigrantes (1928). Este último é uma espécie de introdução a uma melhor compreensão de A Selva, constituiu um grande sucesso de Ferreira de Castro e permitiu colocá-lo na galeria dos escritores portugueses de referência do século XX. Os alunos compreenderam que Ferreira de Castro aborda, naquela emigração para o Brasil, Manuel da Bouça, um iletrado, que pretende melhorar a sua situação familiar. Nesta obra, o autor mostra-nos uma povoação perdida de Portugal, onde a luta diária pela sobrevivência é enorme, mas de uma forma humilde e honrada. Através dele, os alunos obtiveram uma visão de como era Portugal nos primórdios do século XX. Para estes, a obra testada, A Selva, é uma construção reveladora de uma extraordinária sensibilidade e humanismo. Embora a história não seja contada na primeira pessoa, reflete inteiramente o sofrimento de um homem e a experiência vivida pelo autor, no interior da selva amazónica, quando era ainda muito jovem. O conhecimento da barbaridade daquela realidade levou o autor a transpor para a sua obra a dor e o sofrimento humanos, sobretudo dos mais miseráveis no ambiente amazónico, pondo em destaque o jovem Alberto como o personagem do romance acima focado. Nesse contexto, propomos ao programa de Literatura Portuguesa (em anexo), a leitura das principais obras de Ferreira de Castro: Emigrantes (1928), A Selva (1930) e A Lã e a Neve (1947); não só às de Ferreira de Castro, bem como as de outros autores que achámos pertinentes de serem inseridas no programa curricular de Literatura Portuguesa com destaque nas principais obras do autor como forma de exercitarem e aprofundarem os conhecimentos em Literatura portuguesa contemporânea, bem como a compreensão da natureza de um romance, estabelecendo conexões entre eles e apreciando o significado das influências sociais e históricas sobre a escrita e o leitor. Por fim, a dissertação questiona até que ponto o romance A Selva é considerado um clássico da literatura portuguesa contemporânea e aborda a sua receção em contexto angolano.