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Advisor(s)
Abstract(s)
Durante décadas, a monitorização e acompanhamento
do consumo mediático dos jovens foi relativamente
fácil: a oferta mediática resumia-se aos três
meios tradicionais, caracterizados por emissões unidirecionais
centralizadas, distribuição geográfica limitada e
um consumo tipicamente grupal. Com a emergência da
Internet, o ecossistema mudou completamente: a emissão
tornou-se bidirecional, global e tendencialmente
incontrolável e o consumo passou a ser individual, tornando
o sistema ainda mais complexo. Esta mudança
acentuou-se com o desenvolvimento e expansão dos telemóveis
e não parece querer parar, tal é a rapidez com
que surgem novas tecnologias, que obrigam a pensar em novas linguagens, em novos conteúdos, em diferentes
formas e possibilidades de consumo.
É neste contexto que as novas gerações têm crescido
e continuam a crescer, num sistema em que meios
tradicionais e novos media se misturam numa esfera
de consumo multimediática, em que a omnipresença se
tornou uma das características mais importantes, permitindo
que os jovens estejam sempre ligados e em contacto
permanente (Boyd, 2007; Clark, 2005), em que
as próprias relações são influenciadas pelos meios de
comunicação, ao ponto de estes os considerarem como
extensões deles próprios, como elementos sem os quais
não saberiam como desempenhar o seu papel na actual
sociedade (Ling, 2008).
O consumo mediático e a forma como os indivíduos,
sobretudo os mais jovens, se relacionam com os meios
conheceu, portanto, mudanças significativas que importa
conhecer. É fundamental identificar o padrão de
consumo das novas gerações porque só desta forma é
possível trabalhar no sentido de evitar conflitos intergeracionais,
decorrentes de níveis de conhecimento tão
díspares, e assim minimizar o que se convencionou chamar
de “generation gap”.
O presente estudo surge assim no seguimento de uma
corrente de investigação que tem procurado analisar a
diferença entre os hábitos de consumo mediático das
diferentes gerações, procurando perceber até que ponto
estes não podem representar uma fonte de tensão
na vida familiar (Livingsonte & Helsper, 2007), uma
vez que marcadas por culturas mediáticas diferentes,
também as influências ao nível dos valores privados,
das atitudes em relação aos media, e sobretudo quanto
aos conceitos e práticas de educação, são distintas. É
portanto numa perspectiva de esclarecer os diferentes
comportamentos e atitudes entre gerações que se optou
neste trabalho por analisar resultados de inquérito tos sobre a dieta mediática dos adolescentes e, posteriormente,
realizar um questionário, junto de gerações
de pais e filhos portugueses, procurando desta forma
identificar padrões de consumo mediático e ao mesmo
tempo desenvolver uma análise comparativa no sentido
de perceber como diferentes gerações constroem as suas
visões do mundo e percepcionam o seu próprio papel
na sociedade.
Foram assim inquiridos 458 jovens e 92 pais e recolhidas
informações sobre os meios que consideram mais
importantes, o tempo que lhes dedicam, os conteúdos a
que procuram ter acesso. Analisou-se ainda, numa lógica
evolutiva, se os meios preferidos de jovens e pais mudaram,
se as redes sociais já fazem parte dos hábitos de
consumo de toda a família, quais as actividades que são
desenvolvidas nesses sites, de que forma estas afectam
o relacionamento face-a-face. Foram estas as questões
que guiaram a investigação e que ajudaram a perceber
que as diferenças entre os universos mediáticos de pais
e filhos tendem a acentuar-se.
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Keywords
Citation
Canavilhas, João; Morais, Ricardo . Os meios de comunicação e o fosso geracional: estudo de caso com estudantes do ensino secundário e seus pais, In Parámetros actuales de evaluación para la comunicación persuasiva. 105-126, ISBN: 978-84-15965-98-5. Madrid: Vision Libros, 2014.
Publisher
Vision Libros