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Abstract(s)
São múltiplas e heterogéneas as formas de oferecer a outrem o recomeço de um ciclo, o desate de um nó ou a saída de um impasse. Nesse sentido, um gesto de condescendência, uma alforria, um indulto, uma amnistia, um acto de clemência, representam quanto a isso exemplos concretos que abrangem todos os domínios da vivência jurídico-administrativa, social e política de uma comunidade humana, desde o benefício de um perdão fiscal, até à reestruturação de uma dívida soberana. Em todos persiste um denominador comum: o intuito não é apagar para esquecer, mas reorganizar para avançar. A misericórdia instala-se num limiar que em parte prolonga essa lógica de recomeço, mas cujas raízes mergulham ontologicamente mais fundo. Ser misericordioso significa, numa primeira aclaração de sentido, passar pelo outro olhando para ele, e, se para além disso for capaz de olhar por ele, permitir que o outro passe por mim, ou melhor através de mim. Neste sentido empático e compassivo, o outro deixa de estar apenas à mercê do acicate impulsivo da pena ou da comiseração (após o que tudo fica na mesma), mas antes sob o mote de uma provocação que me coloca questões e em face do qual me coloco em questão, se o souber ler na carne viva dos seus impasses situacionais.
Description
Keywords
Filoofia da Religião Espiritualidade cristã Cultura e Sentido Vida Consagrada Ética da vulnerabilidade Hermenêutica bíblica Misericórida Responsabilidade social Doutrina Social da Igreja Personalismo
Pedagogical Context
Citation
Amaral, António (2018). As fisionomias sociais e culturais da misericórdia. Da parábola religiosa à provocação filosófica. In: CULTUM. Excursos de Hermenêutica, Política e Religião. Covilhã: Editora LabCom.IFP, 439-463
Publisher
Editora LabCom.IFP
