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Browsing ICI - LabCom. IFP | Documentos por Auto-Depósito by Author "Amaral, António"
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- O “a-fazer” da verdade como desafio ético em AristótelesPublication . Amaral, AntónioNo campo humano do prático [τὸ πρακτόν], não se trata apenas de “aprender a fazer uma acção”, mas também de que aprendemos fazendo [ποιοῦντες μανθάνομεν], no suposto de que o fazer [τò ποιεῖν] constitui a mediação privilegiada pela qual e na qual o agir [τò πράττειν] atesta e manifesta por si mesmo uma narrativa prévia e refractária a qualquer discurso sobre isso. Desde a emergência individual da disposição ética até à manufactura comum da decisão política, Aristóteles revela em que medida o agir diz-me naquilo que faço e me faço…
- A-teísmo, anti-teísmo e hiper-teísmo: antecedentes gregos na trilogia “Apolo-Orfeu-Dioniso”Publication . Amaral, AntónioQuando falamos de «religião» no contexto da cultura grega, importa precaver-nos de indesejáveis contaminações interpretativas. Desde logo, aquilo que o homem grego pressente e assume experienciadamente como crença religiosa não coincide exactamente com aquela ideia de fides que, a partir do influxo cristão da cultura medieval, se sedimentou lexicalmente como fé. Apesar de tudo, ou talvez por isso mesmo, não há, na cultura grega, fenómenos que possamos apodar de anti-religiosos. Poderá haver, e há sem dúvida, formas de mimese, transferência e substituição de procedimentos religiosos por sucedâneos mais ou menos plausíveis e convincentes. Poderá também haver, e há, um espectro matizado de atitudes aparentemente desfiguradoras do religioso, desde o mais ostensivo e interesseiro pragmatismo até à mais oportunista superstição. Desta feita, credulidade e incredulidade, fascínio e temor, respeito escrupuloso pelos deuses e livre iniciativa não apenas para deles dispor, mas também para os satirizar e caricaturar, para os miniaturizar e aprisionar no arriscado jogo de espelhos dos interesses humanos, não anulam mas amplificam o horizonte grego da experiência religiosa.
- Antero e a filosofia como vertigemPublication . Amaral, AntónioNo seu adensamento catabático, descensional, a experiência anteriana da vertigem repercute simetricamente a intensi
- Considerações sobre a Europa. Realizar o passado, agindo no presente, “a-fazer” como futuroPublication . Amaral, AntónioDesde que, graças à dinâmica globalista dos descobrimentos, a Europa se viu desafiada a rever-se nos “outros”, o gesto metafísico subjacente à tarefa quase sisífica de procurar para si mesma um nome que lhe destine algo a “fazer”, paradoxalmente já está “aí” oferecido como horizonte de todas as realizações possíveis. Apesar dos múltiplos nexos que se entrelaçam num ecossistema de estados soberanos capazes de interagir em vista da prossecução de interesses comuns, a Europa não se cristaliza numa essência, não se reduz a um somatório de partes, não se esgota numa totalidade funcional. Deixemos, por isso, de lado a Europa dos mapas e dos gabinetes. Não é propriamente o sentido geográfico e burocrático que nos preocupa agora. aquilo que a Europa «deve» ou «há-de--ser», releva do parentesco interior de um “ter-que-se-fazer” que integra as multiformes e plurívocas idiossincrasias culturais na “universalidade concreta” de um “estar-em-casa” – afinal, a nossa casa comum europeia…
- O cuidado “con-sentido” e (con)sagrado da vidaPublication . Amaral, AntónioOnde seria suposto tudo convergir para um nivelamento excludente da diferença e para um anulamento do carácter imprevisível – e, por isso mesmo, indomesticável – da manifestação da alteridade, é precisamente aí que a arte de cuidar da vida do vivente se converte em desígnio ético: desvelo, benevolência e solitude, eis o que se espera em face da “in- -esperada” imprevisibilidade e da “in-quietante” vulnerabilidade do outro.
- Cultura e horizonte de sentido. Reflexões (in)conclusivas a propósito de H.-G. GadamerPublication . Amaral, AntónioPara Hans-Georg Gadamer a Filoso8a concretiza-se e autodetermina-se como construção viva do lógos. Viva, não frenética ou pavoneante – nascida, portanto, do espanto e da admiração; amadurecida, para além disso, numa tradição cultural europeia que ousa questionar e sondar criticamente os seus fundamentos e possibilidades; exercitada, enfim, numa vontade de realização poiética e prática do sentido. A hermenêutica gadameriana atesta, por isso mesmo, que a Filosofia não instala a sua clareira vital em montras ou em vitrines: em bom rigor a sua circunspecta condição aproxima-se muito mais da vocação artesanal da tecedeira do que propriamente da pose estudada da vedeta ou da manequim. Não dá nas vistas, dá a ver; não dá pensamentos, dá que pensar. Não outorga competências, estatutos e funções, apenas propicia o exercício de uma discreta e paciente transformação.
- D. António Ferreira Gomes e o pensamento social cristãoPublication . Amaral, António; Henriques, MendoSem uma dimensão profética, a interpretação do pensamento que nutre o magistério episcopal de D. António Ferreira Gomes ficaria condenada a ser feita à luz do que no presente convém justificar ou legitimar, precisamente ao contrário do que se pretende: ser lidos por ele, deixando-nos provocar pelo que ele desenha para o futuro. Por todas as razões, importa não usar a figura de D. António como pretexto de um optimismo ingénuo e deslocado nos tempos actuais. A sociedade portuguesa levou a cabo uma decisiva transição para a democracia. Mas a democracia ficaria defraudada sem a vigilância de quem sabe que esse regime é por definição, uma tarefa incumprida. É a própria estabilidade das instituições políticas que exige uma permanente renovação da vida democrática – quer na política, quer na sociedade civil. Abusando das palavras do poeta, falta cumprir a democracia em Portugal, e é neste contexto que adquire relevo histórico e societário a intrépida acção eclesial do Bispo do Porto.
- Da (im)pertinente diferenciação entre ética e moral na filosofia prática de AristótelesPublication . Amaral, AntónioLonge de inibir uma configuração deontológica da acção, a filosofia prática de Aristóteles exige acima de tudo uma vinculação aretiológica entre «aquilo-em-vista-do-qual-se-age» [τὸ οὗ ἕνεκα] e «o-que-deve-ser-feito» [τὸ δέον] . Sem tal conexão, não se compreende em que medida a modelação decisionária da escolha premeditada [προαίρεσις] e da deliberação [βούλευσις] passa por articular o alvo finalístico do caso particular e contingente sem perder o horizonte deôntico da norma universal e necessária. A tese que procuraremos sustentar consiste em mostrar até que ponto a bifurcação que Ricoeur aponta entre o ethos grego e o mores latino para a convergente do campo dos costumes já se encontra antecipada no interior de uma clivagem semântica entre éthos [ἔθος - hábito] e êthos [ἦθος - carácter] cujo impacto conceptual Aristóteles já pressente e tematiza no contexto da sua reflexão praxiológica , desafiando-nos a repensar a habitual e costumeira bissectriz entre teleologia aristotélica (centrada na realização eudemónica da virtude) e deontologia kantiana (fundada na formalização categórica do dever).
- Da beleza do discurso ao discurso da acção: as raízes gregas da oratória e da retóricaPublication . Amaral, AntónioGraças ao lógos, a filosofia grega não contém apenas, por conseguinte, o elemento racional com o qual, no qual e mediante o qual pensamos; ela propicia também o horizonte perceptivo no qual a presença de alguém ou de algo, a manifestação de um facto, a ocorrência de um acontecimento, disponibilizam o seu “eidos”, i.e. o seu “recorte”, o seu “contorno figurativo”, numa palavra a sua ”forma” ou “idéia”. A noção de “forma” oferece, por conseguinte, uma chave de leitura tão válida para captar o enlace místico entre a música e a matemática em ambiente pitagórico, quanto para entender a cumplicidade performativa entre a oratória e a retórica em contexto isocrático. Neste último caso, há, com efeito, muito para aprender dos Gregos: a demanda pela forma que permite ao espírito humano apreender os contornos tanto de uma teoria filosófica como de um estilo artístico, é a mesma que confere à oratória – e mais tarde à sua suprema transfiguração epistémica na retórica – um certo design cujo poder apelativo exerce sobre nós, ainda hoje, um eficaz e irresistível fascínio.
- Da Queda e Endividamento como figurações onto-éticas da culpabilidadePublication . Amaral, AntónioOscilando entre o clássico estigma de uma inocência perdida da unidade, e uma “ontoscopia” heideggeriana que lhe destina uma determinação fundamental do nosso modo de ser aquém da totalidade, a “ocidental” incidência da culpa desafia-nos a reconduzir a culpabilidade à sua matriz eminentemente filosófica, posto que só neste domínio é possível recuperar as anteriores e ulteriores significações dos dados que aí se manifestam. É certo que o indelével signo de um estar-em-culpa pode, em múltiplos domínios e em diversos graus, servir – e tem servido, de facto – de sombrio viés de manipulação e alienação social, política, económica, religiosa, etc. Todavia, em lugar do pessimismo ou cinismo que tal diagnóstico pode induzir, a culpabilidade deverá apresentar-se não tanto como momento (cronológico) de patética justificação de fobias, revoltas ou desesperos, mas antes como oportunidade (cairológica) de poiética realização dos infinitos sentidos da vida.